Reestruturação de Espanha e Alemanha justifica ótima campanha da dupla na Eurocopa

Seleções passaram por momentos vitoriosos no começo da última década, mas sucumbiram após envelhecimento de gerações

Escrito por Lucas Borges, supervisionado por

Espanha e Alemanha, adversárias desta sexta-feira (5) nas quartas de final da Eurocopa, carregam mais semelhanças do que diferenças em seus elencos. Treinadores de trabalhos recentes, que chegaram após a Copa do Mundo de 2022, e lideraram revoluções nos plantéis. Revoluções que, nesta competição, fizeram toda a diferença.

Em algumas partidas, os confrontos individuais entre atacantes habilidosos e zagueiros de destaque aparecem como definidores do embate. Quem leva a melhor costuma decidir. Capítulos recentes entre Vinícius Jr e Ronald Araújo em episódios de El Clásico; duelos entre Haaland e Gabriel Magalhães que foram decisivos em recentes edições da Premier League; se voltarmos no tempo, nos lembramos da digladiação de Maradona e Lothar Matthäus na Copa do Mundo de 1986...

➡️ Espanha x Alemanha: onde assistir ao vivo, horário e prováveis escalações do jogo pela Eurocopa

Mas o duelo entre a Fúria e a Mannschaft chamará a atenção dos fãs por duelos em extremidades opostas. As duas seleções viveram tempos difíceis após glórias máximas. A Espanha, campeã europeia e 2008 e 2012, além do Mundial da África do Sul de 2010, viu sua geração de Xavi, Iniesta, Casillas e outras estrelas envelhecer, e se perdeu nos momentos de reconstrução, com decepções nas três Copas do Mundo seguintes.

Desde a chegada de Luis de la Fuente, a seleção lidou com o surgimento de joias. Na zaga, Le Normand cresceu e se firmou como pilar do sistema defensivo; um Rodri cada vez mais maduro na construção e com gols decisivos se alia a Pedri na armação; nas pontas, os diamantes Lamine Yamal e Nico Williams infernizaram todos os laterais que enfrentaram até aqui na Eurocopa, encantando o continente.

Nico Williams e Lamine Yamal são as apostas da Espanha contra a Alemanha (Foto: Angelos Tzortzinis / AFP)

Da mesma forma, a Alemanha voltou a arregalar os olhos de quem entra em seu caminho. Depois do título da Copa de 2014, a geração viu a queda de nomes como Lahm, Schweinsteiger e Boateng. Na entresafra, apanhou: eliminações ainda na fase de grupos das últimas duas Copas do Mundo, além da eliminação nas oitavas do continental.

Foram necessárias mudanças. A federação do futebol local fez mudanças até demais: o balanço com a saída de Joachim Low em 2021, as tomadas de decisão com Hansi Flick e o mau futebol jogado... surgiria Julian Nagelsmann, mesmo contestado após trabalho no Bayern, para introduzir novos destaques. Musiala assumiu mais claramente a liderança técnica da equipe; Andrich, Tah e o badalado Florian Wirtz vieram de um Bayer Leverkusen encantador com Xabi Alonso para tentar reescrever a história e mudar os rumos.

Musiala, Wirtz, Tah e Henrichs: a nova geração da Alemanha vai com tudo no duelo com a Espanha (Foto: INA FASSBENDER / AFP)

Mesmo que o título não venha, as receitas foram bem colocadas em prática pelos treinadores. De La Fuente e Nagelsmann souberam manter medalhões de liderança, como Carvajal e Morata pela Fúria e Kimmich e Neuer pela Mannschaft, aliados aos mais jovens. Mescla que traz resultados. Eleva o espírito dos mais velhos, amadurece os mais jovens. Todos saem ganhando.

➡️ Tudo sobre os maiores times e as grandes estrelas do futebol no mundo afora agora no WhatsApp. Siga o nosso canal Lance! Futebol Internacional

Quis o destino que as duas seleções do melhor futebol jogado até o momento na competição precisassem embater por uma vaga na semifinal. Mereciam a decisão pelo que vêm fazendo. É a prova de que o dedo do treinador é cada vez mais fundamental não só na parte tática ou nas estratégias, mas também na administração de seu elenco fora das quatro linhas. O que querem e o que não querem ao seu lado.

Certamente, Luis e Julian querem a taça continental, e para isso, confiam em seus jovens. A Alemanha que se cuide, pois Yamal e Williams querem mostrar novamente que a alegria de jogar futebol foge do lado moderno e se mantém na esfera anímica. A Espanha que abra seu olho, pois a geração alemã está cada vez mais pronta para fazer história em casa. E quem assiste o jogo, de casa ou em Stuttgart, que se cuide: é promessa de clássico na Europa.

Siga o Lance! no Google News