Opinião: Discutir se foi ou não pênalti não vai resolver o problema do São Paulo

A polêmica da arbitragem mascarou uma atuação fraca na semifinal do Paulistão

imagem cameraJogadores do São Paulo reclamam com árbitro no jogo contra o Palmeiras (Foto: Marcello Zambrana / AGIF)
unnamed-1-aspect-ratio-1024-1024Tiago Herani
Cria Lab!
Autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, esse texto não reflete necessariamente a opinião do Lance!
Dia 12/03/2025
22:24
Atualizado há 1 minutos
Compartilhar

O juiz soprou o apito final, e as redes sociais, a rádio e a televisão automaticamente se tornaram um grande tribunal com júri e advogados defendendo ou acusando a marcação de pênalti em Vitor Roque, do Palmeiras, aos 45’ do primeiro tempo. O placar magro na semifinal do Campeonato Paulista pode até sugerir que o jogo foi definido por esse lance, mas quem acompanhou os 90 minutos sabe que o São Paulo esteve muito mais longe da classificação.

A pressão na saída de bola que gerou o erro de passe do goleiro Rafael, inclusive, era uma estratégia clara executada pelo Palmeiras desde o primeiro tiro de meta dos visitantes, que não conseguiam encontrar alternativa para sair jogando. Mas isso, claro, vai passar batido nas análises pós-jogo.

Estêvão encaixava marcação individual em Alan Franco, e Vitor Roque em Ferraresi, enquanto Veiga e Facundo subiam nos volantes Alisson e Oscar. Atrás, todos tinham marcação individual, com Calleri recebendo atenção dupla dos zagueiros. Arboleda, propositalmente, era deixado livre por não ser um grande passador e não encontrava opções de passe fáceis o suficiente para convencê-lo a não tentar um lançamento longo para o ataque, que perdeu quase todas pelo alto. 

O Palmeiras esperava a decisão do zagueiro e, se possível, ainda tentava acelerar até o gol, chegando a finalizar com perigo dessa forma. O respiro só existiu nas raras oportunidades que Calleri ou Luciano venceram os duelos individuais, ou quando a bola sobrava para Lucas, sempre em uma sintonia diferente dos demais, acelerar até próximo da área. 

História do 1º tempo de Palmeiras x São Paulo não foi só sobre o pênalti

Depois de tantos lançamentos sem sucesso de Arboleda, Oscar começou a baixar para tentar ajudar na saída, trazendo consigo a marcação de Veiga. Em uma dessas ocasiões, o camisa 23 chamou uma subida de pressão dos companheiros e foi marcar diretamente o recuo de bola para o goleiro Rafael, pressionando-o a dar o passe rápido, para onde Vitor Roque já tinha antecipado. Sim, a história do primeiro tempo não foi só sobre o pênalti.

Talvez seja um desejo intrínseco do ser humano querer reduzir o jogo a um acontecimento. Talvez seja um comportamento influenciado pela maneira como a mídia tradicionalmente lida com o futebol. Por falta de conhecimento ou excesso de sensacionalismo, a tendência é o torcedor colocar a cabeça no travesseiro irritado, sem ter uma visão realista de onde estão os problemas do time.

Zubeldía pode ter tentado algo diferente ao recuar Oscar para jogar ao lado de Alisson. Porém, a ideia de fazer a bola chegar com mais qualidade ao trio de ataque foi rapidamente suprimida pela marcação alviverde. Durante 45 minutos, a estratégia foi assistida, sem tentar uma resolução diferente que forçasse o adversário a se readequar. 

No segundo tempo, a alternativa também não veio. O Palmeiras baixou mais o bloco e deixou o São Paulo manter 67% de posse de bola sem criar uma grande chance de gol. Para não dizer que não levou nenhum perigo, houve uma boa cabeçada em jogada de bola parada. 

Do banco, não vieram propostas diferentes. Ferreirinha primeiro como ala direito para, depois de 10 minutos, se tornar um ponta-direita ao ser desfeito o esquema com três zagueiros. André Silva por Luciano, Sabino por Alan Franco, Igor Vinicius para completar a lateral direita na saída do Ferraresi. A impressão é que a postura do time se manteve, com um futebol pouco criativo e envolvente. O Palmeiras continuou confortável e ainda finalizou mais a gol, mantendo a posse um terço do tempo. 

As decisões de arbitragem fazem parte de um jogo com diversos fatores. Apesar de serem uma boa válvula de escape para externar a decepção de torcedores, não são o bastante para explicar a derrota de um time e se tornam perigosas ao mascarar assuntos mais relevantes.

Facundo Torres, do Palmeiras, disputa lance com Luciano, do Sao Paulo (Foto: Ettore Chiereguini / AGIF)
Siga o Lance! no Google News