WhatsApp-Image-2025-03-27-at-15.14.20-1-aspect-ratio-1024-1024
Thiago Braga
São Paulo (SP)
Dia 17/04/2025
04:10
Compartilhar

As recentes denúncias contra a atual gestão da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), veiculadas pela revista “Piauí”, motivaram o deputado federal Coronel Meira (PL-PE) a tentar investigar as supostas irregularidades na entidade. Para isso, ele pretende criar uma comissão parlamentar e começar a apurar se há problemas na CBF. E o deputado já tem inclusive alguns nomes que gostaria de ouvir.

— O Ronaldo queria ser presidente da CBF e desistiu. Quero ouvir dele porque ele desistiu. E quero dar direito a CBF de se defender, são várias denúncias. É preciso passar a limpo o futebol brasileiro — falou ao Lance!, o parlamentar.

➡️ Siga o Lance! no WhatsApp e acompanhe em tempo real as principais notícias do esporte

Embora não saiba ainda o formato da investigação, o deputado está confiante de que a comissão será aberta.

— Pode ser uma CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito). CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito), tem muitas na fila de espera, mais de sete, todas com as assinaturas necessárias. E deixar para o ano que vem não é bom, por ser um ano eleitoral. Vamos pedir apoio de todo povo para forçar seus deputados federais a assinarem, quem gosta de futebol vai se envolver — explicou o deputado.

Para instaurar uma CPI são necessárias 171 assinaturas, enquanto a CPMI exige 193 assinaturas, entre senadores e deputados, é aberta no Senado, e não na Câmara dos Deputados. Segundo Meira, a proposta já começa a ganhar adesão nos bastidores da Câmara e o parlamentar está empenhado na articulação e coleta de assinaturas para viabilizar o avanço da investigação.

A CPI poderá convocar dirigentes, requisitar documentos sigilosos e promover audiências públicas. A expectativa é que a comissão investigue possíveis atos ilegais da atual gestão da CBF, liderada por Ednaldo Rodrigues, além de esclarecer os bastidores da entidade.

Policial de formação, o hoje deputado chegou a ser comandante do Batalhão de Choque de Pernambuco, tendo trabalhado diretamente no policiamento dos estádios no Recife. A experiência rendeu a ele o cargo de diretor de segurança da Federação Pernambucana de Futebol, que ele diz ter sido uma ocupação sem remuneração, até 2018. Mas essa ligação, segundo ele, confundiu as pessoas. — Disseram que eu era da ‘bancada da bola’. Sou da ‘bancada da bala’ — esclareceu o Coronel Meira, que fez questão de afirmar que não está na Câmara dos Deputados para defender o interesse da CBF.

➡️ Clubes brasileiros caminham para estourar ‘bolha’ financeira com gastos insustentáveis

— É preciso investigar esse escândalo total, mostrando tudo que acontece, o [suposto] envolvimento do Ministro [do Supremo Tribunal Federal] Gilmar Mendes; como o presidente da CBF subiu os salários dos presidentes das federações; as denúncias de que empresários fazem a convocação da seleção brasileira, para valorizar seus jogadores — afirmou.

Um dos argumentos usados pelos dirigentes é de que a Constituição de 1988 define no artigo 217 que há “a autonomia das entidades desportivas dirigentes e associações, quanto a sua organização e funcionamento”. Embora a CBF seja formalmente uma entidade privada, Meira argumenta que sua atuação ultrapassa os limites do setor, afetando diretamente o patrimônio cultural e social brasileiro. Além disso, há indícios de que a Confederação se beneficia de incentivos fiscais, utiliza instalações públicas e firma parcerias com o poder público — fatores que reforçam o interesse público em torno da sua gestão e justificam a abertura de uma investigação parlamentar.

O próximo passo agora será na terça-feira (22), quando haverá uma reunião de líderes na Câmara para tentar pautar a criação da CPMI.

Vale lembrar que essa não é a primeira vez que a CBF é alvo do Congresso. Em 2001, a CPI da CBF-Nike já havia apurado suspeitas de corrupção e favorecimento em contratos de patrocínio. Agora, a nova CPI busca aprofundar a apuração de denúncias que incluem assédio moral, espionagem contra dirigentes e o uso indevido de recursos institucionais para fins particulares.

(Foto: Divulgação/CBF)
Siga o Lance! no Google News