A notícia de que o meia Lucas Paquetá, do West Ham e da Seleção Brasileira, tem um acerto para defender o Manchester City a partir da próxima temporada não é exatamente uma surpresa para quem acompanha o futebol europeu.
Na última janela de transferências o jogador já esteve na mira do time azul, mas uma investigação da Federação Inglesa sobre um possível envolvimento do atleta em esquema de apostas fez com que a negociação esfriasse. À época, se dizia que Pep Guardiola, técnico do City, via em Paquetá o substituto ideal para De Bruyne na equipe.
Se depender da forma como o brasileiro atua no West Ham, no entanto, a comparação entre ele e o belga acaba perdendo o sentido. Isso porque, no clube londrino, Paquetá exerce funções um pouco mais defensivas que o craque do Manchester City.
Sob o comando de David Moyes, um técnico da "velha guarda", que costuma organizar suas equipes de maneira simples, Paquetá atua como meia-esquerda no 4-4-2 em duas linhas. No momento defensivo, o brasileiro fecha o corredor e ajuda a marcar a subida dos laterais adversários. Na fase ofensiva, entretanto, o atleta ganha liberdade para atuar pelo centro do campo, como um meia.
É verdade que este movimento só ocorre por conta do ataque de mobilidade (ou funcional) do West Ham, no qual jogadores se aglomeram ao redor da bola e trocam passes curtos, com movimentos de aproximação, para fazer a posse rodar o campo.
Este estilo de jogo é totalmente diferente do chamado "jogo de posição" de Guardiola, no qual jogadores são distribuídos em diferentes áreas do campo e utilizam o espaço (e não a bola) como referência para movimentações - clique aqui e leia mais sobre o assunto.
Entretanto, estes movimentos em função da bola potencializaram aquela que seria a principal virtude de Paquetá em sua carreira, desde que surgiu no Flamengo: a versatilidade. Podendo atuar tanto por dentro como pelos lados, e exercendo funções defensivas e ofensivas na mesma proporção, o brasileiro consegue atuar como segundo ou terceiro homem de meio-campo, além de ponta e até segundo atacante.
No sistema tático de Guardiola, o 3-2-5 (que tem início no 4-1-4-1), é possível ver o brasileiro atuando em, ao menos, duas posições: como terceiro homem de meio-campo, posição hoje ocupada por Kovacic; e como ponta por qualquer um dos lados, função hoje exercida por Bernardo Silva, um dos homens de confiança do técnico espanhol justamente pela capacidade de atuar em mais de uma posição.
Por se tratarem de posições na quais os jogadores precisam de inteligência e capacidade de ditar o ritmo de jogo para atuar, a tendência maior é que o brasileiro seja utilizado mais nestas funções do que na de De Bruyne, como meia ofensivo, o responsável pelo passe final no ataque.
Desde que desembarcou na Europa, Paquetá defendeu Milan e Lyon antes de chegar ao West Ham. A provável transferência do meia para o Manchester City é a consolidação de um dos maiores talentos brasileiros da atualidade, e o trabalho com Guardiola pode ser um diferencial para o desenvolvimento daquele que promete ser o dono do meio-campo da Seleção na próxima Copa do Mundo.