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Ituano fecha parceria com grupo que almeja ‘mudar o futebol mundial’

Sociedade inovadora com empresa do ramo financeiro tem objetivo de imputar valores ao clube do interior pelos próximos dez anos e levá-lo à disputa da Série A do Brasileiro

Juninho Paulista, presidente do Ituano, explica parceria com grupo em escritório na zona sul de São Paulo
imagem cameraFoto: Marcio Porto
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Lance!
São Paulo (SP)
Dia 22/11/2017
20:11
Atualizado em 23/11/2017
17:51

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- A próxima grande inovação do futebol será impactar o mundo. E é isso que queremos fazer no Ituano. 

A ambiciosa frase proferida em um escritório na região da Avenida Faria Lima, um dos mais importantes centros corporativos de São Paulo, é capaz de fazer o público predominantemente boleiro do esporte mais praticado no Brasil se perguntar: "Quem são esses malucos que acham que podem mudar o futebol?".

Esses "malucos" formam o Grupo Gaia, criado em 2009 inicialmente voltado para o mercado financeiro, e que acaba de firmar sociedade para participar da gestão do Ituano. Campeão paulista em 2002 e 2014, o Ituano, como se sabe, é um clube do interior paulista controlado, desde 2009, pelo ex-meia Juninho Paulista.  E vem dele, do pentacampeão do mundo com a Seleção Brasileira em 2002, a chancela que os empresários contam para dar resposta à pergunta boleira do início.

- Vocês acham que já conquistei tudo? Ainda falta uma coisa. Fazer um futebol melhor - afirma Juninho, em vídeo publicitário exibido a jornalistas nesta semana para anunciar a parceria.

Para "fazer um futebol melhor", Juninho passará toda a comunicação do Ituano, interna e externa, para as mãos do Gaia. A estratégia, seja com campanhas em redes sociais ou ações entre os jogadores e funcionários, está calcada sobre dez valores, que a empresa repete como uma espécie de mantra. Algo como praticar a gratidão, espalhar gentileza, trabalhar em grupo e até sorrir (veja mais abaixo). São conceitos retirados da psicologia positiva, que alguns chamam de auto-ajuda. Ou seja, não passa por acertar a bola no gol, mas por estabelecer uma imagem de empresa saudável. Nada boleiro. 

A parceria foi firmada para os próximos dez anos. Tem objetivos técnicos, como chegar à Série A do Campeonato Brasileiro (o time está sem série para 2018), entre outros, mas as partes querem fugir da necessidade agressiva que se tem por resultados no futebol. A ideia é fazer do Galo de Itu mais que um clube.

- Queremos gerar impacto social. A missão do Ituano será impactar jovens dentro e fora do campo por um grupo melhor. A missão não pode ser ganhar título, porque senão vamos querer ganhar título a qualquer custo, comprando juiz, por exemplo. E não, não vamos comprar juiz - diz João Paulo Pacífico, criador do grupo Gaia.

A partir de dezembro, as ações já poderão ser vistas nas redes sociais do Ituano. Haverá uma campanha "pratique a gratidão", que é o primeiro valor do grupo. Esse direcionamento a assuntos mais caros ao futebol tem como objetivo fazer do clube admirado por além de seus torcedores. A meta é, em dez anos, estar entre os 15 clubes com mais adeptos em redes sociais no Brasil. Para se ter ideia do tamanho do desafio, atualmente o Ituano tem, somados Facebook, Instagram, Twitter e Youtube, 89.742 seguidores (até esta quarta-feira). No último ranking digital dos clubes brasileiros divulgado este mês pelo IBOPE Repucom, que leva em conta essas quatro mídias, o 15º lugar pertence ao Bahia, com 2.606.166 usuários. O Galo de Itu não está nem entre os 40 primeiros. O Flamengo lidera com 19.313.443 usuários cadastrados. 

Em janeiro, o Ituano jogará a Copa São Paulo de Futebol Júnior com novo uniforme, já com valores trazidos pela Gaia confeccionados na camisa. Assim será no Campeonato Paulista, quando o clube terá mais visibilidade ao encarar os grandes do Estado. Ao invés de logomarca, os dogmas estampados na vestimenta rubro-negra.

Para ter participação na administração do Ituano, o Gaia entrou com um aporte financeiro e adquiriu uma porcentagem na sociedade. As quantias não foram reveladas. Há, porém, um limite estabelecido de 20% para a participação do grupo nestes dez anos. O dinheiro inicial não tem restrição quanto à abrangência das áreas investidas. Ou seja, pode ser usado tanto em infraestrutura, ações sociais  quanto em contratações. Para 2018. a aquisição mais notável foi do volante Corrêa, experiente jogador de 36 anos, revelado pelo próprio clube e com passagens por Palmeiras, Flamengo, entre outros. 

- A nossa atividade não vai interferir na parte futebolística. Se deve entrar esse ou não. Vamos dar ferramentas, não queremos passar por cima do trabalho técnico - ponderou Pacífico, o chefe do novo parceiro.

Em 2018, além do Paulista, o Ituano disputará a Copa do Brasil. Será o início de um projeto ousado, que espera quebrar os paradigmas estabelecidos no universo boleiro. Essa é a conquista que Juninho Paulista diz que lhe falta.

Confira abaixo as metas futebolísticas da parceria para os próximos dez anos:

- Série A do Brasileiro
- 4 Participações em fases finais do Paulistão
- Final da Copa São Paulo de Futebol Júnior
- Quartas de final da Copa do Brasil
- Convocação para a Seleção Brasileira de atletas formados no clube
- Consolidação do CT referência nacional

Os dez valores do Gaia
1- Pratique a gratidão
2- Sorria e faça sorrir
3 - Vá além e surpreenda
4 - Viva com garra
5 - Comunique-se sincera e honestamente
6 - Crie valor, gere resultado
7 - Simplifique, faça mais com menos
8 - Fortaleça o grupo, unidos vamos mais longe
9 - Espalhe gentileza, engrandeça as relações
10 - Celebre

Sobre o Gaia
Criado em 2009 pelo empreendedor João Paulo Pacífico, foi inicialmente uma empresa voltada para o mercado financeiro, e depois passou a atuar em outros nichos, tornando-se um conglomerado. Hoje, atua no agronegócio, setor imobiliário, educação e corridas esportivas, entre outros. Seu criado diz já ter operado mais de 14 bilhões no mercado financeiro. Mas por quê o Ituano?

- Porque no clube, pela imagem altamente vencedora e de credibilidade do Juninho já há os valores que praticamos. E não daria para começar isso em um clube dito grande, porque não teríamos a tranquilidade necessária para implementar nossos métodos, dada a pressão por resultados. Imagina nas primeiras derrotas, seria um "fora, gratidão!" - justificou João Paulo Pacífico.


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