Visão da torcida: ‘A torcida do Qatar é do Liverpool, ou melhor, de Salah’

Qataris lotaram o Khalifa Stadium e ovacionam o astro egípcio sempre que ele toca na bola. Porém, os poucos mexicanos dão um show, muito mais barulhentos durante os 90 minutos

imagem cameraQue a torcida do Flamengo entre ciente. Em gramados árabes, Salah é deus, ou melhor, quase um Maomé (Foto: KARIM JAAFAR / AFP)
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Lance!
Enviado especial em Doha (QAT)
Dia 18/12/2019
15:42
Atualizado em 19/12/2019
11:15
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O Estádio Khalifa, diferentemente do duelo entre Flamengo e Al Hilal, quase lotou. Foram 45.416 pagantes (no Mengo passou pouco de 22 mil). Não foi surpresa, já que se tratava de um feriado no Qatar (Dia Nacional, o 7 de Setembro deles), as ruas estavam entupidas, ocorreram cerimônias políticas e religiosas por vários locais da capital e do país e quem estava em campo era o Liverpool, extremamente popular por essas bandas. Seria um final perfeito para a data (por sinal, a final da Copa-2022 será em 18 de dezembro).

Com o jogo iniciado, dava para cravar uma proporção de 35 pró Reds para cada fã dos Rayados. Talvez pela TV essa goleada não tenha sido sentida porque 14 organizadas dos mexicanos colocaram suas faixas ao redor das cadeiras. Era um tal de “Fuerza Rayada”, “Realito”, “La Carrona” pra cá, “Funda Vive”, “Rancho Viejo”, “Nuasteca” pra lá… dava na vista.


Os qataris não escondiam a simpatia pelo time inglês e Mohamed Salah, idolatrado pelos torcedores e ovacionado a cada hora que aparecia nos telões do estádio. Senhores vestidos com a tradicional roupa branca dos muçulmanos se levantavam, senhoras com a vestimenta preta e apenas os olhos de for a aplaudiam. Sem dúvidas, Salah, por esses lados, é a grande atração por essas bandas.

Começou o jogo e os 500 gatos pingados mexicanos valiam por muitos milhares. Juntinhos, faziam mais algazarra do que os 45 mil restantes. Somente eram abafados quando Salah tocava na bola. Aí era um negócio de gritinhos e urros… Mas só durava o tempo que o egípcio participava de algum lance. Dá para assegurar que a chance que o camisa 11 do Liverpool teve no primeiro tempo e parou nas mãos de Barovero gerou muito mais decibéis do que o gol do Liverpool marcado por Keita (com passe de Salah) ou o tento do argentino Funes Mori empatando para os mexicanos. No mais, frieza suíça nas cadeiras.

O segundo tempo foi mais quente no gramado - com boas chances para ambos os lados e placar indefinido até os 45 minutos- e na torcida, afinal, após quatro tentativas frustradas, a turma qatari conseguiu engrenar uma ola (sem o apoio da turma mexicana, diga-se de passagem, nem da família real nas tribunas) que durou uns quatro minutos. Serviu de esquenta para a comemoração final pela dura classificação do time preferido dos árabes para a final com o Flamengo e pela divulgação de Salah como o MVP.

Que os 15 mil rubro-negros tratem de fazer barulho na final contra o Liverpool (alguns foram ao jogo de ontem). Se 500 mexicanos num cantinho do estádio marcaram presença e quase levaram o Monterrey ao sucesso, não se pode esperar pouco da Nação. E que ela entre ciente. Em gramados árabes, Salah é deus, ou melhor, quase um Maomé.

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