Início dos estaduais: de quantas partidas os clubes precisam para atingir o alto desempenho?

Especialistas explicam desafios enfrentados por atletas e equipes no início da temporada

imagem cameraLuiz Araújo, do Flamengo, admitiu não estar na melhor forma física neste início de temporada (Foto: Thiago Ribeiro/AGIF)
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Lance!
Rio de Janeiro (RJ)
Dia 22/01/2025
23:21
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Depois de menos de um mês de férias, o futebol brasileiro já está pronto para mais uma temporada. Com um dos calendários mais cheios dos últimos anos, clubes e atletas tiveram que se adaptar para conseguir retomar as atividades a tempo dos estaduais, que começaram oficialmente na segunda semana de janeiro.

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Enquanto alguns times têm privilegiado a pré-temporada nos Estados Unidos, colocando times alternativos nas disputas dos estaduais, outros concentraram os atletas para treinamentos intensos visando atingir o melhor desempenho possível no menor tempo disponível. Segundo Flávia Magalhães, médica do esporte, especialista em gestão de saúde e performance de atletas, que atua com futebol há mais de 20 anos, o alto nível, entretanto, pode demorar a voltar.

- O tempo necessário para um time atingir o alto desempenho pode variar, mas geralmente, após algumas rodadas (cerca de quatro a seis jogos), os jogadores começam a se adaptar ao ritmo competitivo e o entrosamento da equipe vai melhorando. O desempenho ideal pode levar mais tempo, dependendo do estilo de jogo do time, da intensidade dos treinos e do nível de preparação física e psicológica dos jogadores. A volta do condicionamento vai depender de cada atleta, de como foi o acompanhamento nas férias e manutenção da parte física e antropometria. A idade e lesões prévias também irão influenciar nesse condicionamento físico - explica a médica.

Uma das ferramentas usadas pelos clubes nesta preparação inicial é a fisioterapia. Conhecida por ser usada após os jogos, a prática também pode ser aplicada preventivamente para auxiliar na retomada do desempenho, como explica Anderson Dornelles, fisioterapeuta associado à Sonafe (Sociedade Nacional de Fisioterapia Esportiva e Atividade Física), que atua no Departamento de Ciência, Saúde e Performance do Grêmio.

- A abordagem preventiva se dá através de estratégias voltadas para a manutenção do equilíbrio muscular e articular por meio, principalmente, de exercícios específicos e técnicas de controle neuromuscular que ajudam a reduzir a sobrecarga. Além disso, são utilizadas ferramentas avaliativas periódicas, como testes funcionais para monitorar a evolução individual e identificar estruturas mais vulneráveis que podem se tornar lesões. É fundamental a educação dos atletas também, pois ajuda a reforçar a adesão às boas rotinas que, consequentemente, formam uma base sólida, favorecendo assim a consistência no desempenho de todo o trabalho para o restante da temporada - esclarece o profissional.

- No início do estadual, quando os atletas estão retomando o ritmo competitivo, a recuperação entre as partidas é essencial para manter o nível de performance e reduzir os riscos de lesões. A fisioterapia esportiva utiliza muitos recursos para recovery como, por exemplo, a crioterapia (crioimersão, criocompressão), terapia manual (técnicas de mobilização miofascial, mobilizações articulares passivas, manipulações), compressão pneumática (botas de compressão), eletroterapia (eletroanalgesia, eletroestimulação), laserterapia. Esses recursos ajudam no controle álgico, controle e redução de processos inflamatórios, alívio de tensões musculares e articulares e na potencialização da regeneração tecidual. Também é importante ressaltar o trabalho multi e interdisciplinar, pois não há recuperação física e mental dos atletas sem uma boa qualidade de sono, hidratação e alimentação. É imprescindível a integração com as áreas da nutrição, fisiologia, medicina, preparação física e enfermagem, bem como uma boa comunicação e informação aos atletas - finaliza Anderson Dornelles.

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Raphael Veiga, do Palmeiras, um dos favoritos no Paulistão, um dos principais estaduais do Brasil (Foto: Divulgação / Palmeiras)
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