Felipe Santana, zagueiro da Chapecoense, viveu uma noite histórica em 2013 ao marcar o gol da classificação do Borussia Dortmund sobre o Málaga nas quartas de final da Champions League. Em entrevista ao LANCE!, o defensor comentou sobre a emoção daquele momento e também analisou o confronto entre a equipe alemã e o Manchester City pela Liga dos Campeões da atual temporada.
Amargor
Os dois clubes se enfrentaram duas vezes na história e ambas na maior competição de futebol da Europa em 2012/2013. O Dortmund conseguiu uma vitória e um empate na fase de grupos; No entanto, o Manchester City chega como favorito para este duelo, embora o brasileiro veja a partida aberta.
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- Eu acredito que será um confronto de muita trocação. Da parte do City existem algumas rusgas, pois o Dortmund nunca perdeu para eles na Champions League e isso é um fator que pode pesar, mas cada jogo é um jogo. O Guardiola é um gênio e pode arrancar qualquer estratégia para acabar com a equipe alemã, que não vai contar com uma das suas maiores potências: a torcida.
A torcida do Dortmund, popularmente conhecida como Muralha Amarela, é tratada como uma das mais vibrantes no mundo do futebol. Santana acredita que o primeiro jogo, disputado na Inglaterra, pode ser decisivo, mas que a ausência dos fãs alemães no duelo de volta deve pesar contra o time aurinegro.
- Dependendo do primeiro resultado pode acontecer muita coisa. Nós estamos nos acostumando ao novo normal, mas não é a mesma sensação. Apesar de ouvir o hino da Champions e se motivar, simplesmente não é igual. O fato de você entrar e saber que você pode ser surpreendido por um mosaico nos deixava excitados. Mas os jogadores são experientes para saber driblar esse tipo de ausência.
Lewandowski x Haaland
O zagueiro brasileiro jogou com Lewandowski, atual melhor jogador do mundo e artilheiro do Bayern de Munique. O polonês está fora das partidas contra o Paris Saint-Germain por conta de uma lesão no joelho, porém o defensor contou quais eram as sensações em estar no dia a dia e nos duelos ao lado do camisa nove.
- O Lewa foi mais um dos atacantes especiais com quem joguei no Dortmund. Ele sempre foi uma pessoa fascinada por gols. Nas competições internas, ele não gostava de perder e tinha facilidade para jogar como nove ou dez e era muito efetivo. Era bom saber que a qualquer momento poderíamos fazer um gol e vencer a partida.
Apesar de não ter mais Lewandowski, o técnico Edin Terzic conta com Haaland no elenco, um dos maiores atacantes da sua geração e pretendido por grandes clubes do continente. Santana elogiou as características do norueguês e afirmou que o artilheiro pode ter um papel preponderante contra o Manchester City.
- O Haaland é um dos artilheiros da Champions League. É um jogador com características diferentes do Lewandowski. Ele é muito mais rápido. Apesar de não ser tão habilidoso, sabe o que faz. Ele cria o espaço para definir a sua maneira e isso é impressionante. O Haaland lembra o Thomas Muller e tem um poder de finalização brutal.
Como parar?
O Manchester City de Pep Guardiola faz uma temporada incrível até o momento e possui jogadores do primeiro escalão no elenco. Kevin de Bruyne é a grande estrela da companhia, mas Gundogan, que também jogou no Dortmund e sabe como é a filosofia da equipe alemã, também faz ótima temporada.
- A dificuldade vem de todos os lados. O De Bruyne consegue arranjar um passe de quantos metros quiser. Tem o Gundogan, que sabe jogar curto e vive um grande momento. O Sterling também é um dos destaques. Acho que será muito difícil para o Dortmund, pois o time de Guardiola terá mais posse de bola e isso vai fazer com que o Borussia sofra.
O fator campo também é tratado como decisivo para Felipe Santana, que acredita que o City pode ter vantagem por fazer o primeiro confronto em casa. Na Champions League, o clube só sofreu um único gol, além de também ter a melhor defesa da Premier League e marcar um gol fora de casa sempre é um fator que pode decidir nas competições mata-mata.
- Para mim, o jogo será resolvido nesta primeira partida e o Manchester City vai fazer de tudo para não sofrer nenhum gol e chegar em Dortmund com a vantagem. O fator campo na Liga dos Campeões é decisivo. Se o mandante sofrer gols no primeiro jogo é complicado demais, mas caso você não sofra gols, isso te deixa muito tranquilo.
O primeiro duelo entre as equipes será nesta terça-feira, no Etihad Stadium, enquanto a partida de volta no Signal Iduna Park está marcada para o dia 14 de abril. O Manchester City sonha com a conquista do seu primeiro troféu da Champions League, embora o Dortmund queira tentar repetir a história escrita pela geração de Felipe Santana e chegar em mais uma final.
Confira outros trechos da entrevista:
Emoção contra o Málaga: O Dortmund foi minha melhor faculdade. Não só pelo clube, mas pela cultura e tudo o que aprendi na Alemanha. Nossa equipe marcou história e foi um divisor de águas para o Borussia que vinha em uma crescente nacional e precisava se consolidar internacionalmente também. Cada jogo foi um complemento de tudo o que fizemos na fase de grupos. O duelo contra o Málaga foi a combustão que a gente precisava para a semifinal contra o Real Madrid. Foi inesquecível.
Experiência: O Reus e o Hummels são jogadores especiais, mas há também o Piszczek e o Schmelzer, que vão dar uma alavancada nos garotos no quesito técnico e psicológico. No Borussia há a experiência e juventude. O Dortmund tem muitos jogadores ofensivos talentosos, que precisam ser acendidos e o Reus pode fazer esse papel.
Final entre Bayern e Dortmund: Falar desse jogo é triste, mas foi resolvido no detalhe. Nós vemos que o detalhe foi que fizemos uma falta e não paramos na frente da bola, o que possibilitou o Boateng fazer um lançamento para frente e o resto é história.
Disparidade: O Bayern soube aproveitar esse período sem títulos, procurou rever alguns conceitos e contratar jogadores que estavam sendo sensações. Eles conseguiram desestruturar nossa equipe e o Dortmund perdeu muita força. Na Alemanha, todo time que ganha acaba sendo visto como um modelo. O Borussia não contratava atletas caros, mas jovens talentosos.
Favorito: O Paris Saint-Germain vem batendo na trave há algum tempo. O Bayern é o Bayern mesmo sem o Lewandowski e tem o Choupo-Moting, que jogou no PSG e tem a receita da equipe francesa. Os favoritos continuam sendo Real Madrid, que é um time copeiro, e Bayern. O resto é esperar para ver, pois a Champions League nos surpreende a cada torneio.