Um mês e muitas idas e vindas: Campeonato Roraimense começa neste sábado repleto de histórias
Com cinco times, 'catadões' e todas as partidas disputadas em um estádio só, edição mais curta da história da competição 'imprensa' datas para não atrapalhar clubes na Série D
- Matéria
- Mais Notícias
A duração será semelhante à de Copa do Mundo. Mas a edição de 2021 do Campeonato Roraimense fará com que os cinco participantes encarem uma verdadeira maratona. Com todos os jogos marcados para Estádio Canarinho (fato que não acontecia na competição há 14 anos), série de "catadões", datas próximas e desistentes, enfim, a bola começa a rolar neste sábado para a disputa que promete ser a mais curta da história da competição.
Secretário da Federação Roraimense de Futebol (FRF), Dakson Leal detalhou o desafio de bater o martelo quanto ao início da competição. O Roraimense estava previsto para começar em março mas, depois, migrou para abril. Posteriormente, foi batido o martelo quanto ao dia primeiro de maio como a data da rodada inaugural da competição, que será em dois turnos.
- Nosso objetivo é fazer com que as datas do Estadual não avancem até a disputa da Série D, na qual nossos representantes têm destaque nacional. Mas agora neste ano, enfrentamos esse desafio da "segunda onda" da pandemia. O que aconteceu no Amazonas (o surgimento de uma "variante brasileira" e um surto de Covid-19 em fevereiro) ecoou muito aqui, com superlotação de hospitais, migração muito grande... Esperamos as coisas ao menos amenizarem e nos reunimos com os clubes para planejar o campeonato - disse ao LANCE!.
Leal contou sobre o intervalo de 48 horas entre algumas rodadas.
- Isto foi decidido pelos clubes. Além de dois participantes estarem na Série D, outros não tinham como manter o elenco por mais dois, três meses e queriam começar e terminar o Estadual. Por isto, seguimos o que a CBF disse sobre a diminuição do intervalo mínimo entre jogos para a edição deste ano. Estamos nos adaptando a estas situações. - afirmou.
Relacionadas
NA BUSCA PELO HEXA, SÃO RAIMUNDO É O ÚNICO QUE JÁ ATUOU EM 2021
Pentacampeão roraimense, o São Raimundo conta com novos fatores para despontar como favorito. Além da boa estrutura, o Mundão foi a única equipe do estado que já entrou em campo para partidas oficiais. Porém, os dois jogos tiveram gosto amargo. Em 20 de janeiro, pela Copa Verde, a equipe alternativa chegou a abrir dois gols de vantagem, mas acabou superada pelo Galvez-AC por 4 a 3 caiu na primeira fase.
Em 11 de março, a Copa do Brasil trouxe nova decepção. Também no Estádio Canarinho, o São Raimundo, com força máxima chegou a sair na frente sobre o Cruzeiro. Só que a vaga escapou ao ceder o empate em 1 a 1 (que, pelo regulamento, dava a vaga na primeira fase para a Raposa).
Mandatário do Mundão, Sérgio Caranguejo destaca que há uma vasta preparação do elenco. E faz duras críticas quanto à organização do Estadual.
- Devido a nossos compromissos, começamos a treinar em janeiro. Mantivemos boa parte dos jogadores, pensando no Estadual e também para evitar que ele coincidisse com as datas da Série D. Tentei de todas as maneiras reunir os clubes para montarmos o regulamento do Estadual, mas tudo foi se adiando, adiando... - disse.
O dirigente falou sobre como encara um torneio de "tiro curto" como será o deste ano.
- É uma competição de preparação para a Série D. Por mais que estes intervalos de 48 horas tornem o Estadual mais cansativo, os jogadores ganharão ritmo para chegarmos bem à disputa nacional - exaltou.
Mais uma vez à frente do São Raimundo, Chiquinho Viana lamenta a realização do Roraimense feito às pressas. Aos seus olhos, a equipe terá embates mais acirrados devido à "maratona".
- Um Estadual organizado desta maneira dá a impressão de que querem desestabilizar a nossa equipe. Com estes jogos de dois em dois dias, a sensação é que esperou-se um espaço justamente para as outras equipes se reforçarem - e, em seguida, contou como é o planejamento traçado pelo Mundão:
- A Copa do Brasil é o que nos move. Por isto, a competição mais importante para nós é o Estadual, que nos garante o acesso a ela, onde teremos rendimento com premiação. A Série D e a Copa Verde só nos trazem custos - completou.
O comandante destacou qual é o perfil ideal para o Mundão, que abre a competição às 16h, no embate com o Rio Negro.
- Utilizamos atletas que estão há mais tempo com a gente e jogadores que atuam no Norte, pela situação climática e pela intensidade. Costumo falar o seguinte: não vamos ter a técnica refinada do Sul e do Sudeste, mas nós temos que causar desconforto, uma intensidade. Uma correria de forma organizada para que possamos fazer a diferença. Isso que fazemos nos últimos anos nas equipes que costumam ser melhores do que a gente. É isso que todos podem esperar do São Raimundo nas competições nacionais e regionais - declarou.
