Opinião: E agora, Maracanã?

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O Consórcio Odebrecht está realizando nesta segunda-feira uma série de demissões no quadro de funcionários do Maracanã. O que isso quer dizer? A empresa cansou de acumular dívidas na gestão do estádio e resolveu partir para uma nova estratégia de pressionar o Governo Estadual a mudar o atual contrato.

A decisão da Odebrecht já estava sendo discutida há alguns meses. Oficialmente, a realização da Rio-2016 levará parte da culpa. O Consórcio terá de entregar o estádio para o Comitê Olímpico Internacional (COI) no próximo mês. E ele ficará "bloqueado" até a realização da Paralímpiada, em setembro. Neste período, ficam suspensas inclusive as visitas guiadas (uma das fontes de renda do consórcio) e é proibido expor marcar dos patrocinadores que não sejam olímpicos. Então o Consórcio se antecipa e espera forçar novas rodadas de negociação com Pezão & Cia.

É muito emblemático o movimento de "devolver as chaves do estádio para o poder público". O Governo Estadual, com o 13º salário dos funcionários atrasado, com hospitais fechando as portas por dívidas e fazendo cortes bilionários no orçamento, já disse não ter interesse em reassumir a gestão do Maracanã. E está certo nisso. Agora ou aceita fazer alguns ajustes no atual contrato ou terá de lançar uma nova licitação. E, desta vez, com condições mais claras do que a realizada em 2013. Na ocasião, como muitos devem se lembrar, era permitido, por exemplo, construir centros comerciais no complexo, um item que fazia com que os interessados previssem uma gestão lucrativa. Mas o poder público roeu a corda tempos depois, um aditivo foi assinado e o resultado final está sendo visto agora.

É muito claro que o Maracanã atual é muito melhor do que o Maracanã da Suderj. E não é hora de dar um passo atrás, cedendo aos encantos de ter um "brinquedo moderno" nas mãos de políticos.

Mas a novela está apenas começando. Vamos aguardar os próximos capítulos.

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