Nova história? Ado Souza luta para escrever página vitoriosa no Bangu
Às vésperas de comandar equipe diante do Vasco, neste domingo, às 16h, ex-ponta da equipe de 1985 fala sobre chance de levar o clube a voos maiores: 'Busco isso há anos'
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A expectativa por levar o Bangu a escrever uma página vitoriosa é ainda mais intensa para Ado Souza. Às vésperas do duelo com o Vasco pela semifinal do Campeonato Carioca, neste domingo, o ex-ponta não esconde que tem, como treinador, uma esperada oportunidade de levar os banguenses a sonhos ainda maiores:
- Depois de tanto tempo, Deus está me dando a chance de levar o Bangu a buscar uma vaga para a final. Acredito que, com a ajuda dos jogadores, que estão muito empenhados, poderemos dar esse presente para a torcida. Estou correndo atrás deste sonho há muitos anos - desabafa o comandante, ao LANCE!.
Ado fez parte de uma geração marcante do Bangu. "Apadrinhada" pelo bicheiro Castor de Andrade, a equipe foi finalista do Carioca e do Brasileiro de 1985 e campeã da Taça Rio de 1987. Porém, uma lembrança ficou amarga para o atual técnico neste período: após o empate em 1 a 1 com o Coritiba no tempo normal, ele desperdiçou o pênalti que custou a perda do título nacional diante do Maracanã lotado.
De volta a Moça Bonita em uma nova função, Ado Souza vê semelhanças entre o atual elenco e o grupo com o qual conviveu há mais de três décadas:
- Todos estão muito animados com a chance de fazer história no clube. A gente vê muita garra, muito brio neles. O elenco está muito confiante depois de tudo que passei para cada um.
'Deus me deu a chance de fazer o Bangu buscar vaga para uma final'
O técnico mostra tranquilidade com relação ao duelo com o Cruz-Maltino no Maracanã. Aos seus olhos, o fato de estar em desvantagem na semifinal não intimida o elenco, em especial porque a equipe já conhece bem o adversário:
- A gente está acostumado com dificuldades. Sabíamos que íamos ter este desafio na reta final de enfrentar um time que joga pelo empate. Mas já enfrentamos o Vasco em outras duas oportunidades, sabemos que é um time bom, um bom treinador... - enumerou para, em seguida, alertar:
- Mas vamos com nosso sonho em primeiro lugar, que é chegar à final.
'VOLTAMOS A TER ALEGRIA': A EUFORIA ENTRE OS BANGUENSES
A chegada do Bangu à semifinal do Campeonato Carioca vem mudando o ambiente também no bairro da Zona Oeste do Rio de Janeiro. Prestes a comandar a equipe no confronto com o Vasco, o técnico Ado Souza crê que a torcida será um trunfo a mais para o elenco, que traz destaques como Jefferson Paulino, Jairinho e Anderson Lessa:
- Eu vejo a alegria de novo no semblante das pessoas do bairro. Acredito que eles estão querendo muito ajudar a gente neste Carioca. Precisamos muito deles para chegar à final. Nós contamos demais com a torcida para ganharmos o jogo.
Lidando com a nova ascensão banguense, Ado tenta amenizar algumas saudades de pessoas com quem trabalhou em seu período como jogador:
'Colocamos na cabeça deles (do elenco do Bangu) que a gente podia chegar à final'
- Só falta o Castor (de Andrade), que nos ajudava sempre em tudo que precisávamos dentro e fora de campo. Mas o atual presidente (Jorge Varela) está fazendo de tudo para que a gente faça uma nova história e que o Bangu consiga voltar a ganhar o Carioca. Também estou sentindo saudade de conviver com o Marinho, meu colega como jogador.
O treinador contou o que tem pesado no dia a dia com o elenco do Bangu para chegar ao ponto de disputar a semifinal do Carioca:
- A união e o trabalho dos jogadores. Colocamos na cabeça deles que a gente podia chegar, e estamos muito perto. Agora, vamos à luta, para conseguir o que a gente almeja.
ADO SOUZA: SÍMBOLO DE UM RESGATE DA HISTÓRIA DO BANGU
O nome de Ado Souza no Bangu coincide com um período muito simbólico para o clube. O ponta fez parte da geração montada por Castor de Andrade (dirigente que estava no clube desde o título carioca de 1966, mas ganhou destaque nos anos 80).
Alçado como "patrono" banguense, o magnata passou a investir em jogadores de qualidade e fez com que a equipe, na década de 1980, voltasse a ganhar notoriedade tanto no cenário carioca quanto nacional:
- O Castor era um "mecenas". Dava condições para nós em todos os sentidos, para que tivéssemos conforto, estarmos tranquilos. Era um paizão, um amigo para a gente - relembrou Arthurzinho, ex-meia e contemporâneo de Ado, ao LANCE!.
Além de estrelas identificadas com o clube como Marinho, Ado e Gilson Gênio, passaram pela equipe banguense neste ciclo nomes como Mauro Galvão, Neto e Paulinho Criciúma.
Neste período, o Bangu também passou a ser um forte candidato ao título carioca de 1983. Por ter maior número de pontos, a equipe entrou no Triangular Final ao lado de Flamengo e Fluminense, mas perdeu fôlego na disputa.
- A gente lutava muito, se fosse em pontos corridos a gente ganhava aquele Carioca, mas paciência... - lamentou Arthurzinho.
Dois anos depois, o Alvirrubro chegou a fazer o jogo decisivo contra o Tricolor das Laranjeiras. Mas acabou derrotado por 2 a 1, em jogo para lá de polêmico:
- Teve aquele maldito pênalti do Vica em cima do Cláudio Adão que o (José Roberto) Wright não deu - recorda o ex-meia.
Ainda em 1985, aconteceu o ápice da história banguense. Após despachar favoritos nas fases anteriores e eliminar o Brasil de Pelotas na semifinal, o Bangu lotou o Maracanã para decidir o Brasileirão contra o Coritiba. Mas, mesmo "reforçado" por torcidas dos quatro grandes do Rio, o time amargou a derrota nos pênaltis.
Atual treinador, Ado chutou sua cobrança para fora e o Coxa calou o Maraca.
- Foi nossa chance de fazer história com o Bangu, mas não tivemos sucesso, veio esse vice-campeonato.
Já na Libertadores de 1986, a equipe fez feio: caiu em último do grupo que tinha Coritiba e os equatorianos Barcelona e Deportivo Quito.
'Foi uma chance de fazer história, mas não tivemos sucesso', diz Ado sobre final do Brasileiro de 1985
Só em 1987, o Bangu deu sua esperada volta olímpica. Tendo no elenco nomes como Mauro Galvão, Toby, Arthurzinho e Ado, a equipe derrotou o Botafogo por 3 a 1 no Maracanã.
Atual treinador banguense, Ado Souza exalta a conquista, mas revela certa frustração com a sequência do Carioca:
- Tínhamos união, hombridade, queríamos fazer história pelo clube. Foi uma pena que me venderam um pouco antes do fim do Carioca. Queria sair naquela época com o título. Mas agora vou batalhar para o Bangu lutar até o final.
Após um período bastante instável (em especial depois que Castor de Andrade se afastou do clube, devido ao cerco da polícia), o Bangu volta à cena. E Ado Souza mostra confiança na equipe sobre o duelo de logo mais, contra o Vasco:
- A equipe já está ajustada, já jogamos dois jogos contra o Vasco, e nesta partida quem errar menos é que vai sair vencedor.
Neste domingo, o palco do Maracanã reserva uma chance e tanto para Ado Souza ter sua redenção.
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