GAS: EM DUAS FRENTES, TIME DE CARACARAÍ PODE DAR 'NÓ' NO CALENDÁRIO
A temporada tem um gosto de ansiedade para o GAS. O clube de Caracaraí dividirá pela primeira vez suas atenções com a disputa da Série D, uma vez que foi vice-campeão de 2020.
- Conseguimos investimento maior de patrocinadores, chegaram alguns reforços. Teremos um elenco bem mais encorpado pensando nas duas competições. Sentimos especialmente na decisão do ano passado o quanto é importante contar com a quantidade de jogadores, quando pecamos ao perder jogadores por lesão e não tivemos tempo para nos recuperar - e, em seguida, falou sobre a edição que inicia neste sábado:
- Pelo campeonato ter começado mais tarde, tivemos de nos adaptar. Vai acontecer de atuarmos em três partidas em menos de uma semana! É um desafio, mas temos de conciliar neste momento - completou.
Mais uma vez encarregado de treinar o Leão Dourado, Marcos Piter reconhece o quanto será árdua a disputa do Estadual.
- Estamos nos preparando há quase um mês e beira o absurdo este calendário. Teremos quatro jogos em 11 dias. Como é "tiro curto", sabemos que precisaremos de atenção. Não podemos empatar uma e perder outra - alertou o técnico, que encara o Náutico na sua primeira batalha.
Piter também vê no Roraimense um caminho para dar fôlego aos atletas.
- Eu procuro fazer muito treinamento tático e posicionamento, pois sabemos que é difícil, estamos sem ritmo de jogo. Mas dentro da competição, procuraremos nos organizar para darmos sequência no campeonato e alcançar nosso objetivo - e, logo depois, reconheceu:
- É complicado sim, mas temos de esquecer isso aí e procurar entrar em campo para fazer o que a gente conversa. Assim que a gente que fizer a leitura do jogo, vamos ver como podemos surpreender o adversário - completou.
O comandante evidenciou que o GAS tem seu olhar também direcionado para sua primeira competição de nível nacional.
- Vamos ter a disputa da fase preliminar da Série D (os jogos de ida e volta do mata-mata contra o Santana-AP acontecem inicialmente entre o dias 26 e 30 de maio). Uma ida para a final do Estadual já faz a gente se voltar para esta disputa inédita. Levamos o GAS pela primeira vez para uma Série D e queremos que este grupo faça história também no cenário nacional - garantiu.
Contudo, o confronto pode causar dores de cabeça para a Federação. A final do segundo turno está marcada para o dia 27 e o último ato do Estadual, para o dia primeiro de junho.
O secretário da FRF, Dakson Leal, assegurou que tudo será definido com o tempo.
- Não temos como prever quais clubes chegarão à final, seja do segundo turno ou da decisão do Roraimense. Mas, naturalmente, vamos encontrar outras alternativas para definir novas datas - disse.
RIO NEGRO LUTA CONTRA LONGO JEJUM
Adversário do São Raimundo na primeira rodada do primeiro turno, o Rio Negro luta para superar um longo jejum: está desde 2000 sem dar a volta olímpica. Além disto, o diretor de futebol do Galo, Cláudio Santos, contesta a forma como os clubes lutam para entrar em campo.
- O calendário é o que a Federação ofereceu. Nesta pandemia, boa parte dos clubes quebrou. O poder público não patrocina clubes de menor investimento. Não oferecem sequer estádio para treinar. Montar um elenco sem dinheiro é muito complicado - queixou-se.
O dirigente frisou que o clube é outro que deposita as fichas na manutenção de jogadores de 2020.
- Sim, mantivemos alguns atletas e ainda trouxemos de volta de outras competições quatro ou cinco jogadores que já tinham disputado o Campeonato Roraimense no ano passado. O restante é formado por pratas da casa e também por jogadores que vêm do país inteiro, mas tudo com muito cuidado, muita cautela, além de jogadores da cidade que estavam sem clube... - disse.
O técnico Fábio Luiz também regressou ao clube, após uma passagem pelo Manaus.
NÁUTICO E ATLÉTICO RORAIMA 'MIGRAM' PARA SE PREPARAREM
O período de preparação rendeu novas rotas para dois clubes. O Náutico, que medirá forças com o GAS neste sábado às 18h, se concentrou em Praia Grande, na Baixada Santista.
- Na verdade, estamos há 90 dias em Praia Grande fazendo nossa pré-temporada. Vamos para a competição com atletas que já atuaram no Amazonas, no Pará, com passagem por categorias de base de São Paulo... - detalhou o presidente Adroir Bassorici.
O mandatário reconhece que há um contraste financeiro do Alvirrubro, que volta após um ano de ausência no Estadual, em relação aos times mais cotados.
