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‘Pelé tinha ideias fantásticas em campo’, recorda zagueiro do Uruguai na Copa de 1970

Melhor defensor do Mundial do México e presente em lance histórico do 'Rei' na semifinal, Ancheta detalha ao L! amizade que se estendeu a duelos entre Santos e Grêmio

Pelé e Ancheta
imagem cameraÍdolo do Grêmio lembra brincadeira do 'Rei': 'Dizia 'me estragaste o gol'' (Reprodução/Instagram Atilio Ancheta)
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Lance!
Tramandaí (RS)
Dia 01/01/2023
12:28
Atualizado em 01/01/2023
12:52

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A maneira como Pelé inspirou gerações é nítida até ao falar com jogadores que tentaram pará-lo. Zagueiro que marcou época no Grêmio e também defendeu o Uruguai na semifinal da Copa do Mundo de 1970, contra a Seleção Brasileira, Ancheta opinou ao LANCE! sobre o que o "Rei do Futebol", morto na quinta-feira (29), aos 82 anos, deixa como lembrança.

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- O respeito pelo esporte, mas principalmente o respeito pela torcida, pelo público. Foi um jogador que sempre se empenhou ao máximo em campo. Sempre tivemos muito respeito um pelo outro e ele respeitou o próprio esporte que gostou de fazer - disse.

Ancheta recordou alguns momentos nos quais viu Pelé como adversário atuando pelo Santos.

- Desde o período no qual defendi o Nacional (URU), nos enfrentamos e tivemos um respeito mútuo. Sinceramente, por mais que tenhamos na história um Zico, Maradona, Eusébio e, mais recentemente, em Messi, não haverá um jogador igual a Pelé. Ele era um jogador que conduzia a bola e tinha pensamento rápido ao mesmo tempo. Foi sempre um jogador dificílimo de marcar - constatou.

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O ex-zagueiro detalhou como se preparou para tentar conter Pelé quando o Uruguai enfrentou o Brasil na semifinal da Copa do Mundo de 1970.

- Eu recebia muitos conselhos do Emilio Alvarez (zagueiro do Uruguai nas Copa de 1962 e 1966), que havia enfrentado o Pelé em diversas competições. E o Emilio alertava sempre: "Pelé adora jogar futebol, não adianta apelar para a força". Você precisava jogar futebol contra ele porque Pelé era muito técnico, gostava de ser mais rápido que o marcador. Tive oportunidade de jogar também contra Eusébio (Ancheta enfrentou o atacante de Portugal em um torneio na Argentina), mas Pelé foi inegavelmente superior - afirmou o uruguaio, que após pendurar as chuteiras foi técnico e hoje é cantor.  


Ancheta esteve em um dos mais marcantes gols "que Pelé não fez". Após o "Rei do Futebol" receber um lançamento, passou por Mazurkiewicz com um fenomenal drible da vaca e concluiu. O chute, porém, acabou indo para fora.

- O Tostão lançou a bola e o Pelé teve aquela ideia fantástica de dar o drible de corpo no Mazurkiewicz. Só que nesse momento eu tinha corrido para a pequena área, tinha tentar evitar que ele chutasse. Fui o mais rápido que pude. Quando ele viu, quis dar um chute que não desviasse em mim. Na hora que a bola dele veio, quis me atirar. Só a senti passando pertinho do meu calcanhar. Acho que ele não esperava que tivesse alguém no gol. Foi um momento muito importante da nossa história - recordou

A Seleção Brasileira venceu o jogo por 3 a 1 e, pouco depois, conquistou o tricampeonato mundial. Mas esta, que é uma das mais plásticas jogadas feitas por Pelé, ajudou a render momentos de descontração entre o "Rei" e Ancheta.  

- Foi importante para selarmos ainda mais a amizade. Logo depois aceitei a proposta de jogar no Grêmio e nos enfrentamos várias vezes. Quando nos enfrentávamos, ele sempre brincava "me estragaste o gol, me estragaste o gol!". Sempre que nos encontramos ele lembrava de dizer isso, era muito engraçado  - e acrescentou:

- Sempre que dou palestras para atletas no Grêmio, falo sobre isso. Acima de tudo, eles têm de ter respeito pelo adversário, jogar de maneira leal - complementou o uruguaio, que foi eleito um dos melhores defensores do Mundial de 1970.

Ancheta é categórico ao definir o  "Rei do Futebol".

- Pelé era um jogador com ideias fantásticas, que davam um "tchan" ao futebol. Hoje é um jogo com muitos toques, muito combate... É muito difícil ter alguém igual a ele surgindo - garantiu. 

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