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Luiz Fernando Gomes: Para que serve o VAR? E a CBF?

'A patuscada do juiz Éber Aquino na expulsão de Dedé pode ser explicada de várias maneiras, menos pela presença da tecnologia no estádio'

Boca x Cruzeiro
Reprodução

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Estas foram as perguntas mais ouvidas nas discussões de futebol desde a desastrada expulsão de Dedé na última quarta-feira na derrota do Cruzeiro para o Boca, em La Bombonera. Críticos da tecnologia e do avanço deliraram. E há dois tipos de críticos ao VAR. Aqueles que, por corporativismo ou conservadorismo – comentaristas de arbitragem na TV, por exemplo – que não querem ver o poder supremo do arbitro contestado, e os românticos que acham que a dúvida e a polêmica fazem parte da essência do futebol, alimentam as paixões que mantém o esporte. De um lado e de outro, a pergunta era a mesma: de que adianta gastar milhões de dólares num sistema sofisticado para acontecer uma lambança dessas?

O VAR foi condenado por um crime que não cometeu.

A patuscada do juiz Éber Aquino pode ser explicada de várias maneiras, menos pela presença da tecnologia no estádio. Não foram, aliás, nem os árbitros de vídeo do alto de sua salinha que alertaram o paraguaio, um autêntico soprador de apito, como definiria o saudoso Mario Vianna (com dois enes) para que consultasse as imagens do lance. Não, foi uma decisão dele fazê-lo. E, apesar de todas evidencias, optar pela expulsão do zagueiro cruzeirense. Algo em que até os jogadores do Boca custaram a acreditar - os argentinos ficaram tão atônitos quanto os brasileiros.

Admitindo-se que seja apenas incompetência, e nada mais imoral, temos um problemão pela frente. O nível dos árbitros no futebol atual, no sul-americano em particular, é muito ruim. E as imagens de vídeo, vale lembrar, não falam por si só. O VAR precisa dessa gente ainda despreparada para funcionar. Seja diante das telinhas, seja no campo com o apito na boca.

Tomar o caminho da tecnologia foi uma decisão importante da Fifa, ainda que tardia. Mas é preciso avançar mais. É preciso treinamento efetivo, é indispensável a padronização rápida das práticas básicas que devem nortear o uso da ferramenta. Sem isso, confusões como a da expulsão de Dedé podem se repetir com uma frequência muito maior do que o tolerável. Talvez seja por isso - certamente falta de dinheiro não é - que a a UEFA ainda resiste em adotar o VAR na Liga dos Campeões ou a Inglaterra na Premier League.

Para muitos, contudo, a decisão do senhor Aquino foi um ato de má-fé. A nota que o Cruzeiro emitiu no dia seguinte ao jogo, assim como os comentários que se viu e leu nas colunas esportivas daqui e de outros países da América, dá um outro enfoque à questão. O futebol brasileiro nunca esteve tão fraco, política e institucionalmente, sem representatividade internacional como nestes últimos anos. Um legado fatídico da dinastia Teixeira cadê ele - Marin presidiário - Del Nero banido.

Abortar esse mergulho rumo ao fundo do poço é a única saída do novo presidente da CBF, o preposto Rogério Caboclo. Aliás, foi ele quem assinou a carta enviada à Conmebol pedindo providências contra a patuscada. Um raro ato em defesa dos cubes brasileiros, diga-se de passagem. O que se apresenta à sua frente é muito claro: ou a criatura rompe com o criador e ao invés de servir-se do poder passe a usar o poder do cargo em prol dos interesses do futebol tupiniquim ou será tragado no mesmo lixo histórico de seus antecessores.

Seria demais esperar que uma entidade como a Conmebol, que não consegue ter um sistema de informação digital eficiente, como mostraram os problemas de escalação irregular de jogadores do Santos e do Boca na Libertadores deste ano e da Chape no ano passado, tivesse competência para operar a tecnologia do VAR. Mas de fato é, no mínimo suspeito, que seja na interpretação de uma imagem, seja na perda de pontos, que só os clubes brasileiros sejam punidos. O que a CBF precisa é ter voz ativa outra vez. Para que a imparcialidade e a justiça se restabeleçam.

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