A tecnologia chegou ao futebol, e o sistema de vídeo-arbitragem (VAR) virou regra. A ferramenta está presente em campeonatos de seis países, enquanto outros quatro realizaram testes para sua utilização na próxima temporada. É um caminho sem volta, mas que ainda divide opiniões. O LANCE! pesquisou sobre o uso do VAR em terras estrangeiras e procurou entender o porquê dos elogios e críticas sobre um tema que se tornou polêmico. Após três rodadas no Brasileirão, erros graves já se acumulam, principalmente com impedimentos mal marcados. Em Atlético-MG 1x0 Corinthians, no domingo, mais uma vez foi levantada suspeita da interferência externa após um gol de Róger Guedes ter sido anulado quatro minutos depois de sua marcação.
O Video assistant referee, ou VAR, é um grupo de câmeras que transmitem imagens para uma sala isolada, onde assistentes revisam as jogadas e enviam suas conclusões ao árbitro. Este, após consultar um monitor, é o responsável por tomar a decisão final sobre o lance. Foram definidos quatro critérios para a utilização do recurso: dúvidas sobre gols, pênaltis, cartões vermelhos e erros de identificação.
Países como Portugal, Itália, Alemanha, Estados Unidos, Austrália e Coreia do Sul já implementaram o recurso em suas ligas nacionais, enquanto Brasil, Espanha e Inglaterra estão em fase de teste. A Holanda, outra pátria que ainda não oficializou a ferramenta, foi a primeira a usá-la oficialmente em setembro de 2016, na partida entre Ajax e Willem II, pela Copa da Holanda. Na ocasião, um cartão vermelho foi retirado após revisão.
O lado positivo do recurso é evidente. A tecnologia tem ajudado na diminuição de erros graves, aumentando a qualidade da arbitragem e, principalmente, contribuindo para um futebol mais justo. No entanto, as principais reclamações giram em torno da sua forma de aplicação, a falta de critério para uso da ferramenta e o tempo demorado para chegar a uma conclusão. Entre idolatria e descrença, qual lado está correto?
Relatório desmente 'fake news' do VAR e reforço uso para Copa do Mundo
A Fifa divulgou um documento com o relatório de acertos do VAR, mas que também coloca por terra a maioria dos argumentos contrários à sua utilização. A perda de tempo de jogo estava entre as principais reclamações de dirigentes e torcedores, mas a entidade revelou que o VAR utiliza apenas 1% do tempo total da partida. Para se ter uma ideia, perde-se mais tempo com laterais e escanteios que com o recurso.
Outro ponto levado em consideração foi o tempo médio para checagem dos lances. No início da utilização do recurso eletrônico, isso foi o que causou mais problemas, mas o aprimoramento vem diminuindo o tempo. A espera, em média, é de 20 segundos, enquanto possíveis correções duram de 39 segundos (via comunicação interna) a 70 segundos (revisão em campo), mais ou menos.
Entre dados interessantes, está a média de um erro claro corrigido pelo VAR a cada três jogos, enquanto os erros claros não corrigidos estão em um a cada 20 jogos. O recurso ajudou o árbitro a corrigir decisões erradas em 24% das partidas, enquanto foi determinante para o resultado final em 8% delas. O índice de acerto em lances capitais com o recurso é de 98,9%.
Com isso, era questão de tempo para a Fifa confirmar o uso da tecnologia na Copa do Mundo de 2018, que já estava sendo testada em outros torneios da entidade, como o Mundial de Clubes em 2016 e 2017, o Mundial Sub-20 de 2017, e a Copa das Confederações do mesmo ano.
O árbitro brasileiro Sandro Meira Ricci desempenhou a função de assistente de vídeo durante a Copa das Confederações de 2017. No Mundial de 2018, ele completa o trio do país ao lado dos assistentes Emerson de Carvalho e Marcelo Van Gasse, selecionados pela Fifa.
CBF empurra responsabilidade, e alto custo faz clubes votarem contra
O uso do árbitro de vídeo foi vetado no Campeonato Brasileiro de 2018 após a rejeição de 12 dos 20 clubes que disputam a Série A. O motivo é fácil de entender: o alto valor para a implementação. A CBF, dona do torneio, quis que os clubes custeassem o serviço no campeonato que ela própria organiza. O investimento seria de R$ 50 mil por partida, superior a todas as ligas europeias.
O valor foi definido pela Broadcasting Televisão Ltda, empresa que venceu a licitação lançada pela entidade em fevereiro. Com o veto no Brasileirão, o recurso será usado em 14 partidas da Copa do Brasil, a partir das quartas de final. O custo será pago pela CBF por receber parte da cota dos direitos de transmissão do torneio.
