Desde 2010, cerca de 75 mil haitianos chegaram ao Brasil em busca de uma vida melhor. Além do terremoto que deixou mais de 100 mil mortos, o Haiti vive com a pecha de país mais pobre da América Latina. Assim como na maioria das nações subdesenvolvidas, uma das alternativas para sonhar é através do futebol. E é por este motivo que um grupo de 23 haitianos desembarcou em São Paulo no último dia de 2015.
Estes jovens representam o Pérolas Negras, único time estrangeiro que disputa esta edição da Copa São Paulo de Futebol Júnior, a famosa Copinha. O Pérolas Negras não é apenas um time de futebol, mas um projeto social existente no Haiti desde 2011, criado pela ONG brasileira Viva Rio, atuante no país centro-americano desde 2004.
– Esse projeto veio para suprir uma lacuna de formação no país a longo prazo. O pouco dinheiro que tem no futebol é investido no profissional. Os jovens ficam largados, não tem campeonato. Não são só para ajudar os meninos a buscarem uma nova vida, mas ajudar o próprio futebol haitiano – afirma o brasileiro Rafael Novaes, o treinador do time, ao LANCE!.
Além do futebol, o Pérolas Negras visa a educação. Cerca de 110 jovens moram e estudam no centro de treinamento localizado próximo a capital Porto Príncipe, que abriga quatro campos de futebol.
– As seleções são feitas por peneiras, entre 300 a 600 meninos, e também pelas indicações de escolinhas de futebol parceiras que existem em todo Haiti – diz o técnico.
O convite para disputar a Copinha veio através de uma parceira entre a ONG Viva Rio e o Itamaraty. De acordo com Rafael Novaes, os jovens entraram em êxtase pela admiração ao futebol brasileiro e por estarem encerrando um ciclo.
– Esse time é formado pelos primeiros que entraram na escolinha, em 2011. A gente vê com muita alegria essa oportunidade. Será uma vitrine para nós, uma grande chance para eles – exalta o brasileiro.
O Pérolas Negras estreará neste domingo, às 14h, contra o Juventus, na Rua Javari. Os outros adversários do Grupo 28 são América-MG e São Caetano.
– Os rivais devem ficar espertos. A gente pode surpreender. O futebol haitiano tem como características força e velocidade. Não é papo de treinador, mas destaco muito o conjunto, é forte. Fiquem de olho no Oracius Wilmond, o nosso zagueiro número 4 – promete Rafael Novaes.