Como lembraremos do título paulista do Corinthians daqui a 40 anos? Até hoje ouvimos, assistimos e lemos relatos de 1977. Foi a conquista da libertação. Neste domingo, contra a mesma Ponte Preta, talvez tenha sido a vitória da afirmação. De um clube que é o maior campeão do Estado, tem casa própria e não lembra mais como é ficar na fila. Em 2057, alvinegros contarão onde estavam, com quem viram e como festejaram a primeira final vencida em Itaquera - justamente no 100º jogo da equipe Arena. Com gols de Romero e Marllon, o Timão empatou com a Macaca por 1 a 1 e conquistou o seu 28º título da competição.
Assim como pais e avós contam em detalhes sobre Basílio ter encerrado o jejum de 23 anos, os corintianos de hoje em dia falarão no futuro sobre o passe de Jadson e a finalização do atacante paraguaio. Aos 16 minutos do segundo, no rebote, assim como fez o Pé de Anjo, o camisa 11 se tornou o artilheiro do estádio e fez a torcida soltar o gripo de "é campeão", preso na garganta desde a semana anterior, com a vitória por 3 a 0 no Moisés Lucarelli. Brava, a Ponte descontou aos 38, mas não evitou novo vice.
A Fiel já não sofre como antes, mas segue vibrando como sempre. 46.017 mil pessoas pagaram ingressos para ver a decisão e fizeram com que a Arena batesse o seu recorde de público em jogos do Timão (superando o da festa do hexa brasileiro, no 6 a 1 sobre o São Paulo, em 2015).
Assim como já havia sido nas quartas de final, contra o Botafogo-SP, e na semi, ante o São Paulo, o Corinthians sofreu pouco sustos. Essa, aliás, foi uma marca da campanha da equipe, que ergue a taça sem ter perdido nenhum dos cinco clássicos disputados no torneio. E pensar que o time era apontado como a quarta força dentre os grandes paulistas no início da temporada...
Apesar do gosto amargo de ser coadjuvante mais uma vez de um título corintiano, a Ponte Preta mostrou grandeza e criou lances de perigo, sobretudo no segundo tempo. Daqui a 40 anos é possível que já não usemos TVs, tablets ou smatphones, mas em algum aparelho será possível assistir aos lances de de perigo da Macaca, sobretudo no segundo tempo, quando se abriu mais. Com a vantagem, o Timão administrou a partida, mas poderia ter saído com a vitória se não fosse a bola na trave de Maycon, o chute para fora de Romero, as defesas de Aranha...
Organizado, forte defensivamente e aguerrido, o Corinthians campeão paulista jogou exatamente como prometido por Fabio Carille, que superou desconfianças e garantiu a primeira conquista da carreira como técnico. De quebra, ele ainda acabou com uma hegemonia de Mano Menezes e Tite, comandantes nos títulos vencidos pelo clube nos últimos 11 anos.
Por falar em hegemonia, é bem provável que daqui a 40 anos lembraremos dos anos 2010 como a década corintiana. Este foi o sétimo título do clube no período, juntando-se a um Paulista, dois Brasileiros, uma Recopa Sul-Americana, uma Libertadores e um Mundial. Nada disso seria possível, porém, sem 1977.
CORINTHIANS 1 X 1 PONTE PRETA
Local: Arena Corinthians, em São Paulo (SP)
Data/Hora: 7 de maio de 2017 (domingo), às 16h
Árbitro: Leandro Bizzio Marinho (SP)
Assistentes: Tatiane Sacilotti dos Santos Camargo e Miguel Cataneo Ribeiro da Costa (SP)
Público/renda: 46.017 pagantes/ 2.792.212,60
Gols: Romero (17'/2ºT) (1-0) e Marllon (40'/0ºT) (1-1)
Cartões amarelos: Pablo e Romero (COR); Nino Paraíba, Elton e Clayson (PON)
Cartões vermelhos: -
CORINTHIANS: Cássio; Fagner, Balbuena, Pablo, Guilherme Arana; Paulo Roberto, Camacho (Clayton 18'/2ºT), Maycon, Jadson (Pedrinho 39’/2ºT) e Romero (Léo Jabá 44’/2ºT); Jô. Técnico: Fabio Carille
PONTE PRETA: Aranha: Nino Paraíba; Marllon, Kadu e Arthur; Fernando Bob, Elton e Jadson (Ravanelli – intervalo); Clayson (Lins – 32’/2ºT), William Potkker e Lucca (Yuri – 22’/2ºT). Técnico: Gilson Kleina