OPINIÃO: Corrida pelo título da Premier League prova que é crucial dar tempo ao tempo na área técnica
Manchester City, Liverpool e Arsenal seguem vivos em busca de conquistar a liga inglesa
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Em um futebol onde as táticas, ensinamentos, técnicas e repetições influenciam tanto quanto - ou até mais do que - o talento individual e a arte de ter a bola no pé, cliques se voltam para a área técnica dos clubes. Fotos, vídeos, reações e holofotes apontam para os treinadores, que cada vez mais se tornam estrelas. Para o bem e para o mal.
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As antigas definições de times foram atualizadas. Se caracterizávamos equipes como o Santos de Pelé, o Flamengo de Zico, o Vasco de Dinamite ou o São Paulo de Raí, a cultura tem cada vez mais sido mudada. O que se conhecia por craques hoje se define por comandantes. O Flamengo de Jorge Jesus. O Fluminense de Fernando Diniz. O Palmeiras de Abel Ferreira.
A regra de nomenclaturas não se aplica apenas ao futebol brasileiro. Na Europa, a questão chega a ser ainda mais nítida. Uma cultura que se iniciou de forma anárquica com Rinus Michels na Holanda dos anos 70, viveu transformações com Johan Cruyff duas décadas depois, e foi fincada de vez por Pep Guardiola.
O espanhol chegou ao Manchester City em 2016. Foram necessários sete anos para que finalmente o objetivo inicial, de conquista da Champions League, fosse alcançado. Anos de bom futebol, sempre batendo na trave. Ao comandante, foi dado o aval para seguir insistindo em seus métodos. O que viria a ser conquistado em 2011 com o Barcelona só foi novamente erguido mais de dez anos depois. Tempo ao tempo.
Diante de sua retomada ao topo, pintaria o antagonista da história. Em Merseyside, Jürgen Klopp pegou um Liverpool assombrado por um fantasma, e o fez ressurgir das cinzas para a conquista de sua primeira Premier League. Antes, já havia vencido a Champions, quatro anos antes de Guardiola. Klopp se tornaria uma pedra no sapato do técnico dos Citizens, protagonizando duelos de emoção em campo, mas de muito respeito e admiração fora das quatro linhas.
Ao mesmo passo, um terceiro candidato ao topo surgiria. Este, não formado para embater Pep, e sim criado pelo próprio. Mikel Arteta, assistente do espanhol por certo tempo, assumiu o Arsenal, seu ex-clube como jogador, em dezembro de 2019. Apanhou, sofreu, teve dificuldades, mas devolveu ao torcedor londrino a esperança de ver seu time no pico da Inglaterra. Na última temporada, faltou experiência. Nesta, já não parece faltar.
Três legados construídos em três cidades e clubes diferentes. A mesma lição: dar tempo ao treinador é, na maioria das vezes, o melhor remédio. Seis temporadas de fracasso para Guardiola na Champions. Klopp levou cinco anos para alcançar a Premier League. A Arteta, o desejo de um título expressivo que ainda não se tornou realidade. O respaldo que é dado a estes justifica resultados posteriores, ainda com as falhas iniciais.
Aos clubes, resta não se enganar. Treinadores que, em dois meses, transformam uma equipe aos pedaços em um avião não são regra. São exceção. E não que brasileiros precisem aprender o futebol ou seus procedimentos com ingleses. Mas mudar às vezes, faz bem. Mudar a cultura, também. Mudar de treinador em cada tropeço, nem tanto.
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