Ao L!, Otávio fala sobre boa fase no Bordeaux: ‘Sei que vou conquistar muito mais’

Volante se destaca no Campeonato Francês por versatilidade e soma excelentes números com a camisa 5 na Ligue 1

imagem cameraOtávio é o dono do meio-campo do Bordeaux (Foto: Divulgação/Bordeaux)
Avatar
Lance!
Rio de Janeiro (RJ)
Dia 14/05/2020
03:51
Atualizado em 14/05/2020
14:28
Compartilhar

Quando se pensa em jogadores brasileiros que atuam na França, torcedores logo pensam em nomes como Neymar, Thiago Silva e Marquinhos. Com descrição, um compatriota dos nomes citados vem chamando atenção por suas ótimas atuações na Ligue 1: Otávio, volante revelado pelo Athletico Paranaense e que hoje atua no Bordeaux.

Depois de sua primeira temporada no novo país, Otávio se estabilizou e impôs seu estilo de jogo para comandar o meio-campo da equipe. O camisa 5 controla o ritmo do setor, organizando a saída de bola e dando um tom importante na transição entre a defesa e o ataque. Longe de ser um clássico primeiro volante, que chega para "quebrar" a jogada, o atleta de 26 trabalha mais como um organizador recuado. Mas ele está longe de ser deficiente na defesa, já que ostenta o status do jogador brasileiro com maior número de desarmes nas duas últimas temporadas das ligas europeias, superando nomes como Casemiro, Allan e Lucas Leiva.

Em entrevista exclusiva ao LANCE!, o jogador falou sobre sua boa fase com a camisa dos Les Girondins e projetou um futuro muito vitorioso no clube.

- Eu vim muito preparado e sabendo das dificuldades que iria encontrar. O começo foi melhor do que esperava, joguei o primeiro turno completo como titular. Foram 20 partidas direto com titularidade. Mas depois começaram as oscilações. Quando você chega, é tudo novidade. Depois vem a cobrança. Surpreendi no começo e depois estagnei. Foi um momento que eu relaxei, mas também por conta das dificuldades, como idioma, o inverno no meio da temporada... Junta tudo isso, a distância da família, o cansaço da temporada no Brasil... -

Foi um primeiro ano de muito aprendizado, foi positivo, apesar da segunda parte da primeira temporada não ter conseguido o sucesso da primeira. Mas foi um processo que fez a diferença para me deixar mais completo e preparado. No momento estou confortável por todas as situações que já passamos no começo do processo. Hoje me sinto adaptado e bem, e sei que vou conquistar muito mais. Estamos sempre aptos a melhorar e precisamos estar em evolução constante - afirmou o camisa 5.

Otávio surgiu no cenário nacional com a camisa do Athletico Paranaense, onde rapidamente se destacou em meio a uma reconstrução do time. Rapidamente, o volante se tornou um destaque no futebol brasileiro e chamou as atenções do futebol europeu. Ele cita o projeto de longo prazo do clube, a filosofia e deseja todo sucesso ao Furacão.

- O clube já vem num projeto de anos. Fui muito feliz em poder fazer parte e conquistei o paranaense. Gostaria de ter participado das conquistas da Sul-Americana e Copa do Brasil, mas fiquei muito feliz desse crescimento e evolução. Sem dúvidas vai conquistar muitos outros pela frente. Quem estava lá já percebia o crescimento do clube. Só é visto por todos, a nível nacional, quando conquista títulos. O clube está colhendo aquilo que vem plantando há anos.

É um projeto que tem dado certo e vai continuar dando, por todos os profissionais e atletas. O clube tem uma filosofia de trabalho, independente de técnico e jogadores. Quem entrar lá, tem que seguir aquela filosofia. Isso é muito importante. Tive muito aprendizado e que fez diferença quando cheguei no Bordeaux. Já cheguei com formação em muitas áreas e recebi muitos elogios. Sou muito feliz e grato ao Athletico-PR, e torço pelo crescimento e que continuem conquistando títulos, figurando entre as principais equipes do Brasil - disse.

