Nova série tira Adriano de reclusão e traz à tona detalhes da intimidade na trajetória do Imperador

Atacante da Seleção Brasileira na Copa do Mundo de 2006 quebra silêncio e explica a fundo os motivos pela aposentadoria precoce e o silêncio constante 

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Adriano Imperador ressurgiu. Conhecido pela reclusão, o ex-atacante de Flamengo e Seleção Brasileira apresentou oficialmente, na manhã desta terça-feira (19), no estádio do Morumbi, a série autobiográfica que contará sua história em três episódios no serviço de streaming 'Paramount +'.


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Mas o que as pessoas podem esperar de "Adriano Imperador", que entra no ar nesta quinta-feira (21)? O próprio espera ver de uma vez respondidos as dúvidas e anseios que o fizeram pendurar a chuteira precocemente. Largar uma vida de milhões para voltar a morar na Vila Cruzeiro, bairro da zona norte do Rio de Janeiro (RJ) onde ele nasceu.

- As pessoas não veem jogadores de futebol como normal. Na minha época, quando eu comecei, foi mais pesado, digamos assim. Mas a gente tem que saber compreender uma pessoa. Independente do que seja, como atleta ou trabalhador normal, a gente passa pro dificuldades, ainda mais com a perda de um ente querido. Na época eu decidi fazer aquilo tudo porque eu não estava a fim, não estava com a cabeça legal. Ganhava muito dinheiro na época e por isso podia falar "que se dane". Mas minha criação não permitiu - lembrou.

Adriano se refere ao fatídico dia 3 de agosto de 2004, quando perdeu seu pai Almir Leite Ribeiro. Desde então, o ex-atacante se perdeu na carreira. Largou a Inter de Milão, chegou a atuar por empréstimo no São Paulo em 2008 e no ano seguinte acertou sua saída do clube italiano para realizar o sonho de voltar ao Flamengo, onde viveu o último grande momento pessoal: conquistou o título brasileiro de 2009.

- Toda vez que falo sobre ele, começo a tremer. Foi uma pessoa para mim muito importante. Toda vez que falo dele, gaguejo um pouco. É uma pessoa que ainda me faz falta, não como antes pq vamos crescendo , amadurecendo, aquele grande homem me faz muita falta - diz.

A decisão de gravar um seriado autobiográfico surgiu em um show do conhecido grupo de rap Racionais MC's. Uma das produtoras se aproximou de Adriano e plantou a semente, que foi germinando até culminar na realização.

- As pessoas julgam muito. E existem personagens que precisam ser compreendidos. Minha função nesta série foi entender o Adriano dentro de um contexto maior. E trazer para o público essa visão, que eu tive quando me aproximei e conheci sua história. Aprendi que a vulnerabilidade dele é a força, não a fraqueza. Não se ganha sempre. E o Adriano me ensinou isso. É preciso aprender a perder. E ele conseguiu dar esse limite, inteligência emocional absurda, ele conseguiu entender - disse a diretora Suzana Lira.


Conquistando aos poucos a confiança de um personagem notarialmente fechado por natureza, Suzana conseguiu ter acesso a um material inédito fartamente explorado na série: horas e horas de gravações caseiras produzidas pela família de Adriano, ainda em fita VHS, que mostram a evolução do menino da Vila Cruzeiro ao ídolo rubro-negro.

- Questão não é gostar ou não do Adriano. Eu acho que ele é de uma integridade que constrange. No meio do futebol as pessoas mascaram muita coisa, disfarçam. E ele aprendeu isso com a família. Você acha que ele apresenta um personagem. E na verdade ele é emoção à flor da pele, super sensível. Não é isso que a gente espera nesse mundo, do futebol. E esse cara, que é ídolo de todo mundo, com essa sinceridade, ensina muito às pessoas. Não há dinheiro que pague isso.

E como sempre aconteceu em toda a sua vida, Adriano até tenta dar vazão ao ídolo, mas o menino do subúrbio fala mais alto. Fala pouco, mesmo na coletiva, onde aponta o Brasil como favorito ao título da Copa do Mundo de 2022, no fim do ano, pede Hulk e Gabigol no time de Tite... e só. Não esperem o ex-atacante atuando como comentarista, tampouco falando. Não é do perfil dele.

- Acho que quando tiver a necessidade de falar, vou saber o momento. Esse documentário está sendo importante por isso. Realmente sou um cara que prefiro ficar mais tranquilo do que dar entrevista. Esse documentário vai ajudar vocês a me entenderem um pouco. Vou fazer de tudo para tentar falar mais com a imprensa. Mas não quero mais trabalhar com futebol. Tenho minha vida agora.

Vida essa que poderá inspirar muito mais projetos. Nos planos de Adriano, uma produção de ficção que contará detalhes ainda mais profundos da sua vida. Só não peçam para ele participar. Tampouco opinar sobre quem o interpretaria nas telas.

- Tem que ser um morenão bem bonito - brincou.

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