Influencers crescem no cenário esportivo após contratação de MC Livinho pelo São Caetano
Medida vem sendo adotada por clubes de menor expressão e cada vez mais são usadas como estratégias de marketing para o ganho de seguidores
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Pensando em alavancar o marketing digital e movimentar as redes sociais, alguns clubes brasileiros saíram do comum e contrataram celebridades da Internet, mais conhecidas como influencers. No último domingo (18), o São Caetano surpreendeu seus torcedores ao anunciar a contratação de MC Livinho, cantor de funk que tenta carreira de jogador pela terceira vez.
A apresentação aconteceu nesta terça-feira (20), no estádio Anacleto Campanella. Com contrato até o final de 2021, o cantor de 26 anos reforça o elenco do Azulão para a disputa da Copa Paulista, que começa em setembro.
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Apesar deste tipo de contratação ainda causar estranheza nos torcedores, trazer celebridades digitais para gerar engajamento e buscar popularidade principalmente na mídia social tem sido uma postura cada vez mais comum por parte clubes. Na atual edição da Copa do Brasil, o 4 de Julho anunciou o jornalista Lucas Strabko, famoso como Cartolouco, nas vésperas do confronto de volta contra o São Paulo, pela terceira fase do torneio.
Embora o anúncio oficial tenha sido feito pela equipe do Piauí, o youtuber, desta vez, não colaborou com gols, jogadas de efeito ou atuações dentro das quatro linhas. Na ocasião, Cartolouco fez a cobertura em seu canal e gravou vídeos dos bastidores da partida, brincando com os atletas do elenco e interagindo com os torcedores nas redes sociais.
Recentemente, Cartolouco já esteve envolvido em um caso de grande repercussão. O Youtuber foi contratado pelo Resende para a disputa do Campeonato Carioca. De dentro do campo e da rotina do time do Rio de Janeiro, o influencer investiu em vídeos da experiência como jogador profissional em seu próprio canal oficial no Youtube, com média de visualizações ultrapassando 600 mil.
Segundo levantamento da plataforma Social Blade, que contabiliza dados de páginas de redes sociais, o Resende ganhou cerca de 15 mil seguidores no Instagram desde a chegada do jornalista, atingindo a marca de 37 mil no total. Apesar do sucesso na Internet, dentro das quatro linhas o efeito não foi o mesmo, tendo o término de contrato entre as partes em maio, sem atuar em nenhuma partida pelo clube carioca.
Outras atitudes semelhantes aconteceram em dezembro de 2020. O São Bento anunciou Juninho Manella, que tem milhões de seguidores nas redes, com o mesmo intuito de alavancar o marketing. Independente da habilidade com a bola, Jefferson Sales, sósia do Gabigol, apelidado de Gabigordo, assinou contrato com o Nova Cidade, assim como o sósia de Vitinho. O clube, que disputará a segunda divisão do Carioca, pretende que ambos mostrem a rotina de treinos e bastidores do time no dia a dia em uma websérie.
Para Renê Salviano, ex-diretor comercial, marketing e novos negócios do Cruzeiro, e há mais de 20 anos com experiência no mercado, sendo o fundador da empresa HeatMap, todo esse movimento se encaixa em uma verdadeira ação de marketing, que pode beneficiar tanto os clubes quanto os influenciadores.
- É um ato de conexão com determinado público através do perfil de cada influenciador e, por consequência, aumento da base de seguidores dos próprios e dos clubes - explicou o dirigente.
O especialista acredita que o atual modelo de contrato com Cartolouco faz sentido e pode servir de modelo para outros clubes que buscam seguidores.
- Eles possuem experiência comprovada em geração de conteúdo e podem criar em conjunto com o clube inúmeros projetos como webséries, ações nos bastidores de jogo, com fãs e até mesmo cuidar da rede do clube por um dia.
Marcelo Palaia, especialista em marketing esportivo, também acredita que essas ações de comunicação feitas pelos clubes ajudam a atrair mais seguidores para as redes sociais e impulsionam o lado digital.
- Toda a repercussão e engajamento na Internet é importante para as marcas nos dias atuais. Isso é algo que mobiliza as pessoas e o nome dos clubes passam a estar em evidência. Estão sempre em busca de seguidores.
Para as equipes de menor expressão em cenário nacional, o desafio de aparecer com notoriedade, seja nas redes sociais ou na imprensa, é grande. Pensando no aspecto do marketing, é preciso olhar para o outro lado da história e para quem também está envolvido nisso. Aos que dependem do futebol para sobreviver, esse tipo de ação pode não ser vista com boas intenções, seja pelos jogadores, membros da comissão técnica ou até mesmo pela diretoria.
Para Marcelo Segurado, diretor-executivo de futebol, com passagens por Goiás e Ceará, é preciso cuidado com essa nova iniciativa.
- Isso precisa ser levado para o Sindicato dos Atletas Profissionais. Estão desrespeitando um mercado de quem está nessa luta desde seus dez, 11 anos de idade, muitas vezes saindo de casa para buscar um lugar ao sol - declarou.
- Se um departamento deixar de fazer campanha em cima dos atletas, que são as reais estrelas, ele fracassa. E o departamento de futebol também, pois não deu conta de contratar um jogador que possa dar um resultado melhor do que um comediante.
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