Luciano Spalletti: a mente pensante por trás de um Napoli envolvente e campeão

Comandante levou os Partenopeus ao fim do jejum de 33 anos sem o Scudetto

imagem cameraSpalletti no comando do Napoli (Foto: IMAGO / LaPresse)
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Lance!
Nápoles (ITA)
Dia 04/05/2023
19:00
Atualizado em 04/05/2023
19:38
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O Napoli conquistou o Campeonato Italiano nesta quinta-feira, após bater a Udinese no Friuli em jogo válido pela 33ª rodada da competição. Em uma temporada iluminada, os Partenopeus encerraram um jejum de 33 anos sem o Scudetto, quando venceram ainda com Maradona no elenco, e levaram o título pela terceira vez. 

Sob o comando de Luciano Spalletti, a equipe apresentou um futebol de alto nível na temporada e se manteve invicta durante a primeira metade, mas não deixou o ritmo cair no decorrer dos meses e abriu quase 20 pontos de vantagem à vice-líder Lazio. O treinador consegue finalmente marcar o seu nome positivamente com a conquista de um título no futebol italiano.

COMEÇO DO COMANDANTE
Em 30 anos de carreira na área técnica, Spalletti nunca havia conquistado o Scuddetto. Pela Roma, levou a Copa da Itália nas temporadas de 2006-07 e 2007-08, mas teve mais sucesso no futebol russo, com o Zenit de Hulk, levando o campeonato nacional em duas oportunidades. Foram duas oportunidades com a Giallorossi, sempre figurando entre os primeiros na tabela, mas nunca conseguindo a conquista do Calcio. 

Spalletti também teve uma passagem pela Inter de Milão, entre 2017 e 2019, mas não conseguiu fazer a Nerazzurri jogar futebol suficiente para a conquista. Ainda assim, levou o time à disputa da Champions League depois de seis anos. Trabalhos consistentes anteriormente, porém que não eram suficientes para levantar o Campeonato Italiano. 

Passagem de Spalleti pela Internazionale (Foto: Miguel Medina / AFP)

Depois de dois anos de inatividade, o treinador retornou a área técnica para comandar o Napoli antes da temporada 2021-22. Porém, a primeira tentativa de história do treinador acabou ficando pelo caminho. Com um elenco limitado e sem conseguir levar o time a um futebol muitas vezes consistente, Spalletti viu algumas falhas durante o processo.


No último ano, a gestão do elenco não ficou tão clara para que houvesse rendimento suficiente para uma conquista. Fabián Ruiz, agora no PSG, era o principal jogador do meio de campo, mas não havia uma estrutura singular para ajudá-lo. Spalletti rodava os jogadores da posição e não existia entrosamento entre os jogadores que entravam, o que era necessário para a forma como o comandante gosta de posicionar e ordenar o time.

TUDO MUDA EM 22-23
Com a saída de Ruiz, uma trinca de jogadores fixos se formou e se acertou. Zambo Anguissa, Lobotka e Zielinski basicamente ditam o ritmo da equipe em uma posição-chave para a regularidade. São jogadores que exercem bem a pressão pós-perda que Spalletti gosta de fazer, mas também recompõem bem na marcação baixa e conectam a defesa ao ataque. Equilíbrio que faz o time fluir bem nos jogos mais difíceis.

A linha defensiva também se mostrou consistente ao longo da temporada. Di Lorenzo, Rrahmani, Kim Min-Jae e Mário Rui formaram um quarteto que só sofreu 22 gols nos 32 jogos do campeonato, somados ao bom goleiro Meret. Mesmo com algumas lesões e a entrada de substitutos como Juan Jesus e Mathías Olivera, o ritmo não cai. Os dois laterais costumam ajudar o meio na pressão sobre o adversário e consequentemente levam precisão à estratégia de Spalletti.

No ataque, do jeito que o comandante gosta, um trio de jogadores precisos e que vivem fase iluminada. Lozano, Kvaratskhelia e Osimhen, somados, têm 36 gols e 17 assistências na competição. Quando necessário, Politano, Raspadori e Giovanni Simeone entram sendo cruciais e marcando gols importantes. Gestão de elenco que Spalletti conseguiu atingir na temporada atual e foi crucial para a conquista.

Osimhen e Kvaratskhelia celebram gol contra o Spezia (Foto: Alberto PIZZOLI / AFP)

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HISTÓRIA FEITA
As peças que Spalletti tem em sua mão conseguem render da melhor forma e de várias formas. Quando o jogo pelo meio está apertado, a bola parada também é trunfo do técnico. O Napoli tem uma média de um gol a cada 15 escanteios, conta alta para o quesito. A organização aérea defensiva também é prioridade, onde Spalletti basicamente exige que os 11 jogadores participem ativamente e se desdobrem para evitar gols pelo alto. 

Traçando as estratégias necessárias e com uma ótima gestão do elenco, o italiano de 64 anos confirma a conquista merecida pela consistência. Não dependendo das individualidades dos atletas, como fez em trabalhos anteriores, e conseguindo manter um bom clima no elenco, Spalletti escreve seu nome na história do Napoli e se iguala a Ottavio Bianchi e Alberto Bigon como os únicos treinadores a levar os Partenopeus ao título italiano. 

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Nomes como Rafa Benítez, Maurizio Sarri, Gennaro Gattuso e Carlo Ancelotti passaram pelo clube nos últimos anos, mas não alcançaram a continuidade necessária como o atual treinador conseguiu. Dois anos de trabalho, recordes e o fim de três décadas de tristeza. Luciano Spalletti guarda seu nome na história napolitana e espanta o fantasma do fracasso.

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