Por conta da pandemia do COVID-19, a França decretou o fim antecipado da temporada da Ligue 1 e decretou o PSG como campeão com 10 rodadas de antecedência. Em isolamento em casa, o jogador vem se apoiando na religião e em Deus durante a quarentena.

- É complicado esse momento difícil. É um momento que nós temos que pensar um pouco na nossa vida, física e mental. Temos usado desse tempo de quarentena para melhorar como ser humano, como pessoa... Falar que estamos se cuidando é fácil. Acho que as coisas que aconteceram é para refletir tudo o que estava passando. É o momento de agradecer a Deus por tudo o que a gente tem e por todas as coisas que conquistamos.

É um momento que vai fazer toda a diferença na sequência da minha vida. Nós recebemos planilha do clube semanalmente para continuar com as atividades e manter os trabalhos. Para tirar o tédio temos procurado se entreter com jogos e assistir coisas juntos, além de estudar sobre a Bíblia, coisas que nos fortalecem espiritualmente. Está sendo um momento proveitoso ao lado da família em todas as áreas de nossas vidas - revelou.

Confira o restante do bate-papo com Otávio:

O início como meia e a adaptação para a posição de volante

- Na época era bem jovem. Quando somos jovens queremos jogar mais próximo do ataque e marcar gols. É a nossa alegria. Mas quando vamos nos descobrindo com nossos sonhos de se tornar profissional e isso muda. Na minha chegada ao juvenil, mudaram minha posição e comecei a jogar de volante. Antes de subir para o profissional, fui recuado para jogar de primeiro volante. Foi a melhor coisa pois pude juntar as qualidades, me tornando um volante com características de meia. Tive dificuldades no começo porque não gostava de marcar, mas foi algo que me descobri. Hoje faço com muito prazer a minha função e tudo aquilo que joguei quando era mais jovem fez toda a diferença -

Melhores lembranças de seu início no Athletico Paranaense

- Tenho muitas lembranças boas no clube. A melhor lembrança foi da primeira vez que fui relacionado. Eu jogava o Paranaense, mas não era o time principal. Fui relacionado para um jogo de Libertadores, contra o Sporting Cristal, e fiquei muito feliz, chorei emocionado. Teve também quando fui convocado e quando fiz meu primeiro gol pelo profissional do clube. São várias lembranças especiais e levarei para sempre comigo -

Jogadores que teve maior dificuldade para marcar na carreira

- Tive jogadores que deram muito trabalho. Quando estava no Brasil, os jogadores que mais me marcaram foram Gabriel Jesus e Gabriel Barbosa, o Gabigol. Eles estavam subindo, mas eram rápidos e fortes. Foram jogos difíceis contra Palmeiras e Santos. Na Europa e no geral, sem dúvidas, o atleta mais difícil que marquei é o Neymar. É muito rápido, ele improvisa na hora e é muito difícil jogar com jogador assim. Nós marcadores temos que nos adaptar para sofrer o menos possível nessas situações -

Recomendações do Bordeaux sobre a pandemia

- As recomendações que o clube passou é para a gente cuidar da nossa saúde física e cuidar das nossas famílias e pessoas próximas, evitar aglomerações e sair só em situação de necessidade. Optamos por seguir na França, mesmo eles dando a opção de voltar para o Brasil. Não estamos de férias, se voltarmos para o Brasil vai ter parente querendo visitar, pode gerar aglomeração e colocaria a saúde de todo mundo em risco. Preferimos continuar na França para seguir com a rotina de trabalho. O clube tem passado semanalmente as atividades para não perder a forma física. Enviamos todos os dias o nosso peso para se manter bem fisicamente. É um momento importante e decisivo da nossa vida e também da temporada como atleta, porque vamos voltar e pegar tudo em andamento, sem tempo para se preparar. E o principal é cuidar da nossa saúde mental, procurar fazer coisas saudáveis e cuidar da nossa família. É preciso esse conjunto estar bem para tudo ocorrer bem -

*Estagiário sob a supervisão de Tadeu Rocha.

Siga o Lance! no Google News