Opinião: “A CBF deveria ser refundada”

João Carlos Assumpção, colunista do L!, diz que, aproveitando a onda do indiciamento, o futebol brasileiro tem que ser repensado e as mudanças não podem ser apenas de nomes.

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"O indiciamento de Marco Polo Del Nero e as atenções que agora se voltam tanto para o dirigente quanto para Ricardo Teixeira, também na mira do Departamento de Justiça dos Estados Unidos, é uma boa notícia para o futebol brasileiro, que há tempos vem sendo tratado como se fosse um negócio privado comandado por um grupinho que faz dele o que bem entende sem prestar as devidas satisfações.

O problema, no entanto, é maior que José Maria Marin, em prisão domiciliar nos Estados Unidos, Del Nero e Teixeira. A questão é estrutural.

A CBF deveria ser "refundada" sob outros moldes, se não sempre seguirá nas mãos de um pequeno grupo que trata a Seleção como se fosse um produto privado que lhe pertencesse e não ao povo brasileiro.

Tanto é assim que saiu Teixeira e entrou Marin, seu vice mais velho. Saiu Marin e entrou Del Nero, seu vice mais velho. E Marin passou a ser o vice mais velho de seu companheiro de trabalho, só deixando o posto após a prisão na Suíça. Agora Del Nero se licencia e assume a presidência da CBF quem ele indicou. Só não foi Fernando Sarney porque o político não quer ser vitrine, pelo menos não agora. Sonha com o cargo para 2019...

A CBF deveria ser comandada por um colegiado, com membros do governo e da sociedade civil, representantes de jogadores, técnicos e juízes também, com uma gestão profissional que cuidasse apenas da Seleção e a tratasse como patrimônio público, não privado. E os campeonatos nacionais deveriam ser comandados por uma liga de clubes.

Acho bom que a Justiça brasileira se mexa também, já que as denúncias que atingem nosso futebol não são de agora, tanto que já tivemos há mais de uma década duas CPIs do Futebol que terminaram em pizza. E não pegaram Teixeira, J. Hawilla e outros peixes grandes. Nem pequenos, aliás.

Para melhorar o futebol brasileiro tem que ser repensado e as mudanças não podem ser apenas de nomes. Têm de ser na estrutura, para trabalharmos melhor a base, a Seleção, desmoralizada por negociatas e pelos 7 a 1 do ano passado, e nossos campeonatos também. Sem essa discussão não consigo ver uma luz no fim do túnel. Mesmo com o indiciamento de Teixeira e Del Nero, que se afasta assim da presidência da CBF."

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