Sábado é dia de El Clásico. Real Madrid e Barcelona se enfrentam em um duelo que pode ser decisivo para a sequência do Campeonato Espanhol. O LANCE! entrevistou o jornalista Marcelo Bechler, correspondente da "TNT Sports" na Espanha, que analisou o confronto e o momento das duas equipes na temporada. Apesar do Real ter vencido os dois últimos confrontos e jogar no Estádio Alfredo Di Stéfano, essa é uma partida na qual não há favorito.
Momento
O Barça ocupa a vice-liderança da competição com 65 pontos - um a menos que o Atlético de Madrid, enquanto a equipe de Zinedine Zidane está em 3º lugar com 63 pontos. O time de Ronald Koeman vive ótima fase, com direito a 19 partidas sem perder na La Liga, mas a mudança de mentalidade da última temporada para a atual é tida como decisiva e o clássico é visto como um catalisador em uma possível arrancada para o título, segundo o repórter.
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- O elenco (do Barça) não aceita perder. Eu acredito que o duelo pode dar um golpe de moral muito grande e ajudar a decidir. O Atlético pode ser ultrapassado ainda nesta rodada e é um jogo que pode decidir o Campeonato e lá na frente veremos o peso que o clássico teve. Já tivemos vezes em que a competição foi resolvido no critério de desempate, que é o confronto direto.Dentro de campo são as melhores sensações que o Barcelona transmite desde antes da saída do Neymar.
Olho neles
Nos dois últimos clássicos, o Real Madrid conseguiu triunfar diante do Barcelona. Um nome não apareceu tanto e pesou contra os catalães: Messi. A última vez que o argentino marcou gol em El Clásico aconteceu em 2018, em um empate por 2 a 2. Segundo Bechler, o camisa 10 deve assumir o protagonismo para dar mais chances de vitória aos visitantes neste sábado.
- O Messi precisa jogar bem. Ele jogou mal no primeiro turno, teve poucos lances contra o Courtois e desperdiçou as oportunidades. Quando Messi joga bem, é difícil alguém conseguir segurar. Se ele jogar bem, o Barcelona vai vencer.
Enquanto o Barça tem Messi de um lado, o Real Madrid deposita muitas fichas em Vinícius Júnior no atual momento da temporada. O jovem vem de uma partida brilhante contra o Liverpool, em que marcou dois gols, além de ter atuado bem no clássico da última temporada. O jornalista alerta para os pontos em que o grupo de Ronald Koeman precisa se atentar.
- O Barcelona é um time que dá espaço nas costas e o Vinícius tem velocidade, drible, progressão no um contra um. Ele vai emparelhar com o Mingueza, que é um jovem que enfrenta dificuldade nesse tipo de situação. No entanto, os melhores atletas do Real Madrid estão no meio-campo.
Detalhes
Zidane terá os mesmos problemas na montagem dos 11 titulares que encontrou contra o Liverpool, uma vez que Carvajal e Sergio Ramos seguem lesionados, enquanto Raphael Varane testou para Covid-19 na última terça-feira. No entanto, a partida deve ser decidida nos detalhes e o trabalho dos meio-campistas pode ser a chave para a vitória.
- O meio-campo (do Real Madrid) vem funcionando tão bem que nenhum problema estoura para a defesa. Os merengues podem impor uma pressão na saída de bola, mas caso o Barcelona consiga vencer a primeira marcação e pegue a defesa de frente já é meio caminho andado. Porém se o Real Madrid consegue pressionar bem, os meias, que jogam com um ou dois toques, podem encontrar Vinícius Júnior ou Asensio em velocidade e criar dificuldades. A estratégia está onde as equipes vão conseguir recuperar a bola em que altura do campo a marcação vai começar - analisou o jornalista.
Confira outros trechos da entrevista:
LANCE!: Como você vê este jogo para a sequência do trabalho de Ronald Koeman e para a permanência de Messi?
Marcelo Bechler: Vai depender do final da temporada. Se o Barcelona perder para o Real Madrid, mas terminar vencendo o Campeonato Espanhol e a Copa do Rei, é possível que não haja consequências mais graves. Se perder, é mais uma vez um jogo grande que a equipe blaugrana não corresponde à altura, porque o time vem em uma sequência de 16 vitórias e três empates, mas ainda não enfrentou o Real ou o Atlético de Madrid. Se vencer tudo, o Messi pode pensar que o clube não é tão terra arrasada como parecia ser e Koeman seja visto como um treinador que fez um bom trabalho de reconstrução e teve bons resultados.
L!: Como está a expectativa pela disputa do título na Espanha?
MB: Houve uma clara queda do Atlético de Madrid, que está tendo dificuldades para marcar, já não está tão confiante e que não consegue pressionar tão bem. O Barcelona tem transmitido melhores sensações nos últimos meses, mas o Real Madrid também vem crescendo. Pelo que estão jogando hoje, o normal é que os dois briguem pelo título.
L!: O foco do Real Madrid na Champions League pode prejudicar o rendimento da equipe no Campeonato Espanhol?
MB: Não, pelo contrário. Quanto mais jogos difíceis você tem, mais você tem que estar concentrado e acostumado a jogar sob pressão, não se assustar quando se está em dificuldades. Para quem quer competir, é muito melhor que tenha 10 finais do que partidas menores. A chance de você perder por desatenção é muito menor.
L!: Esse confronto representa uma nova fase tanto do Barcelona quanto do Real Madrid em que os jovens estão aparecendo. Como você enxerga este momento?
MB: Nós tivemos durante quase uma década os melhores jogadores do mundo atuando em Barcelona e Real Madrid até o fim de suas carreiras ou saírem, como no caso de Cristiano Ronaldo. Agora é um momento de renovação, mas vejo que o foco ainda está nos jogadores mais experientes. Mas é um processo natural, pois depois de ter atletas tão bons, é preciso buscar alternativas e os dois clubes apostam nos jovens até pelas dificuldades de mercado causadas pela pandemia.