Tévez: final deste sábado pode ser a hora do adeus perfeito
Atacante, que fez gol decisivo contra o River na semifinal da Libertadores de 2004, pode encerrar a carreira após o confronto decisivo diante do rival no Monumental
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Com a possibilidade de ser titular na grande final da Copa Libertadores, neste sábado, às 18h (de Brasília), devido a lesão de Pavón, Carlos Tévez, de 34 anos, se prepara para o confronto da sua vida e poderá dizer adeus ao futebol no fim desta temporada.
Não será o Carlitos de 2003, nem mesmo o do Corinthians, Manchester ou Juventus. Será mais completo, dono de um ofício e símbolo de protagonismo. Apelidado por Sorín como o "capitão da vida", ninguém carrega um espírito vencedor como o seu. Carlos Tevez é um craque, uma figura inigualável.
- A passagem de Carlitos Tevez pelo Corinthians foi um fenômeno. Ele mudou comportamentos, como o cabelo das crianças, que tentavam imitar seu corte peculiar. Dentro de campo foi o principal jogador da conquista do Campeonato Brasileiro de 2005 e sempre jogou bem contra o principal rival, o Palmeiras. Unia as duas principais qualidades que o torcedor do Corinthians, assim como o do Boca, admira: sabia jogar e tinha muita vontade -- contou Celso Unzelte, jornalista e escritor.
O desgaste físico e o número de atacantes em boa fase, donos de uma velocidade que é a identidade xeneize, fizeram com que Tévez ocupasse o banco de reservas. Apesar disso, sempre singular, ressurgiu com boas participações toda as vezes que entrou. Marcou dois gols contra o Tigre - penúltimo jogo da Superliga, e teve atuação consagrada diante do River, quando deixou Benedetto na cara a cara com Armani. Se a jogada terminasse em gol, poderíamos dizer que a partida foi vencida por Tévez.
"A final é pelo que você veio", disse o técnico Guillermo Barros Schelotto a Carlitos antes de entrar. São nove jogos de Tévez nesta Libertadores e três gols. Além de já ter sido campeão do torneio pelo Boca, conhece muito bem o palco da conclusão e pode reviver noite heroica de 2004.
O Boca perdia para o River por 1 a 0 na semifinal da Libertadores. Tévez entrou no segundo tempo e fez história, empatou a partida que seria vencida nos pênaltis pela equipe de Carlos Bianchi, os xeneizes estavam na final. Na comemoração do gol, o "jogador do povo" celebrou fazendo a famosa "gallinita" e acabou expulso por provocação. O poema foi declamado. Algo havia sido decretado naquela noite, o garoto humilde de Apache estava mudando sua história e o mundo.
- Eu tento me preparar pra ler o jogo, se eu tiver que entrar, como me mover, onde me mover. Sendo protagonista ou não, quero carregar essa história. Sonho com poder dar alegria a essa gente, quero ajudar o clube a ganhar a sétima. Sigo sonhando, senão estaria em casa com a família. Vitórias pessoais já tenho, mas quero seguir dando alegria à essa gente. É, sem dúvida, a final mais importante da minha carreira, não é por minha causa, é pela glória do clube. Quero estar lá no sábado - assegurou Tévez, que classifica o título como dívida pessoal.
Tévez tem história nos gramados, mas, entre um jogador muito bom e um craque, existem algumas virtudes que não são compradas. O futebol é dinâmico, é visceralmente atravessado por confiança e liderança. Jogadores como Carlitos, são imunes ao medo e movidos pelo coração, uma qualidade que nem todos os jogadores de Guillermo têm. Talvez não jogue os 90 minutos, mas sua regência será fundamental para levar o Boca Juniors ao topo outra vez.
-- É difícil explicar tudo o que se sente, é fúria, é loucura, mas o importante é que temos que estar focados, eu sempre digo aos meus companheiros de equipe, esses jogos são definidos por uma distração. Você tem que pensar apenas sobre o jogo, as finais têm isso: a cabeça pode jogar a favor ou contra você - assegurou.
Não sabemos qual será o desfecho de sua gloriosa carreira. Mas afirmo com total louvor, somos a geração que viu um argentino conquistar tudo e virar ídolo por onde passou. Em seis dias, sagrando-se campeão ou não, encerra o ano como um dos maiores ídolos do Boca Juniors e do futebol mundial. Nós, donos do fanatismo exorbitante, o agradecemos.
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