Luiz Gomes: ‘Brigas com os estádios sem torcida desmoralizam a lei da torcida única’
Colunista do LANCE! fala sobre o velho problema que ocorre no futebol brasileiro
Aqueles que defendem torcida única nos estádios, como o Ministério Público e as autoridades de segurança pública de São Paulo e outros estados, tem muito o que explicar depois dos acontecimentos deste fim de semana. Como se sabe, desde que o futebol voltou na pandemia, o público está afastado dos estádios. Não tem torcida única, torcida mista, torcida de jeito nenhum.
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Ora, mas isso não seria suficiente para evitar confusões?
É óbvio que não. Sob a ótica dessa gente, como explicar que, em Campinas, a mais de 100 quilômetros do Morumbi, onde Santos e São Paulo se enfrentaram, uma verdadeira batalha campal entre as torcidas dos dois clubes, com paus pedras, barras de ferro e até armas de fogo interditou por horas no domingo uma das mais importantes avenidas da cidade. Um duelo que mobilizou a polícia e por sorte não terminou e mais uma tragédia.
E em Belém, quase na mesma hora, o Remo venceu o Paysandu por 1 a 0 no clássico paraense na Série C garantindo o acesso à segundona de 2021. Mas ao invés de festa, o que se viu foi uma guerra entre torcedores dos dois times pelas ruas da cidade. Uma briga ainda mais violenta do que a de São Paulo com feridos e a possibilidade de que ao menos uma pessoa morra.
O que os episódios revelam é que, na imensa maioria dos casos, os confrontos que matam não ocorrem nos estádios, mas distantes dali. A determinação de torcida única é apenas um paliativo. Os confrontos continuaram a existir após a adoção da medida, aconteceram de novo com os estádios vazios e vão voltar a acontecer quando o público for de novo permitido.
O que falta às autoridades de segurança pública é inteligência. Confrontos como o de Campinas não acontecem por ação, são agendados, convocados muitas vezes pela internet. Portanto, podem ser detectados. O que falta à Justiça é aplicar penas duras a quem se mete e promove esse tipo de selvageria. Proibir de frequentar estádios é pouco. Precisam ser identificados e punidos, individualmente. Não são torcidas organizadas, são pessoas físicas como nome e sobrenome que precisam ser retirados de vez dos estádios e das ruas.