Futebol é ferramenta de paz e instrumento para interromper guerras, como mostra a história: de Pelé na Nigéria à Seleção Brasileira no Jogo da Paz no Haiti; da Trégua de Natal promovida por Inglaterra e Alemanha durante a Primeira Guerra Mundial ao discurso do astro Didier Drogba que parou por anos a Guerra Civil na Costa do Marfim.
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No Brasil, abril de 2023 também tem tudo para entrar para a história: a Associação Atlética Batel, clube de futebol de Guarapuava, município do Paraná da região de Prudentópolis, vai “virar” o FC Mariupol, clube da Ucrânia que parou suas atividades há um ano, quando a cidade de Mariupol foi bombardeada e invadida pela Rússia.
Como um gesto de solidariedade para manter vivo o FC Mariupol – que deixou de existir e tem retorno incerto após perder infraestrutura, estádio e dispensar funcionários e jogadores –, o Batel adotará o nome, uniforme, escudo e bandeira do FC Mariupol.
No último sábado (22), uma coletiva virtual com a participação do vice-presidente do FC Mariupol, Andriy Sanin, e do presidente do Batel, Alex Lopes, oficializou essa parceria histórica. Com a união entre Ucrânia e Brasil, nasce a reconstrução.
Em Prudentópolis, região onde se encontra o Batel, 75% dos cerca de 52 mil habitantes são descendentes de imigrantes ucranianos, de acordo com último levantamento do IBGE – é, portanto, considerada a maior comunidade da Ucrânia na América Latina. Com o conflito na Europa, as cidades da região paranaense receberam muitos refugiados ucranianos, que hoje adotam o Sul do Brasil como nova casa.
- Nosso clube e nossa região têm muita identificação e carinho pelo povo ucraniano. A ideia é ajudar a manter vivo o FC Mariupol, que era um orgulho e a grande paixão da cidade, até que eles possam realmente retornar às suas atividades - disse Alex Lopes, presidente do Batel, clube que também é conhecido pelo apelido de Lobo Solitário.
- Nossa mensagem para o mundo é de paz e apoio à luta pela soberania ucraniana. O futebol era motivo de muita alegria lá e, certamente, no futuro o clube vai voltar a brilhar no lugar que merece - completou.
Historicamente, a Ucrânia sempre abriu as portas e apoiou os grandes talentos do futebol brasileiro. Desta vez, o Brasil vai retribuir ajudando a manter viva a tradição e a paixão da cidade de Mariupol, o que comoveu o vice-presidente do FC Mariupol, Andriy Sanin.
- Estamos muito emocionados e gratos por este acolhimento do Batel. A guerra tem sido devastadora para a nossa cidade. Nossas escolas, teatros e times esportivos foram todos destruídos ou deslocados no conflito. Mas ter esse time no país do futebol, do outro lado do mundo, aceitando manter nosso nome vivo durante esse período sombrio de nossa história, nos deixa sem palavras. É impossível expressar o quanto isso significa para nós - ressaltou Sanin.
O time é o símbolo de resiliência e resistência da identidade do povo e da nação ucraniana. Amistosos e jogos oficiais do Batel com a nova identidade serão transmitidos para a Ucrânia.
Para esse novo momento foi lançado o perfil @FCMARIUPOLLIVES, no Instagram, com o objetivo de proporcionar ao clube ucraniano um recomeço, recuperando todo material digital de sua história e criando novos momentos para o feed. Na bio do perfil do Instagram, haverá o endereço site para que mais pessoas possam conhecer a ação e a história do FC Mariupol.