Uma das grandes repercussões na imprensa nos últimos dias foi o drama do time de futebol 'Javalis Selvagens', preso em uma caverna de Chiang Rai, na Tailândia. Os 12 meninos, entre 11 e 16 anos, e seu treinador, de 25 anos, ficaram 17 dias no local até serem resgatados. O atacante brasileiro Gilberto Macena, que atua no Chiangrai United, da cidade dos garotos, contou ao LANCE! como soube do acontecimento com os meninos e como ficou a região.
- Estava em casa com dois amigos e um tailandês que veio nos visitar trouxe essa péssima noticia. A gente só imaginava o desespero desses garotos - disse.
O atacante brasileiro ainda contou que nunca foi à região da caverna, que fica em Tham Luang, no norte do país. Gilberto alertou que nesta época do ano ocorrem fortes chuvas e pode ficar perigoso, mas o local é visitado mesmo assim.
- Não conheço na verdade. Neste período, chove muito e o turismo para estas áreas não é uma boa ideia, mas é um lugar bastante visitado mesmo assim. No momento, está bloqueada a área da entrada - explicou.
O time de futebol ficou preso após um treinamento. O adolescente Pheeraphat Sompiengjai, conhecido como Night, quis comemorar seus 17 anos, completados no dia 23 de junho, com seus 11 colegas da equipe e o técnico depois da atividade daquele dia. Eles foram passear no complexo de cavernas, mas ficaram presos por causa das cheias.
As buscas se iniciaram no domingo e foram finalizadas no terceiro dia de operação, na última terça-feira. Ao todo, foram 90 mergulhadores, dentre eles tailandeses e internacionais para o resgate, e mais de 30 equipes médicas, que estiveram envolvidos na missão. Gilberto Macena comentou que a cidade inteira se mobilizou por conta da situação, e a chegada deles é muito esperada na região.
- Percebe-se que muita coisa mudou, é o que se fala no país. Se via um povo unido com uma só intenção, que era resgatar todos com vida. Aqui em Chiang Rai se vê ruas bloqueadas. Tudo preparado para a chegada dos garotos - contou.
Bate-bola com Gilberto Macena
Como foi sua passagem pelo futebol brasileiro?
Comecei minha carreira no Ceres FC, do Rio de Janeiro, onde disputei a segunda divisão do Carioca. Depois de seis meses, surgiu algo para ir a São Paulo, e fui jogar no Rio Claro FC, este foi o clube que mais atuei no Brasil, quase dois anos. Minha passagem pelo Comercial foi rápida, cheguei lá em novembro de 2004, e logo no final de dezembro do mesmo ano tive uma proposta de um time Dinamarquês e resolvi aceitar.
Qual a diferença do futebol dinamarquês, chinês, árabe e tailandês?
Na verdade, o dinamarquês foi o que tive mais dificuldade no começo. Mais força e pouco tempo pra pensar, mas logo me adaptei. O Árabe tem um nível muito bom e considero uma liga fortíssima, gostei muito de jogar lá por seis meses. Os três anos na China e agora na Tailândia, vejo dois países onde o futebol se parece bastante, caminhando da mesma forma: crescendo e investindo. A China tem mais estrelas, investe mais, mas acho o futebol bem parecidos, tanto técnico como taticamente, mas a liga chinesa é mais forte que Tailandesa.
Demorou para se adaptar na Tailândia, por conta da questão cultural?
Não, antes de vir pensei que seria muito diferente e teria muita dificuldade.
Gostei da comida, é um povo alegre e receptivo, tudo isso facilitou e o clima do país tem muito em comum com o nosso. A adaptação aqui foi a mais rápida de todos os países que vivi ate hoje.
Ainda pensa retornar ao Brasil?
Quero voltar sim e sempre sonhei jogar no Brasil um dia, assim como meu pai sempre quis. Espero que possa ser um dos grandes. Flamengo, Corinthians, São Paulo... acho que todos nós jogadores já sonhou um dia atuar por um grande no Brasil.
Por onde passou, Gilberto levantou alguma taça, principalmente fora do Brasil, em que mais atuou. As principais conquistas do atacante são: Thai Premier League (2015), Thai FA Cup (2015), Thai League Cup (2015), Kor Royal Cup (2015) eMekong Cup Championship (2015), todos pelo Buriram United; e Liga Dinamarquesa da 1ª Divisão (2009/2010), competição esta que também foi o artilheiro, pelo AC Horsens.
* Sob supervisão do editor Hugo Mirandela