Reconstrução: como o Newcastle foi da segunda divisão à Europa após venda bilionária

Após anos de ostracismo, clube do norte da Inglaterra voltou a figurar na elite do futebol do país

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O Newcastle United é um dos clubes mais tradicionais do futebol inglês. Com uma torcida apaixonada e uma das maiores do país, o clube viveu períodos difíceis, principalmente na chamada “Era Mike Ashley”, quando os Magpies eram geridos pelo empresário britânico Michael James Wallace Ashley, entre 2007 e 2021.

Não faz muito tempo que o Newcastle amargou um duro rebaixamento. Na temporada 2015/16, curiosamente no ano em que o Leicester City se sagrou campeão inglês, os Magpies caíram da Premier League e disputaram a Championship na temporada seguinte. Na era Mike Ashley, foram dois rebaixamentos e campanhas sem nenhum destaque do clube na primeira divisão.

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Mas agora, a situação é bem diferente. Após a venda do clube para o fundo de investimentos estatal da Arábia Saudita, o Newcastle investiu e voltou a figurar entre os gigantes do futebol inglês. A temporada 2022/23 foi a prova disso, visto que os Magpies se classificaram para a próxima edição de Uefa Champions League, após conquistarem o 4º lugar na tabela da Premier League.

PROTESTOS E DESEJO DE MUDANÇA
Como era de se esperar, a torcida do Newcastle estava insatisfeita com a gestão do empresário. Episódios como a tentativa de mudança de nome do St. James’ Park, casa centenária do clube, demissão considerada injusta de Rafa Benítez (que então era idolatrado pelos torcedores) minaram qualquer possibilidade de conciliação entre os fãs e a diretoria do clube.

Após várias tentativas frustradas, o Newcastle enfim foi vendido em 2021 ao PIF (Public Investment Fund), fundo estatal da Arábia Saudita, pelo valor de 305 milhões de libras. A aquisição, na época, foi alvo de diversas controvérsias, dado a origem polêmica do dinheiro do consórcio, gerido em 80% pelo PIF, e o restante dividido entre RB Sports & Media e PCP Capital Partners.

IMPACTO IMEDIATO

O Newcastle, um dos “novos ricos” da Inglaterra, viu mudanças acontecerem a curto prazo logo após sua venda. Reforços de peso chegaram, como o volante Bruno Guimarães, o goleiro Nick Pope, o lateral Kieran Trippier, e o atacante Isak, e o patamar da equipe foi elevado, sem contar a chegada do técnico Eddie Howe. Ao todo, somando as principais 11 contratações desde a aquisição do PIF, o clube desembolsou cerca de 312 milhões de euros nas temporadas 2021/22 e 2022/23.

Diferente de outros treinadores da história recente do clube, Howe pensava futebol de forma diferente, intensa e ofensiva. E deu certo. Muito certo. Até mesmo além do que os novos donos projetavam. Ao invés de um esperado “Top 10”, o Newcastle conseguiu terminar a temporada 2022/23 na 4ª posição, com 71 pontos, se classificando para a Uefa Champions League e deixando Liverpool e Tottenham de fora da competição.

A campanha foi das melhores e lembrou aos torcedores tempos de glória do clube já na era Premier League, como no período do lendário centroavante Alan Shearer, maior artilheiro da história da liga no atual formato.

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O QUE O FUTURO RESERVA

Newcastle viveu temporada mágica (Foto: LINDSEY PARNABY / AFP)

Tem sido comum no futebol moderno que clubes com investimento pesado se tornem potências nacionais. É o caso do Paris Saint-Germain, na França, e do próprio Manchester City na Inglaterra. Contudo, o caso do Newcastle é mais “pé no chão”.

Já tradicional e com uma das maiores torcidas do país, o Newcastle vive um cenário de reconstrução. E para isso, apesar do alto valor investido pelos sauditas, o clube não planeja ostentar e “torrar” dinheiro em astros. Aposta na base e em reforços pontuais, além de visar a manutenção de seus principais jogadores para manter a espinha dorsal de um projeto que, até o momento, vem dando muito certo.

Em 2023/24, a aventura dos Magpies não está restrita somente ao solo britânico. Pela primeira vez após 20 anos, o Newcastle volta a disputar uma Liga dos Campeões da Europa. Isso significa mais dinheiro em caixa, mais visibilidade e, quem sabe, uma regularidade capaz de incomodar o Big Six. E quem sabe, o grupo de elite do futebol inglês abra vaga para um “nem tão” novo grande.

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