Ex-técnico do Real revela erros do clube durante era dos Galácticos

Carlos Queiroz fala sobre a única temporada em que ficou à frente da equipe merengue

imagem cameraCarlos Queiroz é o treinador do Irã (Foto: Divulgação)
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Lance!
Madri (ESP)
Dia 12/10/2018
18:49
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Atualmente no comando da seleção do Irã, Carlos Queiroz teve uma missão das mais complicadas na temporada 2003/04. Ele foi escolhido para o ser o técnico do Real Madrid, que tinha, na ocasião, o time conhecido como "Galáctico". A passagem do português não foi das melhores, mas ele não se arrepende da oportunidade.

Queiroz teve que montar um verdadeiro esquadrão no Real com jogadores do quilate de Casillas, Roberto Carlos, Figo, Zidane, Raúl e Ronaldo. Para deixar a missão ainda mais complicada, o treinador chegou após uma temporada de sucesso, com os títulos da Liga dos Campeões, Mundial de Clubes e Espanhol.

No entanto, Queiroz não teve sucesso na temporada que teve à frente dos Merengues. O seu único título foi a Supercopa da Espanha. As campanhas nas outras competições foram fracas: quarto lugar no Campeonato Espanhol, parou nas quartas de final da Liga dos Campeões ao ser eliminado pelo Monaco e foi vice-campeão da Copa do Rei.

- Houve três pecados mortais cometidos quando eu estava em Madri. Foram os três M's: Milito, Makelele e Morientes. Esses três erros custaram os empregos dos três ou quatro treinadores depois de mim e muitos milhões de euros na reconstrução de Madrid. Esses três pecados mudaram tudo e foi a razão pela qual tudo correu mal - disse Queiroz, ao jornal "Tribuna Expresso".

VEJA ALGUNS TÓPICOS DA ENTREVISTA DE CARLOS QUEIROZ

VENDAS EQUIVOCADAS


"Durante o período em que eu estive no Real Madrid, vi que era um clube de vendas e não um clube de compras, pois a diretoria tinha uma meta, que era reduzir o déficit a zero, algo que o presidente havia prometido aos sócios. A política era basicamente: seis Galáticos - todos no meio campo para frente - e os 'Pavones' ficavam na defesa. Mas naquela equipe, havia também Makelele e Morientes e os dois saíram.

Com o Morientes, logo após a conquista da Supercopa, tive uma conversa e disse: 'Vejo você na terça-feira'. E ele respondeu: 'Terça-feira? Você não ouviu? Fui emprestado para o Monaco'. Eu não fazia ideia.

Morientes deixou o Real para atuar no Monaco (Foto: Reprodução)

Na hora eu pensei que pelo menos eu ainda tinha Makelele e que assim poderia largar Helguera na defesa central, onde ele se saiu bem. Mas logo depois Makelele saiu para se juntar ao Chelsea, pois ele não estava vendendo camisas e para que Beckham pudesse jogar no meio. A posição de Beckham era meia direita, mas quando entrei no Real Madrid, essa posição já estava preenchida por Figo."

CONTRATAÇÕES ERRADAS

"Havia mais problemas. O Real contratou Gabriel Milito para substituir o capitão Fernando Hierro, que havia sido liberado apenas dois dias após o time ter vencido o campeonato da temporada 2002/03

Hierro é um dos ídolos do Real Madrid (Foto: Divulgação)

Nós perdemos Hierro. Eu precisava de um zagueiro, então trouxe Milito. Ele assinou o contrato depois de passar pelos exames médicos, mas na tarde em que tudo aconteceu, ele também foi rejeitado. Eu recomendei a contratação de Luisão, que estava no Benfica, e Pepe, que estava com o Marítimo --poderíamos ter assinado o Pepe por 1,5 milhões de euros e anos. Não foi feito. Anos depois o Real Madrid pagou 30 milhões de euros para trazer o Pepe"

CONVITE DO REAL

“Quando me disseram sobre o projeto e ofereceram o cargo de técnico, não me senti enganado. Eu sabia exatamente quais eram as implicações daquele trabalho, conforme (o diretor de futebol) Valdano me explicou. Ele me disse: 'Precisamos de um treinador para liderar este projeto e você é o homem que estamos procurando. Quando você recebe uma oferta de trabalho do Real Madrid o seu primeiro pensamento é dizer sim. Depois você pensa nas consequências"

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