Gianluigi Buffon pode até ser absoluto no gol da Juventus, porém, o brasileiro Neto se mostra confiante com o que ainda pode conquistar na equipe italiana. Em entrevista exclusiva ao LANCE!, o arqueiro abriu o jogo sobre a disputa na posição, a final contra o Real Madrid na Liga dos Campeões, o título do Campeonato Italiano, seus companheiros de equipe e ainda sobre uma volta ao futebol brasileiro.
Aos 27 anos, Neto deixou o Atlético-PR, onde começou sua carreira profissional, no final de 2010, rumo à Fiorentina. Lá, ficou de 2011 a 2015, quando, em junho, assinou com a Juve por quatro anos. Atualmente, ele soma 22 jogos com a camisa da Velha Senhora, sendo 14 na atual temporada somando Liga dos Campeões, Serie A e Copa da Itália.
- É importante disputar posição com uma pessoa de nome tão forte como o Buffon, com uma carreira vencedora. Nos faz crescer, tentar nos colocar no mesmo nível do outro profissional. Então, só vejo coisas positivas nisso. É importante se concentrar em fazer o melhor no dia a dia para estar preparado quando receber as oportunidades - disse Neto.
"Nos consolidamos como uma equipe regular, sólida e consciente das nossas qualidades"
O time de Turim está prestes a fazer o jogo mais importante da temporada contra o Real Madrid, pela final da Liga dos Campeões. A partida acontece no dia 3 de junho, em Cardiff, capital do País de Gales. Para Neto, a Juventus chega forte para a decisão, estabelecida como uma equipe com regularidade e confiança.
- Nos consolidamos como uma equipe regular, sólida e consciente das nossas qualidades. Sabemos que somos um time forte, temos muita qualidade e tomamos consciência disso nessa segunda parte da temporada. O crescimento dos jogadores e o conhecimento da força que temos o somos foi o principal para chegarmos nessa etapa da competição. Não é o que nos satisfaz, queremos o título.
Já pelo Campeonato Italiano, a Juve entra em campo no próximo domingo, podendo já ser campeã em caso de tropeços da Roma e do Napoli neste sábado.
A última convocação de Neto para a Seleção Brasileira aconteceu em 2015, na Copa América do Chile, após corte de Diego Alves. Antes disso, ele foi chamado para os Jogos Olímpicos de Londres em 2012 pelo técnico Mano Menezes após o corte do goleiro titular Rafael Cabral. O goleiro assumiu o posto e atuou nas duas primeiras partidas da fase de grupos, até perder a posição para Gabriel. Apesar de ainda não ter conseguido uma sequência em seu clube, o jogador garante que ainda sonha em ser chamado.
- Ir para a Seleção é o que me motiva. Seleção Brasileira é o meu objetivo pessoal, o que busco todo dia e me faz querer trabalhar no dia a dia para melhorar e alcançar. Procuro sempre estar preparado para quando a oportunidade chegar eu poder demonstrar da melhor maneira. Se depender de mim, estou sempre pronto. Vou lutar para que seja chamado novamente - garantiu.
VEJA A ENTREVISTA COMPLETA COM NETO:
O Buffon está próximo da aposentadoria. Você tem a esperança de assumir a titularidade quando isso acontecer?
Para ser sincero eu não penso nisso nesse momento. Penso em fazer o melhor para a Juventus agora, não no que poderá acontecer. Quando decidi vir para a Juve foi pelo desafio de ser o goleiro aqui, até porque foi isso que me passaram. O que vai acontecer no futuro eu não sei. Quero fazer minha carreira, minha história. Claro que é importante ter um profissional como o Buffon ao lado, não tem como negar.
Qual foi sua principal motivação para mudar da Fiorentina para a Juventus? Você acha que, mesmo na reserva, valeu a pena?
Com certeza a escolha valeu a pena. Sou uma pessoa que tenho que fazer aquilo que sinto. Gosto muito de desafios e para mim era e é um desafio realmente importante para a minha carreira. Venho lutando no dia a dia para alcançar esse desafio e superá-lo, porque sei que o momento que isso acontecer, eu estarei no auge da minha carreira.
Você foi titular na final da Copa da Itália e muito importante, fazendo ótimas defesas. Como foi ganhar esse título participando diretamente?
Meu objetivo aqui é me preparar o máximo possível para aproveitar as oportunidades que eu receber e ajudar meus companheiros transmitindo segurança. Foi o que tentei fazer na Copa da Itália e é o que vou tentar todas as vezes que minha presença for solicitada. Foi um objetivo importante, um passo importante que demos. Era um objetivo que tínhamos traçado no começo da temporada. E nos dá mais confiança para o final da temporada, onde temos mais dois sonhos grandes pela frente.
Em caso de tropeço da Roma e do Napoli, a Juventus pode ser campeã já neste sábado. Como está a expectativa de vocês e como reagiram à derrota para a própria Roma na última rodada?