Andrés Sanchez, presidente do Corinthians, foi um dos poucos a reclamar abertamente sobre implementação do árbitro de vídeo por motivos além do alto custo. Ele declarou que 'não há padrão', 'aguarda aprimoramento', e prefere esperar por mais definições sobre a ferramenta.
— O Corinthians não votou contra por causa de valores. Votou porque não se tem padrões e definições de como será. Aqui, começaram a fazer testes e temos de aguardar quando tudo estiver definido. Bandeira levanta ou não, o impedimento e gol voltam o lance? Vai parar? Precisa ter um padrão para não virar dois jogos em um só. Então isso, eles mesmo falam que não tem um procedimento para todo mundo ainda — afirmou o mandatário alvinegro.
'Empresas usam as imagens para crucificar ou absolver. O VAR dá tranquilidade'
A questão foi mais bem resolvida nos Campeonatos Estaduais, mas está longe de ser considerada uma solução final para os próximos anos. Em 2017, o VAR foi utilizado nas finais do Campeonato Pernambucano, inclusive influenciando no resultado ao anular um gol do Salgueiro contra o Sport. Em 2018, foi testado de maneira "offline" na decisão do Campeonato Carioca e no 'Gre-Nal', pelo Gauchão.
Os testes foram vistos como 'sucesso' pelas empresas e, de modo geral, foram bem aceitos pelos clubes. Na final do Campeonato Catarinense, outro torneio a testar o recurso, a ferramenta custou R$ 60 mil e teve valor dividido entre Chapecoense, Figueirense e a Federação de Santa Catarina.
— Em um período onde a tecnologia está tão avançada, não é possível ficar sem utilizá-la. Nós usamos para tirar dúvidas, as empresas de comunicação usam a imagem para crucificar ou absolver o árbitro. Com o vídeo, você tem mais tranquilidade. Todos os árbitros que trabalharam na final (do Catarinense) tinham feito treinamento da CBF em Águas de Lindóia. Foi um curso de uma semana e o árbitro de vídeo foi o Rafael Traci, que já tinha passado pela experiência no GreNal — defendeu Marco Antônio Martins, diretor do departamento de arbitragem de Santa Catarina.
Para a Copa do Brasil deste ano, a CBF abriu licitação para definir qual será a empresa responsável por fornecer o serviço durante 14 jogos da competição - todos a partir das quartas de final. O custo estimado está na casa dos R$ 45 mil por partida, ou seja, R$ 630 mil no total. O LANCE! listou alguns erros e polêmicas bizarras que o VAR poderia ter evitado no Brasil. Vale conferir.
Quanto custaria o VAR no Brasil: R$ 50 mil (por partida).
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Falta de critério é a principal reclamação na Liga Portuguesa
O VAR do Campeonato Português é o mais barato entre as principais ligas da Europa que utilizam o serviço. A Federação é a responsável pelos custos, que giram em torno de R$ 7,5 mil por partida, de acordo com documentos divulgados pela entidade. A Mediapro venceu a licitação e está responsável pelo serviço durante cinco temporadas. Mas nem tudo são flores no país...
A adaptação da ferramenta, a princípio, foi tranquila. O recurso de vídeo começou a ser utilizado na final da Taça de Portugal do ano passado, entre Benfica e Vitória de Guimarães, mas problemas começaram nesta temporada, quando o recurso passou a ser mais exigido e rotineiramente decidindo lances capitais. A falta de critério da arbitragem se tornou o principal alvo de críticas.
'Não há opinião geral entre os clubes. Ou se ama, ou se odeia'
— Não há um consenso e nunca vai haver. Bruno de Carvalho, presidente do Sporting, foi um dos que mais lutou pela introdução da tecnologia, enquanto Pinto da Costa, presidente do Porto, já criticou e até pediu que acabassem com a utilização do VAR. Alguns treinadores reclamam muito, principalmente quando saem derrotados. Não há uma opinião geral e consensual entre os clubes, treinadores e dirigentes. Ou se ama, ou se odeia, e isso também se aplica aos torcedores — disse Luis Castelo, do jornal esportivo Bancada.
