Reunião de pessoas queridas, futebol, reencontros e, principalmente, um brinde à vida! No dia em que a morte de Bussunda completou uma década, amigos e familiares encontraram-se em um pequeno clube no Jardim Botânico, Zona Sul do Rio de Janeiro, para uma homenagem ao humorista, que foi um dos integrantes do "Casseta e Planeta" e também colunista do diário LANCE!.
Um verdadeiro viciado em futebol e rubro-negro fanático, quis o destino que Cláudio Besserman Vianna sofresse um ataque cardíaco durante a cobertura de uma Copa do Mundo, em 2006, na Alemanha.
Para os companheiros de "Casseta e Planeta", a data ficou marcada, por muitos anos, como algo negativo. Porém, eles ressaltam que o evento da manhã desta sexta-feira foi exatamente a cara de Bussunda: animado e com um ótimo astral.
- A gente busca lembrar com alegria. Hoje, reunimos amigos que não víamos há muito tempo e queríamos fazer uma homenagem "para cima", não em clima de tristeza. Houve uma tristeza enorme com a perda dele, mas queremos lembrar dele com alegria - disse Hélio de la Peña
Marcelo Madureira, por sua vez, salientou que o dia traz más recordações, mas ressaltou, por outro lado, a movimentação que Bussunda causa, mesmo após anos da morte.
- É uma data redonda. Em mim, vem um sentimento conflituoso. Dia de hoje me traz pesadíssimas lembranças, mas, ao mesmo tempo, estar aqui com tantos amigos e tantas pessoas que conviveram com a gente é muito emocionante. Veja a capacidade que ele tem! Mesmo depois da morte, consegue reunir tantos amigos. Dez anos depois da morte, reunir tanta gente com o astral legal - afirma.
Claudio Manoel, o "Maçaranduba", que estava na Alemanha com Bussunda, afirmou que este dia já foi envolto a um certo trauma, porém, o tempo ajudou a cicatrizar algumas feridas:
- Claro que a gente foi obrigado a pensar muito sobre essa data e a morte de Bussunda. O tempo é um fator nisso, ajuda a transformar uma perda que foi uma dor imensa em uma possibilidade de relembrar com alegria. Hoje, é mais fácil para a gente fazer uma reunião de pessoas que não vemos há maior tempão em um evento em nome dele. Hoje, parece que está mais diluído entre outras coisas. Durante muitos anos, esse dia foi importante, foi o dia em que tudo acabou na nossa relação com ele. Foi um dia traumático, mas a gente consegue olhar para trás e lembrar que tiveram outras coisas e muito boas.
E como não podia deixar de ser, o Tabajara Futebol Clube foi o principal tema do encontro, tendo camisas, bandeiras e as cores roxo e amarelo em diversos locais. E quem já tentou passar ensinamentos ao Tabajara, o "Pior time do mundo", foi ninguém menos que Zico. Um dos maiores ídolos de Bussunda, o Galinho também marcou presença e lembrou com carinho do humorista.
- Eu fui lá dar umas aulas a eles, mas ele não aprenderam nada, né?! (risos) Mas foi muito legal ter participado do programa. Rimos e nos divertimos bastante, principalmente nos bastidores, quando todo mundo tinha uma história para contar. Mas me lembro que, em 2006, estava na concentração com a seleção do Japão e vi algumas matérias que mostravam o Bussunda desfilando pela Alemanha com a camisa do Japão. Um brasileiro com a camisa do Japão! E fazia aquilo por minha causa. Isso é muito legal - recorda o ex-camisa 10 do time rubro-negro, que, ao lado de Adílio, presenteou Júlia, filha do humorista, com uma camisa do Flamengo.
Segundo os ex-companheiros de Casseta, Bussunda, talvez, era o integrante do grupo que menos precisava das lições. Eles garantem que ele era um atacante habilidoso e que sabia fazer gols, afirmam também que isso não é piada.
- A gente joga bola, sempre gostamos. O Bussunda jogava muita bola. Apesar do corpo avantajado, era habilidoso. Jogava na frente e sabia fazer gols - afirma Beto Silva.
Goleador na vida real e perna de pau com o famoso Marrentinho Carioca, Bussunda fez muita gente rir. Sendo assim, as bolas na rede, risadas e abraços neste 17/6/2016 não passaram de uma justa homenagem a quem tinha a alegria como principal característica.
NO INÍCIO, ERA BOTAFOGO
Para quem se lembra de Bussunda como um autêntico torcedor do Flamengo, saiba que nem sempre o coração do humorista foi rubro-negro. Marcos Besserman, irmão de Bussunda, lembra que, como a disputa Fla x Flu já existia em casa - protagonizada por ele e Sérgio -, quando o caçula chegou restou apenas o Botafogo.
Porém, a relação com o Alvinegro não foi suficiente diante de um jejum de títulos em campo e acabou, fazendo Bussunda migrar para o lado rubro-negro.
- Ele era mais novo. Naquela época, na Zona Sul, de onde nós éramos, era Flamengo e Fluminense que jogávamos tudo, totó, botão... Tudo era Fla x Flu. Depois, quando o Bussunda veio, ele virou botafoguense, porque não podia ser Fla x Flu e o outro time na Zona Sul era Botafogo. Mas ele não aguentou. Naquela época, o Botafogo não ganhava título algum. Ele virou Flamengo em 66, quando foi ver a final entre Flamengo e Bangu, que o Flamengo perdeu por 3 a 0. Depois, o Botafogo foi bicampeão. Você vê que ele já entrou errado na opção - brinca Marcos, que completa:
- Eu e Bussunda éramos, sobretudo, grandes amantes do futebol. Então, assistíamos a tudo que era jogo, desde finais de grandes campeonatos até Segunda Divisão do Campeonato Paulista, por exemplo.
CADERNINHO NA COPA
O gosto de Bussunda pelo futebol era tamanho, que Hélio de La Peña recorda-se até hoje de um caderninho do companheiro de Casseta e Planeta:
- O vício dele em futebol era tão grande, que ele assistia a qualquer tipo de jogo. Mais do que isso, ele tinha até um caderninho onde anotava atuações de vários jogadores de que qualquer time. Na Copa de 2006, ele virou-se para a gente e mostrou um caderninho onde tinha anotação de todos os jogadores de todas as seleções. Impressionante. Mas, com certeza, o vício dele mais nocivo era torcer para o Flamengo.