As críticas ao calendário do futebol brasileiro se tornaram uma constante nas entrevistas dos treinadores a cada rodada. Na semana passada, após perder Pedro e Gabigol por lesão na vitória do Flamengo sobre o Bolívar no Maracanã, Tite declarou que a sequência de jogos do time está fazendo “o atleta arrebentar” fisicamente. Abel Ferreira, Renato Gaúcho e outros técnicos que atuam no Brasil também já fizeram reclamações públicas na mesma linha.
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Ao Lance!, o diretor de competições da CBF e responsável por montar o quebra-cabeça do calendário do futebol brasileiro, Julio Avellar, diz “entender” a reclamação dos treinadores, mas ressalta que todas as questões legais são respeitadas, sobretudo no que diz respeito ao intervalo entre as partidas. E lembrou que o calendário de jogos é debatido, e aprovado, todos os anos pelos próprios clubes.
Excesso de jogos
- A gente entende essa reclamação do ponto de vista físico dos atletas, mas é cumprido o intervalo mínimo regulamentar [de 66 horas] entre partidas. A gente tem aqui no Brasil os campeonatos estaduais, que é diferente do mundo afora. Mas o calendário é esse, ele é aprovado com os clubes, conversado. Não tem nenhuma regra sendo infringida no desenho do calendário do futebol brasileiro - diz Avellar.
O calendário foi ainda mais impactado pelas enchentes que assolaram o Rio Grande do Sul em maio. Os três times gaúchos na Série A tiveram jogos adiados antes mesmo que o conselho de clubes da CBF decidisse pela interrupção do Brasileirão por duas rodadas, o que tem reflexo até hoje.
- Com essa fatalidade do Rio Grande do Sul a gente fez um trabalho junto a todos os clubes. Aliás, a decisão de parar veio dos clubes, o campeonato foi parado duas semanas por conta de um pedido dos clubes. Obviamente a gente respeita, era necessário naquele momento. E todas as adequações feitas para a reposição de jogos também é um trabalho que a CBF vem fazendo diretamente com as federações e os clubes envolvidos (já visando) o ano que vem - enfatiza o dirigente.
Julio Avellar justificou outra reclamação frequente, essa vinda principalmente das redes sociais, sobre a definição dos horários dos jogos. Nos últimos tempos, a tabela detalhada do Brasileirão tem sido desdobrada apenas para cinco rodadas, e muitas vezes a uma semana do próximo jogo, o que atrapalha a programação de quem quer viajar para acompanhar seu time do coração.
- Não sei se atrasar é a melhor palavra sobre a divulgação da tabela. A melhor seria otimizar a tabela. Por quê? Porque hoje em dia nós temos uma série de competições que acontecem ao mesmo tempo, com Copa do Brasil, as competições da Conmebol, e essas tabelas vão sendo divulgadas conforme a competição avança - pondera Avellar.
- Nós poderíamos divulgar uma tabela do Brasileirão até o final, o papel aceita tudo. Mas a gente teria uma série de trocas ao longo da temporada com a definição dos confrontos [de outras competições], ou quando se determina quais são os jogos que vão passar nas televisões. O que a gente prefere fazer é ir desdobrando as tabelas conforme vão avançando as outras competições, Copa do Brasil, Conmebol Libertadores, Conmebol Sul-Americana. E com isso muda-se menos os jogos em virtude das escolhas do detentor. É bom esclarecer isso, porque na verdade se otimiza mais as tabelas, e não se atrasa as tabelas - considera o diretor.
Calendário do futebol de 2025
No próximo ano, a sequência de partidas deverá ser ainda mais exigente para algumas equipes com a realização do Mundial de Clubes, que ocupará cerca de um mês em meio ao Brasileirão. Flamengo, Palmeiras e Fluminense já estão confirmados na competição. Mas Julio Avellar não quis antecipar quais ajustes deverão ser necessários para acomodar todos os jogos.
- A gente primeiro tem que esperar a Conmebol divulgar o seu calendário do ano de 2025. A gente não tem visibilidade, não foi divulgado ainda. Quando a Conmebol divulgar esse calendário, vamos pegar também o calendário da FIFA e começar a desenhar o calendário do futebol brasileiro. Tem o Mundial que está previsto e ele vai ser inserido nesse calendário. Aí a gente vai fazer os cálculos necessários para poder comportar todas as competições - ressalta o dirigente da CBF.