Após se destacar no Atlético-PR na última temporada, ajudando o Furacão a conquistar uma vaga na Copa Libertadores, o volante Hernani deixou o futebol brasileiro para enfrentar o frio da Rússia. O Zenit pagou 8 milhões de euros (R$ 27,2 milhões) por 80% dos direitos econômicos do jogador.
Hernani, de 22 anos, assinou por cinco temporadas com o time de São Petersburgo e vai receber cerca de R$ 500 mil mensais. Ele tinha contrato até 2018 com o Atlético-PR.
Além do upgrade salarial, Hernani também terá a oportunidade de jogar a Liga Europa. O Zenit avançou sem problemas na fase de grupos e vai encarar o Anderlecht, da Bélgica, no mata-mata. No Campeonato Russo, está em segundo - cinco pontos atrás do Spartak Moscou - posição na qual estaria classificado para a etapa preliminar da Liga dos Campeões.
- O Zenit é um clube de alto escalão e está sempre disputando os torneios mais importantes da Europa, além de brigar por títulos nacionais também. Jogar uma Liga Europa e uma Liga dos Campeões sempre foi um sonho que tive, e chegou a hora de realizar. Vou me preparar da melhor forma possível para desempenhar um bom papel - disse o volante, em entrevista exclusiva ao LANCE!.
Há menos de um mês na Rússia, Hernani já sofre com o inverno rigoroso do país, com temperaturas negativas. Ele revelou que os outros brasileiros do elenco - Maurício e Giuliano - estão dando um suporte para melhorar a adaptação.
- Esse tempo que estou aqui está sendo muito importante para a minha adaptação ao clube. Curitiba também era frio, mas não tem comparação. Aqui tem o Giuliano e o Maurício que me dão um suporte quando não entendo alguma coisa, mas é questão de tempo e costume para toda essa adaptação. Nesse período sem jogos, aproveitamos para aperfeiçoar os treinamentos para quando a temporada recomeçar, tudo esteja preparado para realizarmos grandes jogos.
VEJA A ENTREVISTA COMPLETA
Você deixou o Atlético-PR logo após se destacar no Brasileirão e ajudar o time a conquistar uma vaga na Libertadores. O que te levou a jogar no Zenit?
Eu fiquei muito feliz pela temporada que fiz jogando pelo Atlético-PR. Consegui fazer bons jogos, me destacar e chamar a atenção de um grande clube da Europa, que está sempre disputando campeonatos importantes. É a questão da boa oportunidade, que nunca sabemos se vai acontecer de novo. Chegou a proposta, era boa para todo mundo e resolvi aceitar esse desafio. Jogar os campeonatos europeus vai ser muito bom para o meu desenvolvimento pessoal e profissional.
Atuar na Libertadores pelo Furacão não seria uma forma de se valorizar ainda mais?
A Libertadores é um campeonato que todos querem jogar, mas achei que chegou o meu momento de sair. Conversei com o Autuori e ele me apoiou na minha decisão. O Atlético-PR vem forte para o torneio, com grandes jogadores e um técnico excelente, e tenho a certeza que fará uma grande campanha. Não estou mais no clube, mas estarei na torcida e mandando energia positiva para os meus ex-companheiros.
Mal chegou e já atuou em um amistoso, contra o Changchun Yatai, da China. Como foi a experiência da primeira partida pelo Zenit, ainda mais com goleada?
O treinador vem dando oportunidade para todos que estão no elenco, para que ele possa ter uma base e tirar suas conclusões do que é melhor para o time. Vim para cá com a intenção de estar sempre jogando, então estou me doando ao máximo nesse período de pré-temporada para que, quando as chances aparecerem, eu poder agarrar com todas as forças.
O Zenit está em segundo no atual Campeonato Russo e venceu três dos últimos seis torneios nacionais. Quem você analisa como o maior adversário? O Spartak Moscou, que é o líder, ou o CSKA, atual campeão?
Acho que cada clube tem suas virtudes e seus defeitos. Aqui nós temos esses dois clubes como grandes rivais nas disputas pelos títulos, mas acho que não tem um que seja mais difícil. Cada um oferece um tipo de dificuldade, mas não podemos ficar pensando nisso. Temos que focar no nosso trabalho, no nosso desempenho para que possamos estar melhor que os outros clubes.
O Campeonato Russo só volta no início de março por conta do rigoroso inverno. Como isso pode atrapalhar a preparação para você, que acabou de chegar?
Eu estava em Curitiba, que também é uma cidade fria, mas sei que não existe comparação com o inverno russo. Vai ser complicado no início, mas é tudo uma questão de tempo para se acostumar. Outros brasileiros atuam aqui e também passaram por isso, então estou tranqüilo e procurar me adaptar da melhor forma possível.
Nos primeiros treinos, você vem tendo chances no time titular? Há espaço para você, Maurício e Giuliano atuarem juntos na equipe?
Esse é um período em que todos os jogadores estão voltando de férias, e o treinador está dando oportunidade para todos os atletas do elenco, em busca do time ideal. Sobre quem vai jogar, fica a cargo dele, mas acho que temos condições de jogar juntos sim. Vamos trabalhar e, quem sabe, poder formar essa trinca brasileira atuando pelo Zenit.
O que você recebe de informação sobre a tensão política que vive a Rússia neste período, com relação à Turquia, Estados Unidos e até a Síria?
Até nós não chega muita coisa. Isso é um assunto mais externo, mas tenho certeza que o pessoal do clube está atento a tudo o que acontece no país. Se tiver que nos avisar de alguma coisa, irão fazer, mas por enquanto não teve nada disso.
A Rússia é um país com muitas regras e costumes. O clube lhe passou alguma cartilha do que pode ou não fazer?
Não me passaram nada de específico, mas acho que aqui é do jeito que deveria ser em qualquer lugar do mundo, onde o respeito ao próximo é a regra principal. A partir disso, se constroem boas relações e tudo fica mais fácil.