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Eles quase não tiveram ônibus para a Copinha. Agora querem chegar longe

River-PI foi avisado de que não teria transporte para ir à São Paulo um dia antes de viagem. Após a solução, jogadores encararam três dias de viagem, passando o Réveillon na estrada

River-PI tinha parceria com órgão para receber um ônibus que levaria a delegação à Copinha, mas impasse atrapalhou
imagem camera(Foto: Divulgação/River-PI)
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Lance!
Capivari (SP)
Dia 05/01/2018
10:39
Atualizado em 05/01/2018
15:18

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A Copa São Paulo de Futebol Júnior sempre foi um celeiro de talentos e narrativas incríveis. Na edição atual da Copinha, por quanto, o River Atlético Clube está levando o título no quesito história de superação. O time de Teresina (PI) viveu um drama às vésperas de partir para São Paulo. No último dia 28, um dia antes do embarque, o clube foi comunicado de que não teria mais ônibus para viajar. O transporte seria cedido pela Fundação de Esportes do Piauí (Fundespi), que alegou não ter como pagar a empresa de ônibus por conta do fechamento do sistema de pagamento do Estado em 2017.  O River chegou a publicar no Facebook que sua presença na Copinha estava ameaçada, mas, horas depois, a Fundespi voltou atrás e decidiu bancar o transporte. O elenco então pegou a estrada por três dias, passou a noite do Réveillon dentro do ônibus, mas chegou bem na cidade de Capivari (SP) e estreou com goleada. Ufa!

Coordenador das categorias de base do River, Pingo viajou junto com o elenco e viveu todo o carrossel de emoções dos últimos dias. Em papo com o LANCE!, ele contou detalhes do imbróglio que poderia até ter tirado o clube da Copinha.

- A gente fez o planejamento esperando o ônibus da Fundespi. Foi protocolado em 4 de setembro, estava tudo certo, mas aí a gente sabe que governo, né? Na manhã um dia antes do embarque deu um problema lá. Eles botaram o pé na parede dizendo que não dava tempo de pagar o ônibus, que não podiam. Ficou naquele impasse: vai, não vai... O dono da empresa de ônibus disse que só iria se recebesse o pagamento. Por volta de meio-dia, o secretário falou: "Pode liberar o ônibus, que eu garanto que o governo vai pagar". No último aperto do parafuso, eles acabaram ajudando - comentou Pingo, contando também a correria do clube na busca por um plano B para chegar em São Paulo:

- Cotamos algumas empresas naquela manhã. A mais barata para fazer a viagem cobrou R$ 17 mil. O presidente saiu em busca de parceiros para ajudar financeiramente. Passamos a manhã revendo o planejamento, até a Fundespi autorizar o ônibus. Não deixamos preocupação aos jogadores. Falamos: "Não se preocupem, porque a gente vai de qualquer jeito. Vamos até em ônibus de rodoviária, mas vamos". A gente não iria deixar de ir. Lógico que estávamos preocupados, mas a gente passou tranquilidade ao elenco na hora.

Com a resolução do problema, a viagem que iria sair no plano B por R$ 17 mil, além dos custos com alimentação pelo caminho, foi realizada pelo valor de R$ 9 mil já contando a refeição da delegação e combustível. A viagem começou na noite do dia 29, quase dia 30, e acabou nas primeiras horas do dia 2 de janeiro. Foram 2,6 mil quilômetros de estrada - que de carro, sem parar para descanso e alimentação (algo impensável para atletas), seriam feitos em 31 horas.


- O ônibus só parava no café da manhã, almoço e jantar. Uma hora para comer e dar um trotezinho para não atrofiar a parte muscular. Dormir era no ônibus. No Réveillon a gente estava passando por Brasília, eu acho. Estava dormindo, nem vi (risos). O motorista até falou para a gente parar em algum lugar meia-noite, para jantar, mas no fim decidimos: "Os jogadores vão estar dormindo, vamos se embora (sic)". Nessas viagens longas os atletas querem é descansar. Só no café da manhã é que teve abraço de feliz Ano Novo - disse Pingo.

O River-PI estreou na Copinha na última quarta e, quando a bola rolou, o time mostrou que as dificuldades não abalaram. O Galo goleou o Capivariano, dono da casa, por 3 a 0, e saiu de campo aplaudido pela torcida local. Neste sábado, o time enfrenta o Botafogo, às 11h. O duelo vale a liderança do grupo 13.

- Muitos jogadores do grupo estão com o professor Giva (Albuquerque) desde o sub-15. Tem jogador que está jogando a terceira Copinha. A gente também trouxe alguns jogadores do Maranhão e dois paulistas, para fortalecer ainda mais. O elenco está treinando desde fevereiro do ano passado, jogando um ciclo de competições. É um grupo que se conhece bem. Estávamos temerosos pela estreia, por ser contra o time da casa, pela ansiedade, negócio de arbitragem, torcida, mas acabou que deu tudo certo - falou Pingo.

O River é o atual campeão piauiense sub-19. E até onde o time vai na Copinha? Pingo já traçou uma meta para a equipe:

- Nossa pretensão é passar duas fases. Depois vai afunilando e a gente sabe que os times grandes vão chegando fortes. Passando da fase de grupo e um mata-mata, depois é ir o mais longe possível. Mas nosso foco é só no Botafogo agora. Já é um jogo que vale classificação. Vencemos um time bom, mas ainda não ganhamos nada. O técnico do time principal está monitorando direto os meninos aqui, perguntando sobre eles. Um bocado de menino, uns dez, vai incorporar o profissional para jogar o campeonato estadual. Confiamos neles.

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