Antecipar os passos de criminosos na era das fake news está entre os desafios da Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG) na tentativa de evitar tragédias como a do último domingo, quando um homem de 25 anos foi morto e outro acabou baleado durante uma briga entre membros das torcidas de Cruzeiro e Atlético-MG, horas antes do clássico, vencido pelo Galo por 2 a 1, pelo Campeonato Mineiro.
Casos de violência no futebol brasileiro e no mundo se somam a cada semana, e o LANCE! começa a partir desta quarta-feira (9 de março) a publicar uma série de reportagens e ações nas redes sociais discutindo, denunciando e apontando soluções para o problema. É o #LancePelaPaz.
> Editorial #LancePelaPaz: 'Ei, você, brigão do futebol!'
Confusões generalizadas acontecem muitas vezes a partir de encontros marcados membros de organizadas por redes sociais, como WhatsApp, Instagram e Facebook. A frequência cada vez maior desse tipo de ação levou as autoridades policiais mineiras a monitorarem as mensagens trocadas na internet.
A avaliação interna é de que houve avanços nos últimos anos, sobretudo na segurança dos estádios e entornos, além de uma melhoria nos mecanismos de inteligência. O problema é que a velocidade da informação dificulta o controle de encontros agendados por criminosos em locais até mesmo distantes, onde a Polícia Militar não consegue estar presente de imediato.
- Nossa inteligência realiza um trabalho eficaz de monitoramento. Já conseguimos avançar, mas há muita volatilidade nesse processo, com fake news. São milhares de informações que chegam, e muitas não correspondem à verdade. Não é uma das tarefas mais simples, mas estamos mobilizados - afirmou o Tenente Coronel Flávio Santiago, chefe de imprensa da Polícia Militar de Minas Gerais, ao LANCE!.
Ele assegura que a ação antecipatória da PMMG tem evitado problemas graves há muito tempo. Algumas ações têm ampliado a atuação do Estatuto do Torcedor, com o banimento de torcidas nos estádios.
- As organizadas têm inclusive problemas entre elas. Durante anos, as do Cruzeiro se digladiavam. Mas a volatilidade das mídias sociais faz com que elas se encontrem em pontos da cidade em muitos pré e pós-jogos. Isso demanda muito mais esforços, e bem sempre é possível evitar uma ou outra ação violenta, como a do último clássico - afirmou o Tenente Coronel Flávio Santiago, chefe de imprensa da Polícia Militar de Minas Gerais, ao LANCE!.
O torcedor do Cruzeiro Rodrigo Marlon Caetano Andrade, de 25 anos, foi baleado no abdômen durante a confusão no domingo, no bairro Boa Vista, na Região Leste da capital mineira. Ele foi encaminhado a uma Unidade de Pronto-Atendimento, antes de ser transferido para o Hospital de Pronto-Socorro João XXIII. Por lá, passou por cirurgia, mas não resistiu aos ferimentos.
Os vídeos da confusão divulgados nas redes sociais mostram pessoas correndo. Algumas atiram pedras, pedaços de madeira e até uma cadeira. Ainda é possível ouvir rojões e barulho do que supostamente seriam tiros.
> Pai da vítima lamenta e critica organizadas
A PMMG identificou o suspeito de ter realizado o disparo que atingiu Rodrigo. Dois homens que também se envolveram no confronto foram presos, e os investigadores apreenderam uma motocicleta.
- Houve a prisão dos infratores e envolvidos no homicídio. É uma selvageria que atinge o mundo inteiro. Temos relatos no futebol espanhol, inglês, no México. Aqui, tivemos no Nordeste e no Sul. Mas fazemos escolta e todo um trabalho forte, em especial na gestão de massas - afirmou Santiago.
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Nos estádios, tecnologia para detectar criminosos avança
No dia da tragédia, o Mineirão estreou uma tecnologia de reconhecimento facial que promete auxiliar as autoridades a identificar criminosos. A iniciativa do Juizado do Torcedor de Belo Horizonte, em parceira com a empresa de tecnologia Biomtech, inclui um cadastramento dos rostos de quem for flagrado em brigas ou situações de desordem nos estádios da capital. Os infratores serão banidos dos jogos.
A ferramenta foi idealizada em 2019, com o intuito de reduzir o tempo de apresentação de presos no regime aberto, e logo passou a ser planejada para os estádios de futebol. A Biomtech pretende expandir o uso da tecnologia para outros estados brasileiros, bem como reunir em um só aplicativo toda a documentação necessária para ser apresentada nas partidas. Bastará ao torcedor mostrar o rosto e passar pela catraca.