A luta para o futebol brasileiro recolher seus cacos não deve ficar restrita às consequências econômicas causadas pelo novo coronavírus. O senador Rodrigo Pacheco (DEM-MG) reconhece que o planejamento para esta temporada exigirá fortes desafios para quem está envolvido com as emoções do gramado.
- Os ganhos certamente serão diferentes de outras épocas, e todos do segmento precisam entender isso - afirmou, ao LANCE!.
Contudo, mesmo em meio ao turbilhão mundial, o parlamentar reitera sua confiança de que os clubes brasileiros têm a chance de conseguir uma "grande virada". Responsável por protocolar o projeto Sociedade Anônima do Futebol (SAF) no Senado, Pacheco indica os rumos para a mudança de paradigma nos gramados e alerta para a necessidade das competições nacionais voltarem a se tornar atrativas aos olhos do público.
- Estamos perdendo torcedores para o mercado estrangeiro - afirmou.
LANCE!: Quais são os caminhos para os clubes brasileiros voltarem a se estruturar diante dos tempos difíceis de uma pandemia?
Senador Rodrigo Pacheco: Estamos passando por um momento muito difícil, dos mais desafiadores da história recente da humanidade. Como todos os outros setores, o futebol também sofre as consequências e em decorrência terá de buscar caminhos alternativos para superar a crise. O calendário já foi comprometido. Então, é o momento de se usar a criatividade, a tecnologia e os novos meios de transmissão, e de se buscar novas fontes de arrecadação. Evidentemente, levando-se em conta sempre a segurança dos atletas, de todos os profissionais envolvidos e do público.
L!: Além da ajuda da CBF, está em pauta uma ajuda emergencial na qual os bancos podem socorrer os clubes dos prejuízos causados pelo novo coronavírus. É um caminho válido?
Sim, estão sendo debatidos diversos caminhos, como adiantamento de valores por parte das loterias, entre outras medidas alternativas. Penso que precisamos avaliar todos os cenários, na busca da melhor solução, para ajudar o segmento do futebol e não sacrificar o Estado.
L!: O senhor propôs a criação da Sociedade Anônima do Futebol (SAF). Com quais desafios os clubes-empresas tendem a lidar neste momento?
A Proposição da Sociedade Anônima do Futebol propõe aos clubes um caminho, seguindo as regras do mercado de valores, para a busca de investimentos. E esse novo caminho será fundamental na retomada da atividade pós-crise. Viabiliza aos clubes a possibilidade de se transformarem em uma S/A. Essa é a minha proposta. Agora, independentemente disso, o fundamental é que o Congresso aprove um projeto que mude o paradigma da gestão do futebol.
'É o momento de se usar a criatividade, a tecnologia e os novos meios de transmissão, e de se buscar novas fontes de arrecadação', opinou o senador
L!: Passado este período de pandemia e de recessão, como o clube-empresa pode achar um caminho para atrair investidores?
Será um período difícil para todos, para todo o mundo, mas acredito que com a viabilidade da Sociedade Anônima do Futebol, a novidade irá despertar uma atração no investidor, com um novo mercado. Claro, com o clube que aderir à ideia passando por todas as tribulações que existem em uma S/A, profissionalização, transparência e outros.
L!: Muitas agremiações, inclusive da Série A, já vinham padecendo com problemas financeiros antes do novo coronavírus se alastrar pelo mundo. Crê que este momento difícil também é uma chance dos clubes reagirem nos bastidores?
Certamente, é o momento da grande virada do jogo. Precisamos de um marco regulatório no futebol brasileiro. Como todos percebem, o modelo atual, com raríssimas exceções, já se exauriu.
L!: Como garantir que o futebol brasileiro se torne um produto atrativo?
Hoje o futebol é um grande negócio, é muito mais que um esporte, é uma fonte de entretenimento consolidada e como toda atividade, o futebol brasileiro também precisa ser atrativo. Estamos perdendo jovens torcedores para o mercado estrangeiro. Isso passa por uma série de fatores, como estrutura, segurança, venda de produtos de qualidade e, principalmente, a qualidade do jogo, mas sem perder nossa tradição. Não precisamos imitar o futebol europeu em tudo. Tivemos uma grande Copa do Mundo aqui no Brasil, estádios cheios, um belo espetáculo. Por que não podemos repetir isso aqui nas disputas locais?
Errata: Inicialmente, foi publicado que o senador era do DEM-RJ. Rodrigo Pacheco é um dos representantes de Minas Gerais no Senado Federal. Pedimos desculpas aos leitores.