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Dia 18/04/2025
00:58
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Esta semana o assunto que assombrou o mundo do futebol foi a história do suposto cartão amarelo tomado por Bruno Henrique a propósito para favorecer apostas de familiares. Muito similar ao suposto caso de Lucas Paquetá na Premier League. Investigações e suspeitas reais sobre atletas profissionais. Paquetá, Bruno Henrique e as apostas esportivas. O que fazer?

Peço sua atenção pra falar do assunto pois tenho “lugar de fala", dado que sou apostador profissional e tipster desde 2017. E acompanhei muito de perto as negociações e a confecção da chamada “Regulamentação das Bets”. Infelizmente, as regras montadas pro negócio das apostas no Brasil ficaram bem aquém do que poderiam ser.

Governo queria somente arrecadar

Talvez você não conheça nomes como Rodrigo Alves, Ricardo Santos, César Júnior, Josué Ramos e Fábio Nettuno. São apostadores profissionais reconhecidos e membros da ABAESP, Associação Brasileira de Apostadores Esportivos, e foram figuras atuantes no processo da regulamentação. Mas eles, como representantes de parte fundamental do setor, não foram escutados devidamente.

Senador Jorge Kajuru (PSB) interroga o tio de Lucas Paquetá, Bruno Tolentino, suspeito de envolvimento em esquema de apostas. (Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado)

O governo federal viu nas Bets a possibilidade de ter uma arrecadação monstruosa em tempo recorde, e era só isso o que importava. Não houve por parte dos nossos legisladores e do nosso executivo uma preocupação séria com o ecossistema do mercado, com os apostadores profissionais e os recreativos, e com o alcance da publicidade das casas de apostas e influenciadores.

O que fazer então?

Essa regulamentação meia-boca que colocou no mesmo balaio apostas esportivas e jogos de azar (cassino, tigrinho, etc), não é proteção suficiente para que casos como os de Paquetá e Bruno Henrique não aconteçam. Tem gente que sugere acabar com as apostas em ações individuais (cartões, faltas, desarmes, finalizações, etc), mas isso também é uma falácia, dado que não adianta proibir no Brasil e seguir sendo permitido em outros lugares. Os eventos são os mesmos para todos os mercados do mundo.

E claro, pessoas propensas a burlar a lei e que querem tirar vantagem, sempre existirão. O futebol já produziu milhares de casos de vantagens ilícitas em contratos publicitários, em venda de jogadores, em direitos de transmissão. O ambiente é propício e a lista é grande. O problema não são as apostas esportivas em si, e sim o uso indevido que supostamente pessoas com vantagens fizeram. Assim como a compra e venda de atletas não é um problema em si, mas mesmo assim dirigentes e empresários lesam os clubes sem perdão em benefício próprio.

E Paquetá e Bruno Henrique e as apostas esportivas não foram os primeiros casos de transgressão dessa modalidade. Nem serão os últimos. Perdemos a chance de incluir na regulamentação uma educação financeira decente, de separar na lei as apostas dos jogos de azar, e de propiciar à população brasileira ferramentas de conhecimento sobre um tipo de investimento que mexe com paixões e transforma vidas, para bem ou para mal.

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