Criado em Wembley, alvo de racismo e decisivo pela seleção; Sterling é o grande destaque da Eurocopa

Camisa 10 é o nome de principal destaque da Inglaterra na atual edição da Eurocopa

imagem cameraSterling é o camisa 10 da Inglaterra (Foto: JOHN SIBLEY / POOL / AFP)
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Lance!
Londres (ING)
Dia 09/07/2021
12:40
Atualizado em 10/07/2021
06:00
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A Inglaterra está na final de uma Eurocopa pela primeira vez em toda sua história. Neste domingo, o English Team terá a Itália como adversária na grande decisão da Euro 2020, às 16h (de Brasília), no Estádio de Wembley. O palco da final é um lugar bem familiar para um dos grandes nomes da seleção inglesa: Raheem Sterling.

Nascido em Kingston, na Jamaica, Sterling chegou à Londres aos cinco anos de idade e foi criado no bairro de Brent, local bem próximo ao Estádio de Wembley. Em entrevista ao 'MEN', em 2018, Sterling relembrou seus momentos de infância ao mostrar usa tatuagem em alusão ao sonho de marcar um gol no lendário estádio inglês.

- Esta é uma tatuagem do Estádio de Wembley. Quando menino, costumava andar por Wembley e andar de bicicleta por aqui. Pensava que um dia eu poderia usar aquele número dez naquele estádio, estar na minha cidade natal e, com sorte, ser o Rei de Wembley um dia - afirmou.

Mesmo ainda sem conquistar um título com a Seleção Inglesa em Wembley, Sterling já tem muita história para contar no maior palco do futebol britânico. O atacante já conquistou oito títulos no estádio, sete com o Manchester City e um com o Liverpool. O título inédito da Euro pode coroar Sterling como 'Rei de Wembley'.

STERLING SOFREU NAS MÃOS DA IMPRENSA INGLESA
Desde os tempos de Liverpool, Sterling vive uma relação 'conturbada' com a imprensa inglesa. O jogador foi capa dos tablóides inúmeras vezes com conotações negativas, em situações onde jogadores brancos não tinham o mesmo tratamento.

Em 2018, Sterling se revoltou contra o jornal inglês 'Daily Mail' e postou em seu Instagram um comparativo entre manchetes feitas pelo jornal em situações semelhantes com um jogador negro e um branco.

Em seu post, Sterling afirmou que a diferença de tratamento feita pelo tablóide inglês 'ajuda a alimentar o racismo'.

- Você tem dois jovens jogadores começando suas carreiras no mesmo clube. Os dois fizeram a coisa certa, que é comprar uma nova casa para suas respectivas mães, que deram muito amor e dedicaram muito tempo para ajudá-los a chegar onde estão. Mas olha como a mensagem é colocada para o jogador negro e para o jogador branco. Isso é inaceitável. Os dois são inocentes e não fizeram nada errado, mas (a diferença) é a maneira como foi colocado. Esse jovem negro é visto de maneira negativa. Isso ajuda a alimentar o racismo e comportamentos agressivos. Os jornais não entendem como as pessoas são racistas hoje em dia, mas tudo o que eu digo é: pensem novamente sobre publicidade justa e deem chances iguais a todos os jogadores - postou o camisa 10.

Um caso semelhante aconteceu com o próprio Sterling em maio de 2018, quando o jogador tatuou uma arma em sua perna direita. O tablóide inglês 'The Sun' estampou em sua capa a foto da tatuagem do jogador com os dizeres 'Raheem dá um tiro no próprio pé'. Contudo, o jornal não deu o contexto da tatuagem feita por Sterling. O jogador explicou o significado do desenho em sua perna.

- Quando eu tinha 2 anos, meu pai foi morto com tiros. Eu fiz uma promessa a mim mesmo que nunca tocaria em uma arma na minha vida. Além de chutar com meu pé direito, tem um significado mais profundo, mas ainda está inacabado - destacou.

DESTAQUE NA EURO APÓS TEMPORADA ABAIXO
O futebol apresentado por Sterling nesta Eurocopa é bem diferente do que o fez perder a titularidade no Manchester City em certos momentos na temporada 2020/21. Acostumado a jogar pelo lado esquerdo, o atacante viu o crescimento da joia Phil Foden, que curiosamente é reserva na seleção inglesa na Euro, e foi sacado do time de Pep Guardiola.

Considerado como o grande craque do torneio de seleções, o inglês entrou em campo 49 vezes na última época, mas marcou apenas 14 gols. Em comparação com os três anos anteriores, o atleta fez 31, 25 e 23 gols nas temporadas 2019/20, 2018/19 e 2017/18, respectivamente.

No final da Champions League, contra o Chelsea, jogo que é considerado como o maior da história do Manchester City, Sterling surpreendentemente foi titular quando ninguém esperava. A atuação, no entanto, não foi como o esperado por Guardiola. O camisa 7 não atuou bem e deixou o campo na etapa final.

Antes do início da Eurocopa, Sterling parecia no fim da fila por uma vaga no time titular da Inglaterra, especialmente pelas ótimas atuações recentes de nomes como Foden, Mason Mount, Rashford, Grealish e Sancho. Com a confiança de Southgate, foi mantido no onze inicial para brilhar.

Sterling marcou os três primeiros gols da Inglaterra na Euro e sofreu o pênalti que classificou o English Team para sua primeira final do torneio de seleções. Literalmente em casa, o atacante que cresceu perto de Wembley pode fazer o futebol voltar ao seu povo.

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