A polêmica levantada pelo atacante santista Neymar e pelo treinador rubro-negro Filipe Luis envolvendo a bola dos campeonatos Paulista e Carioca, produzida pela Penalty, gerou questionamentos nos torcedores sobre a qualidade do material fabricado pela marca e o impacto no desempenho dos atletas em campo. Entre os jogadores, o tema também gera divergências. O Lance! ouviu ex-craques do futebol para saber suas opiniões diante das declarações do camisa 10 do Santos.
➡️ Penalty reage à crítica de Neymar sobre bola do Paulistão: ‘Certificada pela Fifa’
Sergião, ex-goleiro e campeão brasileiro no Palmeiras em 1993 e 1994, vê uma evolução clara nas bolas usadas e afirma que as competições atuais exigem um material de qualidade. O ex-goleiro não vê sentido em reclamar de um padrão que atende às especificações da Fifa, como os modelos atuais.
- As coisas mudaram para melhor. Os gramados mudaram, os estádios mudaram e tudo se modernizou. Então, em relação à bola de hoje com certeza não tem do que reclamar. Eu acredito que exista diferença e a bola faz a diferença no futebol [...] Os campeonatos exigem uma bola de qualidade e eu não vejo hoje muita ênfase em reclamar de uma bola que, ao meu ver, atende a todas as expectativas - afirmou.
Sobre as declarações de Neymar, Sergião afirma que não vê como uma "desculpa", mas acredita que o atacante precise passar por um processo de readaptação ao futebol brasileiro e, consequentemente, no material fornecido pelas competições no país.
- Eu acho que agora é questão de adaptação, ele está voltando para o futebol brasileiro, onde começou, e sabe como funciona aqui. Neymar é experiente e sabe como deve agir. Acredito que a bola não vai ser um problema. Às vezes, quando o jogador não vai bem, ele coloca a culpa em alguma coisa, mas não é o caso do Neymar - completou.
➡️ Como o fator casa pode ajudar Neymar e o Santos a classificar no Paulistão
Muller, ex-atacante do São Paulo, discorda. Para ele, as bolas usadas nas competições atuais são de qualidade ruim e comparou com modelos antigos, usados para ele na época de jogador. As declarações de Neymar e do técnico Filipe Luis, do Flamengo, estão corretas, na opinião dele.
- As bolas mudaram de qualidade, as de antigamente eram muito melhores. A qualidade da bola da Adidas era imbatível. Não é só patrocínio, as bolas eram maravilhosas, como a Adidas Tango. As [bolas] de hoje são uma porcaria mesmo. O Neymar está certo, assim como Filipe Luís. Muda, sim, e é a mesma coisa que falar com um tenista, eles entendem porque sabem o que estão falando. A gente costuma dizer que a bola não te obedece. O Neymar criticou porque teve coragem e personalidade. Espero que depois dessas críticas a bola do Paulistão melhore - disparou o ex-atacante.
Entenda o caso
A Penalty se posicionou após a fala de Neymar após o clássico contra o Corinthians no Paulistão, o que gerou uma repercussão negativa sobre a qualidade do material. A empresa garantiu a qualidade da bola justificando o certificado de qualidade dado pela Fifa. A entidade máxima do futebol é a responsável por regulamentar as especificações técnicas das bolas de futebol usadas em todo mundo. Há um padrão estabelecido sobre tamanho, peso, composição do material de cada uma delas e até a calibragem, que afeta na elasticidade e trajetória das bolas.
Segundo a Fifa, as peças precisam ter uma circunferência entre 68 e 70 centímetros, garantindo que a bola seja adequada para o controle dos jogadores, dribles, chutes ou passes em campo. O peso precisa variar entre 410 e 450 gramas.
A Penalty garante que segue os parâmetros estabelecidos pela entidade. Em contato com a reportagem do Lance!, a empresa detalhou que o modelo Ecoknit S11 pesa entre 420 e 445 gramas e tem circunferência de 68,5 a 69,5 centímetros. Entretanto, a adequação ao padrão não impediu críticas de jogadores.
- Desde já, com todo respeito à Penalty, a patrocinadora da bola, acho que eles têm que melhorar um pouquinho mais essa bola. Outro dia o Filipe Luís falou e eu concordo. Essa bola é muito ruim e tem que melhorar um pouco mais para ajudar o nosso campeonato - disse Neymar.
A Penalty se manifestou em resposta à declaração e ressaltou que está ouvindo as opiniões dos atletas e treinadores para aprimorar a qualidade dos seus produtos. Por outro lado, afirmou que a Ecoknit S11 influencia para o aumento da média de gols do Paulistão, que saiu de 2,02 em 2024 para 2,4 gols por partida nesta temporada.
- A Penalty e a FPF reafirmam seu compromisso com a qualidade, a inovação e o desenvolvimento do futebol, sempre ouvindo atentamente o feedback de atletas, treinadores e corpo técnico dos clubes para aprimorar seus produtos e garantir o mais alto nível de desempenho - diz a empresa em nota.
Comparação com outras marcas
Atualmente, a Penalty atende quatro competições que usam a linha Ecoknit S11. Além do Paulistão, a empresa fornece a bola para o Campeonato Carioca, Campeonato Paraense e a Copa do Nordeste. O Lance! apurou que todas as competições usam o modelo idêntico, com a exceção da competição regional, que tem apenas um design estático diferente, mantendo as características técnicas.
➡️ Saiba como é feita a bola criticada por Neymar após Corinthians x Santos
A título de comparação, outra marca que fornece bolas para outros campeonatos estaduais é a Topper. A marca argentina atende o Baiano, Paranaense, Gaúcho, Mineiro, Catarinense, Goiano, Cearense, Brasiliense e Mato-Grossense.
O modelo Topper Samba Pro 2024, usado nessas competições, pesa entre 410 e 450 gramas, exatamente a margem estabelecida pela Fifa.