A francesa Suzanne não fala português. Mas levou seus dois filhos para acompanharem o único treino de Portugal aberto ao público, nesta quinta-feira, no Estádio do complexo do Centro Nacional de Rúgbi, que fica na cidade de Marcoussis, a 40km do Centro de Paris.
Ela fazia parte dos mil privilegiados que conseguiram os convites. Quase todos os mil bilhetes foram distribuídos pelos organizadores para associações de imigrantes portugueses da Ile de France, a Região de Paris. Uns poucos foram distribuídos em lojas e supermercados da redondeza e logo se esgotaram.
Suzanne ganhou de uma amiga e levou os filhos, que torcem por Portugal por causa do avô paterno e adoram Cristiano Ronaldo.
- Como são influenciados em casa, torcem mais para Portugal do que para a França - disse.
Ao lado dela, Gabriel Alves, com camisa, calção e até um sapato de duende nas cores de Portugal. Estava com a namorada e um amigo.
- Ser filho de uma presidente de associação tem as suas vantagens, sou vip, o pá! - dizia, apontando para os um grupo de barrados no baile que tentavam ver alguma coisa atrás de muros ou em cima de uma árvore.
Muitas crianças estavam na arquibancada do acanhado estádio. Gritavam "Por-Tu-Gal", imitavam o urro de Cristiano Ronaldo, acompanhavam os mais velhos quando estes cantaram o hino português.
Às 13h30min de Brasília (18h30 de Paris) a seleção começou a entrar no gramado. O goleiro Lopes, nascido na França e jogador do Lyon, foi muito aplaudido. Pepe também. Como já era esperado, Cristiano Ronaldo, um dos últimos que entraram, foi ovacionado. Retribuiu dando tchauzinho e beijos para a torcida, que foi abaixo quando o treinador Fernando Santos levou todos os jogadores até próximo da linha lateral e pediu para que todos batessem palmas.
Em seguida, começou um treino levíssimo, afinal o time jogou nesta quarta-feira, de manhã pegou o avião para Paris, chegou ao CT e três horas depois estava em campo.
Três voltas ao redor do gramado (com CR7 lá atrás da fila), bobinho, dois toques. Depois de 40 minutos, Cristiano Ronaldo conversou com o técnico e deixou o campo. Nada demais. Apenas foi poupado do treino de chutes a gol, assim como os que estiveram mais tempo no amistoso de quarta-feira contra a Estônia.
Foi a deixa para os torcedores começarem a retirada.
- Gostei da experiência. Já tinha visto muito jogo da seleção, mas treino ainda não. É bom ver tanta criança junto ter a alegria de ver o seu ídolo de perto. Vou guardar esse ingresso de recordação - disse Antonio Almeida, um senhor gorducho e risonho, que dobrava com cuidado o bilhete azul, lamentando apenas que a ideia inicial, de que o treino fosse num estadio para 19 mil, tivesse um palco tão acanhado.