Recentemente, o Belenenses criticou o árbitro por não ter consultado o VAR em dois lances envolvendo o zagueiro Felipe, em que poderiam ser assinalados pênaltis contra o Porto. O Sporting esbravejou após ter um gol regular anulado, mas a arbitragem não consultou o vídeo em três lances penais contra o Benfica. A situação mais bizarra foi em Desportiva das Aves e Boavista, quando uma bandeira tapou a visão do vídeo na hora da consulta. (veja abaixo)
São apenas três casos citados entre dezenas de reclamações dos clubes da Liga Portuguesa. O contexto é explicado pelos próprios dirigentes, que se apegam ao "tradicionalismo" e utilizam da revolta dos torcedores para usar a retórica de que "o VAR estraga emoção". A Federação, por outro lado, reafirma o desejo de profissionalizar o trabalho dos árbitros.
— A probabilidade de ter uma vitória, empate ou derrota resultante de um lance errado do árbitro é menor e isso só pode ser positivo para quem quer um futebol justo e limpo. Eu, por exemplo, apoio 100%. Outro ponto positivo é a abertura das entidades. O VAR, mesmo se mal utilizado, diminui as hipóteses de existirem jogos corrompidos ou resultados combinados, nem que seja pelo fato dos árbitros estarem mais expostos — declarou o jornalista português.
Quanto custa o VAR em Portugal: R$ 7,5 mil (por partida).
Estreou em: Benfica x Vitória de Guimarães, final da Taça Portugal.
Tempo para marcação era problema, mas virou solução na Itália
O Campeonato Italiano talvez seja o melhor exemplo de que o aprimoramento faz o recurso ser mais bem executado. Foi um caos durante sua implementação, uma chuva de críticas por parte dos clubes e torcedores. A principal delas estava no tempo que o árbitro demorava para tomar a decisão, chegando a perder vários minutos durante a consulta.
Isso mudou com o passar das rodadas, quando a arbitragem passou a definir melhor quais lances teriam o uso do VAR. Se antes qualquer polêmica tinha consulta, isso passou a ser restrito a gols, pênaltis e cartões vermelhos. A maior reclamação ficou no critério de marcação, o que gerou uma grande polêmica envolvendo a Lazio - que até ameaçou abandonar o campeonato devido a isso.
'Há casos onde é difícil julgar mesmo com a tecnologia. E o árbitro é quem vai decidir'
— Houve um problema de adaptação no início, mas foi melhorando com os testes. Apesar da tecnologia, a controvérsia nunca será totalmente apagada. Existem casos onde é difícil julgar e, no final, mesmo com o VAR, é o árbitro quem vai decidir e não a tecnologia. Perde um pouco da emoção porque tem que aguardar a decisão do VAR para comemorar, mas é melhor perder cinco ou seis minutos em uma revisão que atribuir uma penalidade que não aconteceu — revelou o jornalista italiano Filippo Cornacchia, do Tuttosport.
Na ocasião, quando enfrentava o Torino, a Lazio teve um pênalti não marcado - mesmo após consulta do VAR - e terminou com a expulsão do atacante Ciro Immobile. Na reunião dos clubes com a Federação, a equipe italiana reclamou que era constantemente prejudicada pelas marcações do assistente de vídeo. Pouco depois, os acertos provaram que a reclamação não tinha sentido.
O fato é que esse foi o grande problema no uso do sistema. Os diferentes critérios usados pelos árbitros para utilizarem ou não o recurso configuram algo que ainda está sendo mais bem definido pela Federação Italiana. De lá para cá, os árbitros estão sendo orientados a usarem o vídeo apenas em casos extremos. Os números mostram que há maior benefício que prejuízo aos clubes.
— Apesar do julgamento dos clubes italianos ser positivo, os que mais reclamam de erros sofridos são Juventus, Milan e Lazio. Eles (clubes) pedem para que o VAR seja utilizado na Liga dos Campeões e na Liga Europa. No Campeonato Italiano, o recurso foi usado e tivemos 105 correções e apenas 17 erros — disse o jornalista italiano.
O valor investido pela Federação Italiana é de € 2 milhões, cerca de R$ 7,6 milhões por temporada. O custo por jogo é de R$ 20 mil. Antes da implementação oficial e da aprovação pela corte arbitral italiana, o recurso foi testado em mais de 60 jogos do torneio de modo offline.
Quanto custa o VAR na Itália: R$ 20 mil (por partida).
Estreou em: Juventus x Cagliari, primeira rodada da temporada 2017/18
Demissão de 'chefão' e pênalti no intervalo marcam a Alemanha
Caos na Itália e em Portugal, mas a implementação do recurso na Alemanha ocorreu com tranquilidade. Claro, algumas falhas iniciais, como a demora para a exibição de imagens nos telões, mas tudo encontrou seu caminho rapidamente. A maior polêmica foi extracampo, quando aconteceu a demissão de Hellmut Krug, chefe do centro de controle do árbitro de vídeo.
