Considerado culpado por ter cometido os crimes de organização criminosa, fraude bancária e lavagem de dinheiro ligados a Libertadores, Copa do Brasil e Copa América entre 2012 e 2015, período em que presidiu a Confederação Brasileira de Futebol, José Maria Marin foi condenado nos EUA a cumprir pena de quatro anos de prisão.
A decisão foi concretizada nesta quarta-feira, pela juíza Pamela Chen, da Corte Federal do Brooklyn, em Nova York, que também ordenou o pagamento de multa no valor de US$ 1,2 milhão (R$ 4,9 milhões), além do confisco imediato de US$ 3,35 milhões (R$ 13,6 milhões) das contas do ex-dirigente. A defesa de Marin pediu a redução para 13 meses, utilizando-se dos argumentos de que o ex-dirigente assumiu o cargo máximo da CBF como uma surpresa, após a renúncia de Ricardo Teixeira e não tomava decisões sem Marco Polo Del Nero, com quem partilhava os subornos.
Além disso, foram mencionados a idade elevada e o estado de saúde do réu. Mas a juíza se posicionou contra todos os argumentos da defesa, menos no que diz sobre a idade elevada do ex-dirigente e manteve a pena. Também foi definido que outra audiência será realizada no dia 20 de novembro para se discutir o valor que o brasileiro terá de restituir à Fifa e à Conmebol. A partir desta data, Marin terá duas semanas para recorrer da decisão. Relembre o caso:
Sete dirigentes da Fifa são detidos na Suíça, entre eles José Maria Marin
(27 de maio de 2015)
O Departamento de Justiça dos Estados Unidos, o FBI (polícia federal do país) e a I.R.S (equivalente à Receita Federal) revelaram uma investigação sobre crimes de extorsão, fraudes financeiras e lavagem de dinheiro que teriam envolvimento direto da Fifa. No mesmo dia, a operação prendeu José Maria Marin em Zurique, antes de um congresso da entidade. O ex-presidente da CBF é acusado de receber e repartir propinas num esquema de corrupção. Ele e dez acusados de corrupção são banidos provisoriamente após a ação.
Ex-presidente da CBF é extraditado para os Estados Unidos
(3 de novembro de 2015)
Após cumprir cinco meses de cárcere em Zurique, na Suíça, Marin é extraditado para os Estados Unidos. Em acordo, a Justiça determina o valor da fiança em US$ 1 milhão (R$ 4 milhões) em dinheiro e US$ 15 milhões (R$ 60 milhões) em outras garantias e o cartola passa a cumprir prisão domiciliar em seu apartamento no arranha-céu Trump Tower, localizado em Nova York. É permitido que Marin saia de casa até sete vezes por semana desde que permaneça dentro de um raio de até 3,2 quilômetros do condomínio e esteja acompanhado de um segurança durante todo o trajeto. Por determinação, o cartola fica em Nova York até ser convocado para a audiência na Corte Federal do Brooklyn, onde corre a ação contra ele.
Para ficar em prisão domiciliar, Marin tem que arcar com altos gastos
(5 de novembro de 2015)
Marin tem que pagar empresa de segurança privada durante prisão domiciliar. Ele é vigiado 24 horas diariamente dentro do seu próprio apartamento por um agente da companhia. Câmeras de segurança são instaladas na porta de seu apartamento e em todas as portarias do Trump Tower, prédio onde está preso. Para aguardar em casa o julgamento, até então sem data marcada, Marin pagou US$ 1 milhão (R$ 4 milhões) em dinheiro vivo, ofereceu US$ 15 milhões (cerca de R$ 60 milhões) em bens como garantia de que não vai fugir e passou a usar uma tornozeleira eletrônica. Entretanto, o governo aceitou reduzir a punição e receber de forma imediata o valor de US$ 3 milhões (R$ 12 milhões) e o apartamento em que o cartola está preso em Nova York, avaliado em US$ 2,75 milhões.
