Sem ser muito conhecido no Brasil, o zagueiro Maurício vai fazendo o seu nome em Portugal. Esteve emprestado ao Porto pelo Portimonense, participou da primeira metade da temporada do time B que foi campeão da Segunda Divisão, recusou uma proposta do Dragão para ficar por três anos. Resolveu ir para o Marítimo. Hoje se valorizou, é o segundo zagueiro mais valioso do torneio (segundo ranking do jornal "A Bola") e líder da terceira melhor zaga da Liga, atrás apenas de Porto e Benfica. Isso tudo depois de quatro derrotas nas cinco primeiras rodadas e a demissão do técnico brasileiro PC Gusmão. Já foi até indicado ao Corinthians.
- Essa temporada tem sido muito boa, as coisas estão correndo bem, sou o único do time que jogou todos os jogos do campeonato, estamos atrás dos objetivos, lutamos pela Liga Europa, fiz gols importantes. A gente começou mal, conseguiu se reerguer. Estou muito feliz, é a minha melhor temporada em Portugal - disse Maurício, ao LANCE!, relembrando ainda o gol que fez em cima do Benfica, que garantiu a vitória ao clube:
- Foi uma sensação maravilhosa. A gente vinha de uma derrota pesada contra eles, time desacreditado, apesar de bem no campeonato, tinha sido atípíco, por levarmos seis, somos uma das melhores defesas. E fiz o gol da vitória, primeira derrota do Benfica no torneio, me deixou muito feliz, a gente batalhou bastante para conseguir aquela vitória contra o Benfica. Foi um dos gols mais importantes que eu fiz.
Apesar de o início da temporada com PC Gusmão não ter sido boa, o zagueiro agradou. Tanto que o treinador indicou Maurício a Fábio Carille, técnico do Corinthians. Maurício tenta não se ligar muito no assunto, e lembra que tem vontade de ir no futuro para outro país, ou mesmo conseguir retornar ao Porto. Desta vez para jogar no time principal.
- Eu estava emprestado ao Porto, a gente era líder da Segunda Divisão e eu tinha a expectativa de ser usado no time principal. Tinham jogadores renomados no time A, então era complicado. Tive a proposta do Marítimo, o Porto cobriu a proposta e queria renovar, ofereceu três anos. Segui a minha vida para um time de Primeira Divisão, tinha essa vontade, testar as minhas qualidades. Por mais que fosse um contrato bom, talvez não teria o aproveitamento que eu queria de cara. Mas acredito que escolhi certo pelo Marítimo. Eu ficaria muito feliz em ir para o Porto, estrutura excepcional, briga sempre por títulos. Mas eu tinha que provar um pouco a qualidade. Agora uma eventual volta seria em outra perspectiva. Seria um grande momento na minha carreira - explicou Maurício, para depois falar do interesse do Timão e uma possível ida para outro país:
- Realmente houve sondagem. Mas é natural pelo bom campeonato que estou fazendo, posições de cima, disputando vaga. É natural que tenha sondagem. Meu foco é no Marítimo, estamos lutando por algo muito bom. Eu tenho o sonho de jogar na Espanha, é muito competitivo, o meu estilo de jogo ia se ajustar direitinho. Também gosto do Italiano e do Francês, são lugares que acho que eu me daria muito bem.
Perto de conseguir cidadania portuguesa, Maurício diz que seria uma honra defender a Seleção das Quinas. Enquanto isso, vai ganhando a confiança em Funchal. Não apenas foi titular em todos os jogos do Marítimo no Campeonato Português na temporada, como jogou os 90 minutos em todos. Mostra que tem prestígio com o técnico Daniel Ramos, que chegou já com o torneio em andamento.
- Ele me passa muita confiança, sinto que sou um homem de confiança. Estou jogando bem, fazendo um bom trabalho, estou indo bem nos jogos, fazendo o simples, mas uma coisa bem objetiva. E ele gosta do meu trabalho, passa confiança, um treinador que é parceiro dos jogadres. Ele passa a sensação de que não é para ter medo de errar.
Maurício falou ainda sobre a presença de PC Gusmão, que esteve no Madureira durante o Campeonato Carioca. Acabou caindo logo na quinta rodada, após a derrota no dérbi da Madeira contra o Nacional.
- O PC Gusmão é um grande treinador, reconhecido e bem sucedido no Brasil. Trata muito bem os jogadorfes, gostei de trabalhar com ele. Não sei o que não deu certo, aqui é bem diferente, tem que ter mais responsabilidade tática, talvez ele não estava preparado para isso e foi pego de surpresa. As coisas não davam certo, o time não se encaixava, começou a dar errado e ele sofreu as consequências dos resultados ruins. Não foi o único responsável, os jogadores também, e ele pagou o pato, ficou com esse gostinho amargo na gargante de não ter mostrado o seu trabalho.