Ele foi demitido após acusações de favorecer o Schalke 04, seu clube do coração. Na ocasião, teria interferido em duas ocasiões para favorecer a equipe contra o Wolfsburg. A Federação emitiu um comunicado afirmando "transparência nos procedimentos" momentos após anunciar sua saída. O início foi de desconfiança pelos resultados vistos mundo afora, de muita lentidão em definir lances decisivos.
Mas com o tempo, e graças ao investimento feito pela DFB, tudo aconteceu de ótima maneira. No entanto, dentro de campo,ainda não há um consenso entre os atletas. A revista Kicker fez uma entrevista com os jogadores no começo de 2018 e havia divisão: dos 219 jogadores entrevistados, 47% eram contrários, 42% eram favoráveis e 17% se abstiveram.
'Quem é prejudicado, reclama, mas no jogo seguinte é favorecido e diz que está tudo bem'
- A opinião dos clubes varia pela situação. Quem se sente prejudicado pela tecnologia vai reclamar, mas no jogo seguinte é favorecido e fala que está tudo bem. Do ponto de vista dos clubes, não vejo uma manifestação contrária, vejo muita reclamação por parte da torcida e da mídia local. Talvez, no final da temporada, a Federação possa fazer um balanço do experimento e pedir a opinião dos clubes — declarou Nathalia Araujo, editora da revista Onefootball, de Berlim.
O VAR causou polêmica no dia 16 de abril, na partida entre Mainz 05 e Freiburg. Aos 44 do primeiro tempo, a bola bateu na mão do zagueiro do Freiburg e a revisão aconteceu durante o intervalo. Os jogadores foram chamados do vestiário apenas para cobrança da penalidade. Mais recentemente, um gol anulado do Bayern de Munique chamou atenção pelo exagerado tempo perdido durante sua marcação.
— Teve um caso com Bayern onde um gol demorou dois minutos para ser anulado. A partida já estava rolando, a torcida já tinha comemorado, e mandaram voltar. Existe uma certa polêmica, mas isso dá para melhorar. Foi um período de adaptação turbulento, mas esperado por ser uma tecnologia nova. Eles buscam sempre aperfeiçoar — disse a jornalista brasileira, que atualmente mora e trabalha na Alemanha.
O sistema de VAR na Alemanha está localizado na cidade de Colônia e é gerido pela DFB. Os árbitros e assistente se baseiam nas mesmas imagens fornecidas pela empresa que abastece a televisão local. A Federação investe cerca de R$ 7,26 milhões por temporada, ou seja, R$ 23,7 mil por partida.
Quanto custa o VAR na Alemanha: R$ 23,7 mil (por partida).
Estreou em: Bayern x Leverkusen, primeira rodada da temporada 2017/18
MLS: a inclusão mais simples entre as ligas com VAR
Como a maioria dos esportes norte-americanos têm recurso de vídeo, não foi nenhuma novidade a presença na Liga Americana. Os líderes sempre deixaram claro que fariam de tudo para ter o recurso de forma rápida e segura. Como a MLS é independente e tem influência nos bastidores na Federação dos EUA, colocar o plano em prática não foi problema.
Foram realizados testes offline nos 22 estádios da liga até o All-Star Game na temporada 2017. O processo de montagem de equipamento, posicionamento de câmeras e atuação dos árbitros nas cabines aconteceu, mas nada foi passado para o campo. O VAR passou a ter interferência direta nas rodadas seguintes, influenciando diretamente nas partidas.
'Embora solucione a maioria dos problemas, ele (VAR) ainda não é perfeito'
— A ideia de ter a tecnologia partiu da própria MLS. Os proprietários das franquias são os sócios da liga, então se a vontade partiu de dentro para fora, é fácil entender que houve um consenso. É cultural do esporte estadunidense ter o vídeo auxiliando a arbitragem, e muitos destes “cartolas” são investidores destes outros campeonatos. Foi algo natural — afirma o jornalista Junior Ribeiro, especialista na cobertura do futebol norte-americano.
Como nem tudo é perfeito, mesmo em solo norte-americano a aplicação do VAR nesta temporada tem acontecido de maneira bem duvidosa na MLS. Os erros têm sido bem gritantes e chegam a virar 'piada' nas redes sociais. A principal dificuldade está no tempo de pausa. Em alguns momentos, resolve-se em segundos, mas em outros ultrapassa dois ou três minutos.
