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Guilherme Moreira
Curitiba (PR)
Dia 18/04/2025
11:03
Atualizado há 9 horas
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As seguidas lesões de Neymar colocam em dúvida a continuidade do meia-atacante do Santos no mais alto nível do futebol. O jogador foi substituído ainda no primeiro tempo contra Atlético-MG, pela quarta rodada do Brasileirão na quarta-feira (16) e não teve uma atualização sobre a lesão na coxa esquerda.

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O Lance! procurou um especialista para tentar entender o momento e os próximos passos de Neymar na carreira. Ricardo Soares, médico ortopedista do Hospital Ortopédico AACD, comentou que existem desequilíbrios musculares depois de uma lesão séria como a do ligamento cruzamento anterior (LCA) e que acredita em uma sequência segura do atleta até a Copa do Mundo de 2026 com a Seleção Brasileira.

- Acredito que o atleta terá condições de sequência segura até 2026. É natural essa oscilação de desconforto muscular em lesões de graus 1 ou 2. É comum que o atleta volte e jogue três ou quatro jogos e tenha que parar ou voltar para somente meio tempo, por exemplo. O retorno é gradual e é importante sempre respeitar a queixa clínica para que o retorno seja progressivo na medida que o paciente tenha conforto. Avalio que há tempo hábil para essa total recuperação e que não tenha problema para a atuação dele na competição de 2026 - avaliou Soares.

No retorno ao futebol brasileiro, Neymar chegou a atuar por sete partidas consecutivas no Paulistão até sofrer dores na coxa esquerda contra o Red Bull Bragantino, em 2 de março, que o afastaram do campo por 42 dias. O Santos e o staff do atleta optaram por um tratamento conservador, e o jogador retornou ao atuar por 53 minutos diante do Fluminense, na terceira rodada do Brasileiro, no domingo, 13 de abril.

A ideia do departamento médico santista foi tratar o edema e fazer fortalecimento muscular para Neymar conseguir ter mais jogos sequenciais. O plano era dar uma progressão em minutos jogados até conseguir suportar uma partida inteira.

Contudo, ao ser titular no confronto seguinte, Neymar sentiu de novo a coxa esquerda frente ao Galo na Vila Belmiro e saiu chorando de campo, aos 34 minutos da primeira etapa - três dias depois de voltar a jogar. O camisa 10 do Santos passará por exames nesta sexta-feira (18) para avaliar a gravidade da lesão.

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Confira a entrevista completa

Neymar passou por uma lesão séria de LCA. É natural ter algumas lesões musculares no retorno?

As lesões musculares ocorrem por desequilíbrio muscular, com pacientes que ficam por algum período afastado por outras lesões, como no caso específico do Neymar, que foi uma lesão de ligamento cruzado anterior que demandou recuperação mais longa. Isso acaba levando a um desequilíbrio na musculatura extensora em relação à flexora, ou seja, o posterior de coxa em relação ao quadríceps. Outros fatores de lesão muscular são por fadiga ou sobrecarga, movimentos ou alongamentos bruscos, traumas diretos e, embora mais incomum no caso de atletas, pode ser causado por posturas incorretas durante treinos.

O diagnóstico é clínico – quando o paciente sente dor aguda, há edema local e certa impotência funcional dependendo do nível – com auxílio de exame de imagem – um ultrassom e ressonância – para classificação da lesão em níveis.

Os retornos dele têm sido precipitados?

O retorno à atividade física depende não só do tempo de recuperação, mas de como o paciente está se sentindo. A recomendação é de que em qualquer sinal de dor ou desconforto muscular, o retorno deve ser postergado. Uma lesão de grau 2, por exemplo, que geralmente falamos de três a seis semanas de recuperação, a variação desse tempo depende muito de como está o sintoma do paciente. Nesses casos, não levamos tanto em consideração o exame de imagem, pois normalmente fazemos um ultrassom ou ressonância de controle na quarta semana para checar a cicatrização, mas se nos testes físicos de movimento, o paciente sente algum desconforto que mostram que ainda não é o momento para se retornar. Por isso, o retorno depende muito da queixa clínica do paciente.

É preciso fortalecer a região e não antecipar a volta? Qual período é ideal para esse tratamento?

O grau 1, que é o mais leve, também conhecido como estiramento muscular, tem a recuperação mais rápida de em torno de uma a duas semanas, em que algumas fibras ficam inflamadas e quase não há nenhum edema local. A retomada à atividade nesse caso de grau ocorre entre 7 a 15 dias, no máximo.

As lesões parciais, de grau 2, já demandam tempo de variação entre 20 a 40 dias, pois já há o rompimento de algumas fibras musculares parcialmente, edema local e dor na palpação. Para esses casos, além do repouso, é necessário um processo de reabilitação física, como fisioterapia.

Há ainda as lesões mais graves, a ruptura completa, onde há ruptura total das fibras do músculo com perda funcional importante em que o músculo para de funcionar, e pode necessitar até de tratamento cirúrgico. Nesses casos é possível palpar e sentir bem essas lesões. Para essas situações, o tempo de recuperação pode levar de dois a seis meses de recuperação.

A maior dúvida é se Neymar vai conseguir ter uma sequência segura até a Copa de 2026. Existe essa esperança e como fazer para tê-lo apto fisicamente e clinicamente?

Acredito que o atleta terá condições de sequência segura até 2026. É natural essa oscilação de desconforto muscular em lesões de graus 1 ou 2, que são as geradas após um período prolongado onde mesmo fazendo reforço muscular e reabilitação. Os movimentos inerentes do esporte, sobretudo os torcionais, ficaram restringidos nesse período, por isso existe uma readaptação dele a esses movimentos de maneira natural. Mesmo que a musculatura seja forte, há um desequilíbrio desses movimentos. Portanto, é comum que o atleta volte e jogue três ou quatro jogos e tenha que parar ou voltar para somente meio tempo, por exemplo. O retorno é gradual e é importante sempre respeitar a queixa clínica para que o retorno seja progressivo na medida que o paciente tenha conforto. Avalio que há tempo hábil para essa total recuperação e que não tenha problema para a atuação dele na competição de 2026.

Neymar deixa o campo em Santos x Atletico-MG, na Vila Belmiro (Foto: Abner Dourado/AGIF)

Neymar acumula quatro anos de tratamento de lesões na carreira

O calvário de Neymar com as lesões acontece desde 2014, quando ainda atuava pelo Barcelona. Desde lá, são 1.446 dias afastados para tratar das contusões. Esse período chega a quase quatro temporadas completas.

Ao todo, Neymar ficou de fora de 249 jogos na carreira. A lesão mais grave foi em 2024, pelo Al-Hilal, ao sofrer a temida ruptura do ligamento cruzado anterior - foram 369 dias até retornar a campo.

Neymar não faz mais de 30 jogos por um clube desde 2021

A saída do meia-atacante do Barcelona para o PSG, onde passou a jogar mais centralizado no setor de criação, culminou em mais lesões e, consequentemente, menos jogos disputados. A última vez que Neymar jogou mais de 40 jogos por um time foi na temporada 2016-17, quando atuou 45 vezes.

Desde lá, o atleta só fez mais de 30 partidas entre 2020 e 2021 ao entrar em campo em 31 oportunidades. Esse número, contudo, aumenta quando são contabilizados os jogos pela Seleção.

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