Marin apresenta defesa sobre acusação de associação a outros dirigentes
(21 de novembro de 2015)
Marin apresenta defesa prévia na ação em que é reu. De acordo com os advogados do cartola, a acusação não conseguiu confirmar a existência de uma quadrilha que tinha o objetivo de realizar extorsões, argumentando que a Fifa, Concacaf e Conmebol são organizões relacionadas pelo meio de atuação, o esporte, mas isso não prova a existência de um grupo criminoso. A defesa de Marin ainda mencionou que a acusação foi vaga, já que o nome do acusado aparece em apenas sete parágrafos das 236 páginas do documento de acusação.
Investigações chegam à Del Nero e Ricardo Teixeira
(3 de dezembro de 2015)
Lista chega a 16 acusados e o Departamento de Justiça dos Estados Unidos indicia o então presidente da CBF, Marco Polo Del Nero, e o ex-presidente da entidade, Ricardo Teixeira, por crimes de corrupção.
Marin quita multa para continuar em prisão domiciliar aos 45'/2ºT
(4 de dezembro de 2015)
Após depositar o montante de US$ 769 mil (R$ 3,1 milhões) no início da semana, Marin apresentou dificuldade para quitar o valor de US$ 1 milhão (R$ 4 milhões) e poder cumprir a prisão domiciliar, mas depositou os US$ 231 mil (R$ 933.528) restantes no dia 4 de dezembro de 2015, último dia para cumprimento do prazo, e pôde continuar preso em seu apartamento, em Nova York. Se não tivesse conseguido realizar o pagamento na data, Marin corria o risco ser mandado para uma prisão nos EUA. Agora, o cartola precisa entregar uma carta de fiança*
Marin se livra de segurança dentro de casa
(19 de março de 2016)
A defesa de José Maria Marin consegue acordo que o livra da ordem judicial de ser acompanhado por seguranças em tempo integral. Agora, ele tem que solicitar o serviço de segurança particular apenas quando sair de casa, em movimentações que sejam aprovadas pelo tribunal. Marin está autorizado a realizar compras em supermercados, ir à igreja e ao escritório dos seus advogados, além de emergências, como casos de saúde.
Ex-presidente da CBF ganha o direito de sair de casa para passeio
(26 de abril de 2016)
Marin é autorizado pela justiça norte-americana a sair de casa para passeios de até quatro horas por um dia na semana. Até a data, o cartola só tinha permissão para sair acompanhado de seguranças apenas para encontrar seus advogados, participar de audiências e ir ao mercado ou igreja, além de eventuais emergências.
Um ano em prisão domiciliar
(3 de novembro de 2016)
Marin completa um ano de prisão domiciliar após ficar preso na Suíça durante 160 dias e está autorizado a sair de casa até sete vezes por semana, num raio de 3,2km. Ele avalia entrar com pedido para poder sair de casa sem a companhia de um segurança, apenas sendo monitorado pela tornozeleira.
Tribunal nega recurso que tenta anular acusação de formação de quadrilha
(21 de fevereiro de 2017)
Acusado de crime equivalente a formação de quadrilha, Marin tem recurso negado pela juíza Pamela K. Chan, do Tribunal Federal do Brooklyn. A defesa do cartola tentava anular a acusação de associação com outros integrantes da Fifa.
Juíza Pamela Chen aceita pedido de proteção ao juri do caso
(19 de outubro de 2017)
Pamela K. Chen, juíza do caso de Marin nos EUA, aceita pedido da procuradoria, que solicitou proteção ao júri que julgará a denúncia contra o ex-presidente da CBF. Segundo a decisão, os jurados não terão suas identidades divulgadas e ficarão isolados durante o julgamento. A defesa de Marin entrou com recurso para pedir que a juíza não aceitasse o pedido, mas perdeu a causa.
Marin vai para o banco dos réus
(6 de novembro de 2017)
Também acusado pelo recebimento de propinas em negociações de direitos de televisão em edições da Copa América e suborno em contratos da Copa do Brasil, Marin finalmente sentou no banco dos réus no Tribunal do Brooklyn. A primeira fase será de seleção dos jurados. 240 pessoas participam do processo que vai selecionar doze para compor o juri popular, acompanhados de seis suplentes.