Em sua pesquisa anual – e anônima – com jogadores da MLS, o site ESPN FC (dos Estados Unidos) perguntou sobre o impacto do VAR na liga: 58% dos atletas declararam que é positivo. Outros 12% votaram negativo. Além disso, 29% disseram que ainda é muito cedo para falar sobre o assunto. Cerca de 1% não respondeu.
— A arbitragem na MLS não é das melhores, reclamações sobre erros são constantes nos Estados Unidos. O árbitro de vídeo é um recurso que vem sendo bem utilizado na liga, mas não menos polêmica. Um equívoco ou omissão tem certa repercussão. Embora solucione a grande maioria dos problemas, ainda não é perfeito. O VAR segue evoluindo — disse Ribeiro.
Dois casos famosos de erros grotescos, mesmo com o VAR, chamaram atenção na MLS: a expulsão de Kaká contra o New York Red Bulls, em 2017, quando o brasileiro, no meio de uma confusão, brincou com o francês Collin, seu ex-colega de time (veja abaixo). Semanas depois, o marfinense Xavier Kouassi recebeu um cartão vermelho por um lance em que não fez falta no adversário. A expulsão foi mantida mesmo após a revisão.
Quanto custa o VAR nos Estados Unidos: não declarado.
Estreou em: FC Dallas x Philadelphia Union, em 5 de agosto de 2017.
Resistência na Inglaterra e "conservadorismo" na Uefa
A Premier League é a única entre as cinco maiores ligas da Europa que não utilizou o VAR nesta temporada. Os testes na Copa da Liga Inglesa e na Copa da Inglaterra foram considerados desastrosos, o que fez com que dois terços dos clubes votassem pela não utilização do recurso. O uso do árbitro de vídeo chegou a ser tratado com ironia na terra da rainha pelos dirigentes.
— Lembro de um jogo do Tottenham, pela FA Cup, em que ele foi usado várias vezes, com muitos atrasos e, em uma situação, o árbitro tomou a decisão errada, mesmo tendo usado o VAR. Por motivos como esse, é visto como uma piada. Obviamente está em estágio de teste, então haverá erros. Há muitas coisas para consertar antes que possam ser usadas — revela Sam Lee, correspondente da versão britânica do portal Goal, em Manchester.
O maior desastre aconteceu em fevereiro deste ano, quando o árbitro pediu auxílio em lance de gol do espanhol Juan Mata, do Manchester United, contra o Huddlesfield na Copa da Inglaterra (veja abaixo). As imagens exibidas no telão não foram as mesmas que o árbitro viu para tomar a decisão, o que gerou revolta entre torcedores e jogadores. Essa se tornou a grande preocupação da Federação Inglesa.
'Guardiola quis usá-lo (VAR), mas United e Chelsea não quiseram'
O contato do VAR com o público telespectador ou no estádio é a reclamação mais forte feita contra a tecnologia. A entidade admite que precisa melhorar na maneira de passar a informação para quem assiste à partida. Os clubes também concordam que o processo do VAR atrapalha no entendimento dos torcedores. Já entre os treinadores, a opinião é mais dividida.
— Os clubes da Premier League votaram a possibilidade de usar o VAR na próxima temporada, mas a maioria rejeitou. Eles querem esperar para ver como é usado em outros lugares primeiro, antes de usá-lo na Premier League. Entre os treinadores, Pep Guardiola disse que City queria usá-lo, mas United e Chelsea estavam entre os clubes que não quiseram — revelou Sam Lee.
Fora da Inglaterra, outro torneio que resiste ao VAR é a Liga dos Campeões. O presidente da Uefa, Aleksander Ceferin, declarou ser contra a implementação do árbitro de vídeo na competição e também criticou o uso durante a Copa do Mundo. Ele se diz "conservador" e prefere que o árbitro não seja um robô.
— Eu sei que voltaremos a falar mais tarde, mas sobre esse assunto (árbitro de vídeo) eu sou um pouco conservador. O árbitro deve continuar sendo o juiz, senão é como se fosse um robô que toma as decisões - disse o esloveno, em entrevista ao jornal "La Repubblica". Pouco tempo depois, reafirmou sua posição ao "Telegraph" com mais críticas ao recurso:
—Não vamos usá-lo na próxima temporada da Champions League. Posso dizer isso. Eu acho que não há mais volta, mas precisamos educar os árbitros apropriadamente. Ninguém sabe exatamente como funciona, o que pode ser um grande problema. Então vamos ver o que acontece na Copa do Mundo e decidimos. Não deveríamos apressar uma decisão que ainda não é clara. Eu vejo muita confusão de tempos em tempos — declarou o mandatário.