Darío Benedetto chegou ao Boca Juniors aceitando uma redução salarial e sendo muito questionado pelo torcedor xeneize, que nutria desconfianças pelo fato de o jogador não ter triunfado no futebol mexicano, onde atuou por Tijuana e América. Com o tempo, porém, foi conquistando o torcedor, especialmente pelo desempenho no título do Campeonato Argentino 2016/17, competição em que foi artilheiro com 25 gols, além de ter dado três assistências.
- Darío sacrificou dinheiro para ir ao Boca, ele queria se sentir apreciado. Logo depois recusou propostas da Europa - afirma Christian Bragarnik, agente do jogador.
Em novembro de 2017, em sua segunda temporada pelo Boca, o jogador sofreu uma lesão no ligamento cruzado anterior do joelho direito e, quando estava perto da volta, sofreu uma tendinite no tendão do tornozelo esquerdo. "El Pipa" ficou por quase um ano fora dos gramados, deu adeus às chances de disputar a Copa do Mundo da Rússia pela Argentina, mas regressou no momento certo para o clube, na reta final da atual Libertadores, quando deu ao Boca Juniors os toques decisivos para a final. O poder da equipe estava no banco, foi o dono da semifinal contra o Palmeiras, fazendo os dois gols do triunfo na Bombonera e um no Allianz Parque. Tudo com menos de 40 minutos em campo.
- Disso se trata essa camiseta, de vencer todos os obstáculos. Se Benedetto é assim, isso é o Boca, paixão, não abaixar os braços e mil vezes se impor a momentos difíceis - afirma Jorge Bermudéz, colombiano que foi zagueiro e capitão do Boca Juniors e conquistou as Libertadores de 2000 e 2001 pelo clube.
Com seus dois gols contra o Palmeiras na Bombonera, Benedetto, aos 28 anos, bateu uma marca de Martín Palermo, histórico 9 do clube. O atacante completou naquela ocasião 51 partidas com a camisa xeneize e 37 gols. Palermo terminou o 51º jogo pelo time com um gol a menos, 36. As semelhanças entre os dois jogadores também acontecem na volta de ambos após lesões sérias.
No primeiro jogo da semifinal, Darío teve uma noite de Palermo. Marcou um gol de cabeça e o segundo foi belíssimo, com um chute da entrada da área. Na comemoração, o jogador não pôde conter as lágrimas. Por conta deste momento emotivo, os torcedores do Boca Juniors recordaram a partida de quartas de final contra o River Plate, em 2000. Naquele dia, Palermo, que também voltava de lesão, se consagrou com um gol inesquecível que fez delirar a La Bombonera. É o valor intangível da mística.
No último sábado, no primeiro jogo da final da Libertadores contra o River, Benedetto saiu do banco mais uma vez para brilhar. Entrou no lugar do jovemPavón, lesionado na primeira etapa, e soltou o grito que estava entalado há muito tempo: comemorar um gol contra o maior ríval xeneize. Antes, havia disputado três Superclássicos sem balançar as redes. Desta vez foi diferente e tem a expectativa que, dia 24, no Monumental de Nuñez, na finalíssima, possa ser ainda melhor.
Dario se igualou a Ábila, ambos com quatro gols na atual Libertadores. No caso de Benedetto, foram quatro gols em três jogos, sempre saindo do banco. O que está produzindo com suas aparições eletrizantes pertence à família dos feitos mágicos do esporte. Na memória dos torcedores, entre as recordação das noites em que brilhava Palermo, quem sabe um novo nome dando a volta no Monumental? Assim como contra o Palmeiras, sairá dos pés dele a grande vitória?
-- A ideia é estar bem para poder ter outra chance na seleção argentina. Agora tenho que pensar no Boca e depois esperar por uma oportunidade. Meu sonho é ganhar a Copa Libertadores com o Boca e depois aconteça o que acontecer. É a minha única meta neste momento. Minha cabeça está neste clube. A comparação com Martín me fascina porque é meu ídolo. Estou orgulhoso de que me comparem com ele, mas só existe um Palermo -- afirmou Darío Benedetto.
QUEM É ELE
Nome: Darío Ismael Benedetto
Nascimento: Berazategui, Argentina, em 17 de maio de 1990 (28 anos)
Clubes: Arsenal de Sarandí, Defensa y Justicia, Gimnasia de Jujuy, Tijuana (MEX), América (MEX) e Boca Juniors