O empresário José Hawilla, dono da Traffic, apresentou gravações na Suprema Corte do Brooklyn, nos Estados Unidos, que ele fez a mando do FBI com o ex-presidente da CBF, José Maria Marin e Kleber Leite, dono da Klefer e parceiro da Traffic em vários negócios.
Na gravação, os dirigentes tratam de pagamento de propinas e de como será feita a divisão de valores entre Marin, Ricardo Teixeira e Marco Polo Del Nero, atual presidente da CBF. Segundo o Estadão, o material foi gravado em 30 de abril de 2014 durante um evento de promoção da Copa América Centenário em Miami.
Nas conversas, Hawilla pergunta a Marin se ele considera que Ricardo Teixeira deveria ganhar o dobro que ele e Del Nero - a divisão era R$ 1 milhão para Teixeira e a mesma quantia para ser dividida entre Marin e Del Nero.
- Eu acho que pelo que já fizemos e estamos fazendo era para chegar para o nosso lado - disse Marin, que se declara inocente no processo, na gravação.
A propina se referia ao contrato de cessão dos direitos de transmissão da Copa do Brasil, de 2013 a 2022.
O julgamento também mostrou gravações com conversas entre Hawilla e Kleber Leite, que com suas empresas dividiam os pagamentos de propinas.
- Hawilla, me desculpa, presta atenção. Com base na nossa amizade, eu passei a vida toda contigo. E eu confio em você completamente. Nunca te questionei nada. Mas você está sendo um tremendo c... Como você desconfia de mim? - reclamou.
A KLEFER SE DEFENDEU ATRAVÉS DE NOTA OFICIAL:
"Em resposta ao depoimento do delator e réu confesso, José Háwilla, a Klefer que obecer estritamente às leis brasileiras na condução dos seus negócios ao longo de trinta e cinco anos de existência, tem o seguinte a comentar:
1 - Quem detinha os direitos e desenvolvia a Copa do Brasil até 2014 era a Traffic. Desta forma, é mais do que óbvio que, se alguma ilegalidade foi cometida, só pode ter sido pela Traffic.
2 - Não reconhecemos e repudiamos as transcrições das alegadas gravações apresentadas. O delator José Hawilla, com a finalidade única de buscar benefício pessoal e para sua família junuto as autoridades norte americanas, tentou produzir provas em conversas telefônicas, em diálogo completamente diferente do que foi transcrito. Os diálogos apresentados são mentirosos.
3 - É mentirosa e irresponsável a denúncia do réu confesso José Hawilla, dando conta de que a quantia de quatrocentos e cinquenta mil dólares, encaminhada pela Traffic à Klefer, tnha como destino o pagamento de propina. A verdade, com documentos em poder das duas empresas, é a que tais valores são provenientes de obrigações contratuais firmadas entre a Klefer Produções e Promoções Ltda e a Traffic Assessoria e Comunicações Ltda.
4 - Para finalizar, o que destrói e joga por terra todas as irresponsáveis e mentirosas acusações do delator José Hawilla, pode ser comprovado, através de documento assinado pelo seu filho, Stéfano Hawilla, CEO da Traffic/Brasil, quando, interpelado pela Klefer, no dia 27 de julho de 2015 sobre as acusações de José Hawilla, responde, afirmando que o pai, vivendo nos Estados Unidos e afastado da empresa há muito tempo, delatava sem o menor conhecimento de causa. A seguir, trecho do documento sobre o qual nos referimos que está na íntegra, à disposição de quem se interessar.
STÉFANO HAWILLA: 'VALE LEMBRAR, AINDA, QUE HÁ UM BOM TEMPO O SR. JOSÉ HAWILLA ESTÁ DISTANTE DA GESTÃO DA EMPRESA E NÃO PARTICIPA DE SUA ADMINISTRAÇÃO, PRINCIPALMENTE NO QUE DIZ RESPEITO À COPA DO BRASIL E OS ASSUNTOS À ELA RELACIONADOS"
5 - A Klefer tomará as medidas legais cabíveis contra tamanhos disparates que afetam moral e eticamente a saúde da empresa, de seus diretores e funcionários, que a todo momento questionam se o Sr. José Hawilla resistiria a um teste de sanidade mental."