A decisão da Justiça do Paraná de colocar na cadeia os baderneiros do Couto Pereira é um marco na luta contra a violência nos estádios brasileiros. Até aqui, episódios assim, em que o gramado e os arredores do estádio foram transformados em verdadeira praça de guerra, depois do rebaixamento do Coritiba para a Série B, em 2009, eram tratados, como regra, de forma branda – quase como uma briga de rua – ainda mais em situações, como aquela, sem vítimas fatais.
A grande diferença, neste caso, foi a identificação e a personalização dos culpados. A culpa sempre foi jogada nas “torcidas organizadas”. E essa generalização da responsabilidade servia como escudo para garantir a impunidade daqueles grupelhos para os quais torcer é apenas pretexto para extravasar sua irracionalidade. Punia-se as Manchas, Raças, Jovens e Impérios da vida, deixando impunes os autores dos atos.
A mudança desse enfoque é um passo fundamental para restabelecer a segurança no futebol. O Ministério Publico paranaense saiu a campo, não cedeu à tentação das medidas midiáticas como a torcida única, a proibição das bandeiras ou a cassação dos registros de torcidas que morrem num dia e renascem no seguinte com outra roupagem mas os mesmos vícios.
Ao contrário, o MP foi buscar na lei – e o que não faltam no Brasil são leis - a forma de punir a baderna. Ao enquadrar os culpados por tentativa de homicídio e não por vandalismo permitiu que fossem a júri popular, como criminosos comuns que são. Se isso retardou o processo, que arrastou-se por sete anos, também permitiu penas mais rigorosas e eficazes, condenações de até oito anos de cadeia em regime fechado.