Nossa concentração é somente em vencer o jogo contra o Crotone. Sabemos que não temos que pensar em mais nenhum outro time. Perder para a Roma, infelizmente, não foi o que nós queríamos, mas já é uma página virada. Nesse momento estamos focados apenas no jogo deste domingo para conseguir a vitória e, consequentemente, o título.
Como vê o momento dos brasileiros no futebol italiano? E sua convivência com os sul-americanos do time?
Vejo um momento positivo dos brasileiros aqui na Itália. O Dani e o Alex estão em um momento de crescimento incrível, nos ajudando muito. Torço muito pelos dois e espero que consigam alcançar todos os objetivos que almejam.
É uma relação boa. No final das contas todos nos entendemos. Saímos dos nossos países e estamos longe por um propósito. Só isso já nos identifica. A maneira de pensar, de se comportar, acaba sendo muito parecida. É realmente legal ter um grupo com tantas variedades de nacionalidades.
Sobre o Higuaín especificamente, como ele lidou com a transferência para a Juventus e todo clima de tensão quando há um duelo com o Napoli? Como a torcida aí recebeu ele?
- O Higuaín foi recebido com muito carinho, muito entusiasmo, pois todos sabem de suas qualidades, que veio para nos ajudar e aumentar o nível da equipe. A vinda dele foi muito importante. A volta dele a Nápoles acaba sendo uma coisa que nós no mundo do futebol já estamos acostumados, sabemos que não é possível deixar todo mundo feliz. Foi uma decisão dele de vir para a Juventus, sabendo que, querendo ou não, o pessoal do Napoli ficaria chateado com ele. Mas é algo natural do futebol, acredito que essa paixão é o que alimenta o futebol.
Como você analisa a trajetória da Juventus na Liga dos Campeões, tendo passado por Porto, Barcelona e Monaco?
- Mostramos nossa força em todas as partidas. Contra o Barcelona foi só um jogo a mais. Se não tivéssemos vencido o Porto, não teríamos chegado nas quartas. E se não ganhássemos do Monaco, o que fizemos contra o Barça teria ido por água a baixo. Cada partida tem sua importância. Conseguimos manter um nível muito alto e mostrar em cada duelo. Esse pensamento que poderíamos chegar na final estava muito forte na nossa cabeça.
Em junho será a final, em Cardiff, contra o Real Madrid. Qual será a principal arma da Juve para esse jogo?
- O principal será o que fizemos na temporada inteira, que é mostrar a força do grupo. Se formos fortes e nos ajudarmos, todos vão se sobressair e mostrar o seu valor. Óbvio que a defesa será importante, mas nosso ataque fez muitos gols, então todos os setores e pessoas participando vão ser importantes. Jogando uma competição de um nível tão alto e com margem de erro tão baixa, qualquer detalhe faz a diferença.
Você pensa em voltar ao Brasil no futuro ou pretende ficar na Europa?
- Nesse momento, se falar que gostaria de voltar ao Brasil, estaria mentindo. Ainda tenho muitos objetivos que quero alcançar no futebol europeu e nesse momento não é aquilo que eu busco. Mas com certeza em um futuro seria uma vontade que tenho jogar novamente no futebol brasileiro, onde me criei e aprendi tudo. Sinto saudades, mas nesse momento meus objetivos estão aqui, estou focado em poder crescer e consolidar meu trabalho na Europa.
Tem algum clube brasileiro de preferência para jogar?
- Não sei dizer o que eu poderia desejar em uns 10 anos mais ou menos. Teria que pensar, mas nunca se sabe.
Existem informações na imprensa de que você estaria na mira do Napoli. Você pensa realmente em deixar a Juventus?
- Nesse momento estou focado apenas na Juventus e ajudar meus companheiros. Quero alcançar esses dois objetivos que temos agora pela frente e não me passa mais nada pela cabeça. O que vai acontecer no dia de amanhã nós não sabemos. Trabalho um dia após o outro e espero que as coisas aconteçam naturalmente.
Como vê essa Seleção Brasileira treinada pelo Tite?
- Vejo um momento muito positivo da Seleção Brasileira. Conseguir uma classificação antecipada, da maneira como foi, dá muita confiança a todos os jogadores e principalmente ao Tite, que chegou e conseguiu demonstrar de cada toda capacidade que ele tem.
Em quem você se inspirou na infância e quais são suas referências hoje?
- Minha inspiração na infância foi meu pai, que também foi goleiro. Sempre olhei e via de longe nele o que eu queria ser. Cheguei a um lugar onde sempre sonhei em chegar e sou uma pessoa afortunada. Mas não me contento, pois tenho muita coisa para conquistar. Acredito que quando chegamos em um alto nível dessa maneira, temos que nos concentrar em nós mesmos. Claro que precisamos aprender a cada dia com todas as pessoas, mas, a partir do momento que me encontrei como grande, me concentrei no meu futebol e evitei comparações.