Relembre a carreira de Leonardo como dirigente do Milan e PSG
No clube italiano, conquistou a Champions e contratou grandes jogadores, como Kaká. Na França, participou do início do PSG milionário e do projeto de ser protagonista na Europa
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Leonardo tem uma carreira vitoriosa dentro e fora de campo. O ex-jogador conquistou títulos atuando nos gramados, mas também nos bastidores, como dirigente. A carreira na função acaba de ganhar mais um novo capítulo. Nesta quinta-feira, o brasileiro foi apresentado como novo diretor esportivo do Milan e retoma sua trajetória no clube italiano. O ex-lateral começou sua carreira como dirigente, em 2003, no Milan e deixou a função em 2009. Durante esse período foi responsável pela vinda de grandes jogadores, como Kaká, Thiago Silva e Ronaldo, além da conquista de títulos importantes.
Depois do Milan, voltou a exercer a função no PSG, em 2011, sendo um dos responsáveis pelo início do projeto de internacionalização do clube francês, trazendo jogadores como Ibrahimovic, Verratti e Thiago Silva. Em sua volta ao Milan, Leonardo vira um dos pilares na tentativa do clube de se reestruturar no cenário futebolístico europeu e retomar as glórias do passado.
- É um orgulho ter sido escolhido para levar o Milan de volta nível que estava acostumado. Foi algo que me tocou profundamente. Passou um filme em minha cabeça, e tenho que agradece, penso que é um grande privilégio ter uma oportunidade como essa - declarou em sua apresentação
Kaká e a conquista da Champions
Revelado pelo Flamengo, Leonardo jogou pelo Valencia e PSG. Ganhou reconhecimento no São Paulo, conquistando um Campeonato Brasileiro (1991), Libertadores e Mundial de Clubes (1993). Suas boas atuações o levaram para a Seleção Brasileira e o jogador disputou a Copa do Mundo de 1994. Sua história no Milan começa dentro de campo. A primeira passagem foi de 1998 a 2001. Leonardo escolheu o Milan para encerrar sua carreira, em 2002/03 e, após a aposentadoria, já começou sua transição para a administração do clube.
Sua primeira experiência foi no comando da Fondazione Milan, organização filantrópica do clube, que tem como principal intuito a assistência social. A experiência foi curta e Leonardo foi efetivado como novo diretor esportivo, cargo que exerceu por seis anos. Durante esse período, conquistou títulos importantes, como a Champions League (2006/07) e contratou jogadores que seriam protagonistas do clube nas principais conquistas recentes.
Leonardo foi um dos responsáveis por montar um elenco que fez história no Milan. O clube foi campeão da Championes League, em 2006/07 e do Mundial de Clubes, em 2007. Um time forte e habilidoso, composto por nomes como Seedorf, Pirlo, Gattuso, Inzaghi, Maldini e Nesta. Além daquele que se tornaria um dos maiores ídolos da história do clube: o brasileiro Kaká.
Querido pelos torcedores do Milan, Kaká foi o último melhor do jogador do mundo eleito pela Fifa antes da dinastia Cristiano Ronaldo e Messi. Em 2006/07, o jogador fez 48 jogos, marcou 18 gols e deu 10 assistências, sendo dez gols e quatro assistências naquela edição da Champions. Por ter boa ligação com o São Paulo e ter sido companheiro de Kaká no clube paulista, no início de sua carreira, o Milan de Leonardo teve a vantagem na contratação do jogador.
- Ele demonstrou muita personalidade com a camisa do Milan desde o seu primeiro ano aqui, e isso é muito raro, não é fácil. Estamos falando de um dos melhores jogadores do mundo - disse Leonardo, em 2009, ao 'Gazzetta dello Sport'
Fundamental na crise
A temporada de 2006/07, porém, teve um início ruim. O escândalo conhecido como 'Calciopoli' puniu diversos clubes, por conta de manipulação de resultados. O Milan foi um deles. O dirigente Adriano Galliani foi suspenso por cinco meses, o clube começou com menos oito pontos no Italiano e perdeu a vaga direta para a Champions. Leonardo e o restante da diretoria tiveram jogo de cintura e coragem para reduzir as férias dos jogadores e reunir o elenco para uma pré-temporada maior. O time teve bom desempenho no Italiano, conseguiu a vaga na fase pré da Champions e conquistou a competição européia.
Títulos e mais brasileiros que fizeram história
Além de Kaká, Leonardo foi um dos responsáveis pela contratação de outros três brasileiros que marcaram a história do Milan: Alexandre Pato, Thiago Silva e Ronaldo. Contratado em 2007, com apenas 18 anos, Alexandre Pato despontou como uma das maiores promessas do futebol brasileiro, em 2006, com a camisa do Internacional. O atacante fez, ao todo, 150 jogos, marcou 63 gols e deu 18 assistências, além de conquistar o Campeonato Italiano de 2010/11.
