Agosto de 2020. O mundo vivia os aterrorizantes momentos da pandemia de Covid-19. Os que pensaram ficar uma, duas, quatro semanas, acabaram vivendo meses presos dentro de suas casas. Como um alento em meio ao caos, a Champions League viveu 20 dias de emoção, entregando a torcedores de todo o mundo algo para distrair a mente dos problemas universais.
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Brasileiros de todas as partes se uniram para apoiar Neymar em sua toada com o Paris Saint-Germain, sonhando com a primeira conquista do clube francês na competição. O desfecho, porém, coroou um avassalador Bayern de Munique em Portugal. Na vizinhança ibérica, em Madri, um Vini Jr em evolução na Europa sentia as dores da queda para o Manchester City, ainda nas oitavas, e dispararia no mês seguinte: 'Eu certamente espero que possa fazer cada brasileiro torcer por mim um dia'.
Nunca saberemos se todos os nove dígitos de brasileiros hoje torcem para Vinícius. Mas todos têm razões para o fazer. Um menino de São Gonçalo, no Rio de Janeiro, tendo feito sua iniciação no modesto Canto do Rio e despertado os olhares do mundo ao vestir a camisa do Flamengo, hoje volta ao topo da Europa. E se aproxima do topo do mundo.
A final da Champions certamente seria um divisor de águas no sonho de vencer a Bola de Ouro. Caso vencesse, se credenciaria para ser escolhido o melhor do mundo. Mas se a Orelhuda escorregasse e parasse nas mãos do Borussia Dortmund, outros candidatos, ainda com a Eurocopa para disputar, poderiam surgir.
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Quis o destino que a bola chegasse em seus pés, limpa, aos 37 minutos e oito segundos do segundo tempo. Pela ponta esquerda de ataque, cara a cara com um pobre goleiro Kobel, que a esta altura do jogo, fazia milagres. Ao sair do gol, sabia o que estava diante de seus olhos: a história. Entre o domínio e o balançar das redes, de dois a três segundos. A comemoração, atemporal. "Eu tô aqui". A frase que fora difundida por outro histórico camisa 7 do Real, naquele momento, ganharia tons de continuidade e passos à eternidade.
Ser o melhor jogador do mundo no quesito luta contra o racismo é inegavelmente um feito célebre. A história, porém, ficará ainda mais bonita quando o craque for eleito melhor jogador do mundo também pelo que faz dentro de campo. Merecedor indiscutível de qualquer reconhecimento possível.
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Vinícius José Paixão de Oliveira Júnior. O menino que precisou superar - e precisará continuar o fazendo -leões donos da razão e da moral humana apenas para alcançar seus sonhos. O homem que inspira outros meninos para continuarem seguindo seus sonhos, não importa quantos donos da razão e da moral humana precisem derrubar. O craque que pede passagem para ser melhor do mundo.