‘Leicester: a mais improvável vitória esportiva de todos os tempos’
Colunista do The Guardian, da Inglaterra, escreve sobre a improvável supremacia que não estava prevista para acontecer na Premier League
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Não ajuste a sua realidade: isso realmente aconteceu. Durante os últimos três meses, o progresso glorioso do Leicester City se desfraldou como uma lenta e devastadora onda. A falha do Tottenham em vencer o Chelsea foi o golpe final. A onda finalmente quebrou na Premier League. Alguns chamam de a mais improvável vitória esportiva de todos os tempos.
Os aspectos são de contos de fadas. No começo da temporada, a cotação do título do Leicester nas casas de apostas estava 5000/1. Três meses depois, com o Leicester já no topo da tabela, ainda era 1000/1. Ainda uma aberração.
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Os fatos da supremacia do Leicester são gritantes. Este é um clube cuja posição mais alta na liga foi um vice-campeonato em 1929, que foi rebaixado ou subiu de divisão 22 vezes ao todo. Tão pequeno para subir, tão grande para desce, Leicester ficou vagando entre as divisões com certa regularidade, um clube de uma cidade que fica no meio do caminho para qualquer lugar.
Em 2002, eles quase deixaram o futebol, mas foram salvos por um consórcio liderado parcialmente pelo ex-jogador Gary Lineker. Duas temporadas atrás, eles estavam lutando para deixar a segunda divisão. Em fevereiro do ano passado, estavam na lanterna da Premier League, a caminho da descida antes da demissão de Nigel Pearson.
E agora tivemos uma temporada como se fosse um script de Hollywood. E na verdade um filme sobre Jamie Vardy já está em fase de pré-produção, baseado na vida do improvável artilheiro do Leicester. Vardy uma vez passou metade da temporada sendo substituído depois de uma hora de jogo em seu clube sem divisão para que ele pudesse ir para casa na hora do toque de recolher definido na sua tornozeleira eletrônica, resultado de uma condenação por agressão no lado de fora de um bar. Medalha de campeão na mão, Vardy agora pode se preparar para jogar pela Inglaterra na Eurocopa.
Mas na verdade é a própria história do Leicester - o título que não deveria acontecer - que forçará os roteiristas a reescreverem. Houve campeões surpreendentes antes. Nottingham Foreste e Ipswich Town venceram a liga depois de terem subido de divisão. Mas foi 55 anos atrás. No grande futebol moderno, o um triunfo como este parecia não só remoto como impossível. O site Sporting Intelligence calculou que o Manchester United gastou mais em novos jogadores nos últimos dois anos que os novos campeões gastaram em 132 anos de existência. O mundo mudou. Algumas coisas não podem acontecer mais, mas isso - o título do Leicester - aconteceu. Como?
O caminho mais fácil na história do Leicester é através dos próprios jogadores, um bando de coadjuvantes, escanteados cujo sucesso parece dar uma lição sobre segundas chances. O capitão, Wes Morgan, um jamaicano de 31 anos, foi duramente exposto na última temporada. Ainda lento, ainda encorpado, ele foi uma alegria de se assistir este ano, um defensor muito inteligente, capaz de ler, bloquear e interceptar com uma habilidade maravilhosa.
O sucesso de Vardy também é eletrizante. Um crescimento no fim da carreira de um time sem divisão para a seleção que não acontece, não pode acontecer, aconteceu. Mahrez, um sublimemente habilidoso argelino, estava jogando na segunda divisão francesa dois anos atrás, considerado muito leve para o futebol de primeiro nível. Semana passada ele foi eleito jogador da temporada.
Por fim, supervisionando esse time, um técnico mais conhecido por não ficar em primeiro, mas em segundo. É difícil não amar Claudio Ranieri, o brilhante e engraçado tiozinho italiano, que é geralmente visto por Leicester comento em restaurantes locais, bebendo com os torcedores e posando para selfies sem fim.
A genialidade foi ver o que ele tinha em mãos, fortificar, usar o espírito de equipe e simplesmente deixá-la correndo, ajustando os detalhes com o passar da temporada. É preciso dizer que no Leicester não são todos unicórnios e poeira estrelar. Esse é um time durão, que tem garra e trabalha dentro das linhas da lei.
Talvez estejamos vendo uma barreira sendo quebrada aqui, uma marca anteriormente considerada fora do escopo humano.
Por agora, é melhor simplesmente comemorar o raro e irracional triunfo. Viva Leicester.
* Barney Ronay é colunista do The Guardian
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