- Nossa folha é mais enxuta. Temos mais dificuldade para buscar patrocínios. Agora teremos de nos adaptar a este formato que se tornou mais curto. A ideia era que a competição começasse em março, depois foi adiando até ficar em um mês de duração - disse.
O Atlético Roraima, que tem folga na primeira rodada, se concentrou em Minas Gerais. O presidente Denner Andrew contou como foi o desafio de fazer a logística em meio a mudanças do calendário.
- O período no qual ficamos em Minas deu espaço para fazermos a preparação. Mas tanto eu quanto o professor Antonino (o técnico Antonino Moreira) fizemos toda a logística para falar com os patrocinadores. Nossa folha salarial é curta - afirmou.
O dirigente também falou como foi formado o elenco do Tricolor da Mecejana.
- Nossa base é feita com parceiros de outros estados, mas alguns vieram de Roraima. Ainda estamos em contato com empresários para fechar o acordo com alguns jogadores - frisou.
DESISTÊNCIA DO BARÉ CAUSA CURIOSO VAIVÉM
O Baré será uma das ausências desta edição do Estadual. O clube, que mantém seu tom de crítica com relação aos jogos serem disputados em meio à escalada da pandemia de Covid-19 (e no ano anterior chegou a fazer um protesto em campo), emitiu em 26 de fevereiro um comunicado no qual saída da competição devido a Roraima "estar no vermelho" quando à crise sanitário. Além disto, se opunha ao retorno até que todos estivessem seguros e vacinados.
Entretanto, o adeus do Índio não gerou dor de cabeça para quem iria atuar. O dirigente do Rio Negro, Cláudio Santos, destacou.
- Fizemos uma parceria com antigos jogadores do Baré Esporte Clube, para que possamos ter mais segurança e garantia no nosso elenco - afirmou.
O Real e o River também desistiram da competição, por questões financeiras.
PROGRESSO 'CONFIRMA' ESTADUAL COM CINCO CLUBES
A projeção de que o Campeonato Roraimense durará por volta de 30 dias ganhou forma devido à atitude do Progresso. Em 8 de abril, o clube anunciou que não disputaria a competição.
Presidente do clube de Mucajaí, José Tarquínio contou o que causou a saída do Estadual.
- Os empresários que iam fazer o elenco do Progresso desistiram do negócio. De última hora, falaram que iam fazer o curso de transferências internacionais da Fifa, o TMS (Transfer Matching System). Achei melhor desistir do acordo - contou.
Tarquínio não se arrepende da saída do clube.
- Em 2018 veio um cara aqui que prometeu "bancar" o nosso elenco e depois sumiu deixando a gente cheio de dívidas que guardo até hoje. Não ia passar por isso. Preferi entrar com o ofício e só disputar o Estadual no ano que vem - ratificou.
O fato da competição ter cinco clubes permitiu as redução de dias da competição. Além disto, uma equipe terá folga a cada rodada.
A preocupação com a escalada da Covid-19 acarretou mudanças do Governo do Estado, que selou acordo com a FRF para disponibilizar testes em membros das comissões técnicas dos cinco clubes participantes, jogadores e profissionais.
- Temos de nos cercar de todas as maneiras para combater esta pandemia. Por isto, o Governo buscará agilizar a testagem, oferecerá a estrutura e a sala de atendimento em relação à Covid-19 - disse Barreto.
Um dos temores é evitar que as equipes se encontrem no vestiário e corram o risco de se contaminarem.
O ESPERADO REGRESSO DO ESTÁDIO CANARINHO
Os holofotes do Roraimense também se voltam para um local muito desejado pelos clubes: o Estádio Canarinho, que desta vez receberá jogos com portões fechados. Diretor do Instituto do Desporto de Roraima (Idrr), Dinaildo Barreto falou sobre a responsabilidade para esta nova etapa. O local, que foi cotado para ser CT na Copa de 2014, acabou descartado e demorou a voltar a ser aproveitado no Estadual.
- Quando recebemos, inicialmente era voltado para partidas de destaque nacional. Agora, após a revitalização feita pelo Governo, temos a responsabilidade de saber como cuidar do gramado. Afinal, estão previstos dois jogos por rodada, em um intervalo de 48 horas. Precisamos de um aparato de como vamos cuidar - afirmou.
Secretário da FRF, Dakson Leal ressaltou com quem fica a missão de deixar o Estádio Canarinho em plenas condições para receber futebol sem risco de propagação de vírus.
- A Federação, juntamente com o São Raimundo, que é participante da Copa do Brasil, do sub-20 e do Brasileiro feminino da Série A2 estão fazendo a manutenção do gramado. Estão com eles o corte, a pintura, outras coisas que precisam - disse.
O mês mais intenso do Campeonato Roraimense promete dar muito o que falar.
Mais lidas
Newsletter do Lance!
O melhor do esporte na sua manhã!- Matéria
- Mais Notícias