Alcançar os 100 anos de idade pode ser comparado com um recorde no esporte. Jean-Marie Faustine Goedefroid Havelange, ou simplesmente João Havelange, atinge esta “marca” hoje, mas não da forma planejada. Durante oito décadas Havelange teve a vida ligada ao esporte. Foi nadador e jogador de polo aquático. Esteve nas Olimpíadas de 36 e 52, sem grandes conquistas. As “vitórias” vieram somente como dirigente.
Foi presidente das federações de natação de São Paulo e do Rio, antes de comandar a Confederação Brasileira de Desportos (como se chamava a atual CBF). Depois de presidir a Fifa por 24 anos (1974 a 1998) e fazer parte do Comitê Executivo do Comitê Olímpico Internacional (COI) por 40 anos, Havelange acumulou relações com dirigentes de todas federações esportivas do mundo, que ajudaram na escolha do Brasil para ser sede da Copa 2014 e dos Jogos Rio 2016.
"Ele mudou o conceito do esporte, atraindo empresas, televisão e marketing", disse Carlos Arthur Nuzman, presidente do Comitê Olímpico do Brasil e seu discípulo. Com Havelange, a Fifa somou mais países afiliados do que a ONU. Ao mesmo tempo, é um dos dirigentes que estão sendo investigados pelos casos de corrupção na Fifa, que causaram o afastamento do presidente Joseph Blatter, secretário-geral em sua gestão.
A 89 dias da abertura da Olimpíada, Havelange está esquecido. Cartolas e empresários, parceiros de eventos espetaculares e que geraram fortunas, sumiram. Seu nome não é citado na Fifa, no COI e foi até retirado do estádio olímpico do Rio, substituído por Nilton Santos.
Como se vê uma vida intensa. Daí, talvez, o fato de o pai de Havelange, Faustine, ter se atrasado e perdido a viagem no Titanic.