Thiago Silva chegou em 2009, vindo do Fluminense e o Milan foi o primeiro clube que defendeu na Europa. A escola italiana de futebol, muito forte na defesa, fez com que Thiago Silva se tornasse um dos melhores zagueiros da Europa e que o jogador despontasse no cenário mundial. Ronaldo, assim como Pato, chegou em 2007 e foi embora em 2009, para defender o Corinthians e encerrar sua carreira. Os brasileiros foram destaques da gestão de Leonardo no clube italiano, além de protagonistas nos últimos grandes títulos da equipe.
- O mercado italiano se esgotou. Para adquirir novas fontes de receita e continuar a ser uma potência, o clube precisa expandir os seus domínios. Temos oito brasileiros no elenco. O interesse que o Milan desperta no país é muito grande. Quando contratamos o Ronaldo, os acessos ao site triplicaram - disse, ao 'Estadão', em 2007
Como dirigente do Milan, Leonardo conquistou a Champions League (2006/07), o Mundial de Clubes (2007) e a Copa da Itália (2004). Após encerrar o seu período como dirigente, assumiu como técnico do clube, em 2009, mas não durou muito tempo no cargo. Após discussão com o ex-presidente e político italiano, SIlvio Berlusconi, foi demitido e deixou o clube.
O início no 'início' do PSG
Depois do Milan, Leonardo continuou a carreira como treinador e foi dirigir o rival Inter de Milão, o que causou polêmica entre os torcedores do Milan, que relutaram sobre sua volta. Na Internazionale, conquistou o título da Copa da Itália (2010/11), mas se despediu na mesma temporada para retomar o cargo de dirigente esportivo, agora no Paris Saint Germain. No clube francês ficou por dois anos e pediu demissão, em 2013, após ser suspenso por um ano, por empurrar um árbitro após uma partida pelo Campeonato Francês.
Leonardo pegou o início do projeto do PSG de se tornar um clube global e protagonista na Europa, capitaneado pelo ainda presidente do clube, o catari Nasser Al-Khelaifi. Como diretor esportivo, participou do processo do clube francês em contratar grandes jogadores e de aumentar os investimentos para se firmar no cenário futebolístico.
- Este clube tem quase 41 anos, tem tradição. Os compradores querem trabalhar em longo prazo. Nós não queremos comprar dez Messis, que não é como você constrói uma equipe. Você precisa de uma base, e ela existe e deve ser melhorada. Queremos jogar a Liga dos Campeões e estar entre os melhores na França. Acho que a primeira coisa é falar com o treinador e ver quem vai ficar ou sair. Não é um projeto para ganhar o primeiro jogo, mas em longo prazo. Eu tenho que estudar e, aos poucos, construir tudo isso - disse, em 2011, em sua apresentação
Primeiras estrelas
O brasileiro foi fundamental na construção dos primeiros pilares da internacionalização do PSG. Sob o seu comando, jogadores como Lavezzi, Matuidi, Thiago Silva e Verratti foram contratados. Ibrahimovic se tornou um dos maiores ídolos do clube, participando de 180 jogos. O sueco, ao todo, marcou 156 gols e deu 61 assistências. Thiago Silva se tornou um dos maiores zagueiros do mundo e é capitão da equipe até hoje. Verratti é outro que continua no elenco e foi trazido por Leonardo. O italiano era desconhecido na Europa e defendia as cores do Pescara.
- Leonardo fez história aqui. Ele começou esse grande projeto. Eu acredito que, se depois de quatro e cinco anos, o PSG é um grande clube é também graças a ele. Ele trouxe alguns grande jogadores, que conquistaram coisas pelo clube. Ele é alguém que conhece futebol. Eu tenho uma relação excelente com ele. Eu tenho uma gratidão por estar aqui - disse Verrati, em 2017
Futuro do Milan aponta para o passado
A nova de jornada de Leonardo vai ser bem diferente de sua primeira passagem. O clube vive um momento muito distinto de quando o dirigente deixou o clube em 2009. Após período de pouco investimento, o Milan foi comprado, em 2017, pelo chinês Li Yonghong. Seu mandato não foi positivo e o Milan acumulou dívidas, contratos escusos e falta de investimento. O chinês pagou 740 milhões de euros (R$ 3 bilhões de reais) pelo clube italiano, mas 303 milhões (R$ 1,3 bilhão) foram emprestados com o fundo de investimento americano Elliot.
Com dívidas, o Milan chegou a ser suspenso pela Uefa da Liga Europa, por conta da lei do fair play financeiro. Yonghong não suportou as dívidas, foi deposto do cargo e o Elliot assumiu o controle do clube, no dia 10 de julho. O fundo de investimentos americanos conseguiu chegar a um acordo com a Uefa e recuperou a vaga na competição européia.
Esse foi um dos primeiros passos da reconstrução financeira do clube. O Elliot dá indícios que pretende retomar os tempos áureos do clube italiano e o retorno de Leonardo, que tem identificação e história com o clube, é um dos passos da empresa para essa renovação. O dirigente brasileiro volta para casa, com o desafio de botar o clube italiano de volta aos trilhos da glória.
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