Início das argumentações
(13 de novembro de 2017)
Após a seleção dos jurados, são iniciadas as argumentações iniciais dos promotores e advogados de defesa dos réus José Maria Marin, o ex-presidente da Conmebol, Juan Angel Napout, e o ex-presidente da Federação Peruana de Futebol, Manuel Burga. Ambos afirmam ser inocentes. Diante da acusação de sete crimes, sendo três de fraude, três de lavagem de dinheiro e um por formação de quadrilha, a defesa de Marin argumenta que não existe provas de que ele tenha cometido os crimes que constam na acusação, além disso, garante que a evidência contra o réu são fracas.
Marin é considerado culpado e vai para a prisão
(22 de dezembro de 2017)
Após a fase de análise das provas, realizada no início do mês, finalmente chega o dia da sentença de José Maria Marin, que foi considerado culpado de seis das sete acusações de crimes do "Fifagate". Apesar de ter sido inocentado do crime de lavagem de dinheiro, o ex-presidente da CBF foi condenado por três crimes de fraude financeiras na Copa América, Libertadores e Copa do Brasil, dois de lavagem de dinheiro, na Copa América e Libertadores, e um por formação de organização criminosa. No mesmo dia, o ex-presidente da Conmebol, Juan Angel Napout, também foi condenado. Ainda no julgamento, a juíza Pamela Chen aceitou o pedido da promotoria, que solicitou que os dois chefões do futebol encerrem a prisão domiciliar para serem levados à prisão federal ao deixarem o tribunal. O período da pena ainda será definido pela juíza responsável pelo caso. Não há prazo para a decisão.
Divulgação da sentença é marcada
(11 de janeiro de 2018)
Responsável pelo caso de Marin, preso desde o dia 22 de dezembro de 2017, a juíza Pamela Chen, anunciou que divulgará a sentença do brasileiro no dia 4 de abril. Após o julgamento que durou cerca de seis semanas, a própria juíza avaliou a redução que a pena poderia ter devido a idade do réu, mas, de acordo com o Estado de São Paulo, ela disse que, pelos seus cálculos, Marin ficaria preso por dez anos.
Data de divulgação da sentença é alterada
(Abril de 2018)
Inicialmente marcada para o dia 4 de abril, a divulgação da sentença de José Maria Marin foi adiada para o dia 30 de maio e, em seguida, para o dia 17 de agosto. A defesa do brasileiro havia solicitado a revisão da condenação ou um novo julgamento no último dia 22 de janeiro, mas a juíza Pamela Chen não acatou. Também condenado no "Fifagate", por três crimes de corrupção no futebol, o ex-presidente da Conmebol Juan Angel Napout teve sua sentença adiada para o dia 29 de agosto.
Documento revela pedido da procuradoria por 10 anos de prisão
(15 de agosto de 2018)
No dia 15 de agosto, o GloboEsporte.com revelou um documento em que o Ministério Público, por meio do procurador Richard Donoghue, solicitou uma pena de dez anos de prisão para o ex-presidente da CBF pelo envolvimento em seis crimes de propina que movimentaram aproximadamente US$ 6,5 milhões (aproximadamente R$ 26,2 milhões). Porém, o veredito só será dado no dia 22 de agosto.
Marin é condenado a quatro anos de prisão e pagamento de multa
(22 de agosto de 2018)
Aos 86 anos, José Maria Marin foi condenado pela juíza Pamela Chen a cumprir quatro anos de prisão pelos crimes que cometeu entre 2012 e 2015, período em que ocupou o cargo de presidente da CBF. Além da pena, Marin teve US$ 3,35 milhões (R$ 13,6 milhões) confiscados e será obrigado a pagar multa de US$ 1,2 milhão (R$ 4,9 milhões). A partir desta data, o ex-dirigente brasileiro terá duas semanas para recorrer da decisão. Além disso, uma nova audiência será realizada no dia 20 de novembro para definir o valor que Marin terá de restituir à Fifa e à Conmebol.
*Uma garantia dada por um banco de que o réu tem esse dinheiro